Rio de Janeiro, 21 de Novembro de 2024

Devedor mal educado

Fico curioso quando converso com pessoas que estão com seu orçamento organizado e normalmente recriminam àqueles que estão passando pelo processo de endividamento.
 
Claro que na medida em que planejamos as despesas rigorosamente em função de nossa verdadeira capacidade de pagamento, gastando tão somente o que podemos pagar, temos uma chance bem maior de, provavelmente, não fazermos parte do enorme contingente de devedores existente em todo Brasil.
 
Os que agem assim o fazem por auto-educação, disciplina e conscientização adquiridas no meio familiar, profissional, de forma autodidata ou até mesmo por instinto individual.
 
Na verdade nunca fomos educados a fazer contas, receitas, despesas e muito menos planejamento orçamentário.
 
Nossa pedagogia educacional simplesmente ignora que aplicar alfabetização financeira é formar pessoas para saberem lidar com dinheiro, seja pouco ou muito, trabalhar o cidadão em todos os níveis de sua formação escolar para aprender a conviver numa economia tão conturbada cruel e totalmente instável como a que vivemos ao longo de décadas e décadas.
 
Mesmo se fóssemos educados na escola a fazer contas para saber o onde termina o limite do consumo, certamente continuaremos com dificuldades para viver neste verdadeiro CARNAVAL de empréstimos a juros extorsivos praticados no mercado financeiro.
 
Entretanto, o poder de resistência e indignação seria bem maior que a completa passividade da população existente hoje em dia.
 
É impressionante como somos ROUBADOS a todo instante e não se vê nenhuma mobilização em cima desta triste realidade.
 
De qualquer forma, é bom os equilibrados botarem as barba de molho, ficarem cada vez mais rigorosos na elaboração de suas contas e nunca se esquecerem de que existem milhares e milhares de pessoas que hoje são taxados de caloteiros e que viveram durante muito tempo equilibrados mas se tornaram devedores em função do desemprego, de doenças, acidentes, negócios malsucedidos, separação, e juros, juros, juros e mais juros...
 
Como se vê, além de aprender onde não existem educadores, todos temos que além de tudo torcer muito: os equilibrados, para não se tornarem desequilibrados, por estes ou outros motivos acima citados, e os atuais devedores, além de torcer, precisam trabalhar muito para, demoradamente, superar a crise e sonhar que um dia nosso País deixe de ser o país do DEVEDOR MAL-EDUCADO!
 

 

 


 

Crédito:Emanuel Gonçalves da Silva

Autor:Emanuel Gonçalves da Silva

Fonte:Universo da Mulher