Muitos têm a idéia de que a Cirurgia Plástica começou como um meio de reparar defeitos graves e sem objetivos de aprimoramento estético. Mas a verdade é que nos primórdios da Cirurgia Plástica, não havia distinção entre o aspecto estético e o reparador, como distinguimos hoje.
Aliás, segundo a Dra. Deusa Pires Rodrigues, Especialista em Cirurgia Plástica e Membro Efetivo da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, não existia a entidade Cirurgia Plástica.
Segundo a especialista, ao se observar os primeiros relatos, ficamos com a impressão de que o objetivo fundamental nas tentativas de reparação plástica era proporcionar uma melhor qualidade de vida, independentemente do procedimento se destinar a reparação de um nariz amputado, ou à ressecção de tecido gorduroso para diminuição de grandes acúmulos (lipodistrofia) ou ainda a inclusão de materiais alopáticos (sintéticos), para a correção de sulcos, depressões ou tecidos com pouco desenvolvimentos que de alguma forma causava incômodo ao paciente.
Na história da evolução desses procedimentos, há relatos vagos de cirurgias realizadas com tais objetivos desde os tempos mais antigos; inclusive tentativas de inclusão de diversos materiais (pedra, madeira). Evidentemente os resultados eram desastrosos. A partir do século XIX, iniciaram-se tentativas mais sérias e fundamentadas em estudos anatômicos e fisiológicos. Mas o grande avanço para a área de substituição de tecidos, por vaidade ou por reparação foram as pesquisas e a descoberta de materiais sintéticos para correção e substituição, principalmente na face. Então começaram avanços com resultados mais persistentes, inclusive com a introdução de resinas ou polímeros (exemplo: silicone).
As primeiras próteses de silicone surgiram na década de 60. O primeiro tipo foi a de silicone em gel revestida por uma película também de silicone flexível. Posteriormente muitos avanços foram realizados, principalmente com relação ao revestimento, permitindo mais conforto para a paciente e maior durabilidade da prótese. O silicone líquido já foi utilizado na substituição de tecidos moles. Porém com os estudos histológicos, comprovou-se sua capacidade migração (ir para outras regiões do organismo) e seu uso foi abandonado pelos cirurgiões. O silicone líquido foi muito utilizado por leigos com o objetivo de dar volume em determinações regiões, mas até mesmo os leigos têm abandonado essa prática por causa das deformidades causadas.
Dentro das práticas cirúrgicas dirigidas para a estética a lipoaspiração foi a que mais aumentou. Não apenas devido ao aprimoramento das técnicas, mas também pela constatação de que gordura localizada não é eliminada com dietas ou exercícios físicos. Esses fatores aliados com a popularização da Cirurgia Plástica que teve também seu custo reduzido, inclusive com as facilidades de pagamento.
A popularização das cirurgias estéticas deve-se também à ampla exposição na mídia e as mudanças culturais do padrão de beleza ditado pela cultura atual. Cada vez mais as mulheres têm procurado os cirurgiões para o aumento da mama através do uso das próteses modernas. Isso parece ter substituído em parte o uso de outros artifícios utilizados há muito tempo como enchimentos, soutiens com água e óleo, fitas adesivas, etc. Mas o que mais é buscado no consultório da Dra. Deusa, ainda é a que é a Lipoaspiração.
O avanço e a popularização da Cirurgia Plástica também criaram uma falsa ilusão nas pessoas de que tudo pode ser resolvido nas mãos de um bom cirurgião. É comum a paciente solicitar uma alteração para obter um resultado impossível, comenta a especialista. Mas durante a consulta, principalmente de pacientes que objetivam a lipoaspiração ou próteses de mama, percebemos que, à medida que vamos passando as informações ocorrem algumas surpresas ou decepções.
Não é raro, por exemplo, aparecer pacientes que imaginam que a lipoaspiração é capaz (por um passe de mágica) de diminuir o peso corporal ou que a inclusão de próteses de mama possa corrigir a flacidez. Nesses casos, procuro explicar bem o que será feito mostrando fotos com os resultados que são possíveis para trazer a pessoa à realidade e dou uma noção de porcentagem de melhora, sempre enfatizando que haverá uma melhora, mas não alcançaremos este ou aquele resultado que a paciente estava imaginando.
Existem, infelizmente, casos em que a paciente insiste em conseguir uma promessa de resultados, mas falo claramente que é melhor não operar porque certamente ficará frustrada. Muitas desistem e acabam procurando outro cirurgião, com a esperança de alguém realize tais milagres, comenta a Dra. Deusa. Há também muita curiosidade a respeito de qual idade pode ser feita a Cirurgias Estética e por quê. Segundo a especialista, não existe uma idade pré-determinada, cada caso deve ser avaliado separadamente. Teoricamente é preciso que se tenha atingido a maturidade óssea que pode ser detectada através de exame físico pela instalação dos caracteres sexuais secundários (pêlos, mamas, estirão da puberdade etc.) ou radiográficos, o que geralmente não é necessário.
Por Vera Morais em entrevista com Dra. Deusa Pires Rodrigues
Dra. Deusa Pires Rodrigues Especialista em Cirurgia Plástica
Membro Efetivo da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica
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Crédito:Dra. Deusa Pires Rodrigues
Autor:Vera Morais
Fonte:Vera Morais