Cientistas da Universidade de Göttingen, na Alemanha, encerraram o sequenciamento completo do genoma da bactéria que causa a acne, o tipo mais comum de doença de pele, que afeta cerca de 80% dos adolescentes.
Segundo dados deste trabalho, o genoma da Propionibacterium acnes pode ser a base para a descoberta e o desenvolvimento de novos medicamentos para combater a acne.
A acne é uma doença de componentes genéticos cuja manifestação está relacionada à presença de hormônios sexuais, especialmente o hormônio masculino, a testosterona.
Por conta disso, as lesões começam a aparecer na puberdade, quando estes hormônios iniciam sua produção pelo organismo, acometendo a maioria dos jovens de ambos os sexos.
As lesões têm um maior pico de incidência dos 14 aos 17 anos, nas mulheres, e dos 16 aos 19 anos, nos homens. Mas, a doença não afeta somente adolescentes, podendo persistir na idade adulta e, até mesmo, surgir nesta etapa. Aí, neste caso, é mais comum em mulheres.
As formas da doença (cravos e espinhas) aparecem por causa da elevação do nível de secreção sebácea relacionada ao estreitamento e obstrução da abertura do folículo pilosebáceo, dando origem aos comedões abertos (cravos pretos) e fechados (cravos brancos).
Estas condições favorecem a proliferação de microorganismos que causam a inflamação característica das espinhas. O agente mais comum é a bactéria Propionibacterium acnes .
A doença manifesta-se, principalmente, na face e no tronco, áreas do corpo ricas em glândulas sebáceas.
A intensidade dos sintomas varia de pessoa para pessoa e, na maioria das vezes, é de pequena a média.
No entanto, em alguns casos, o quadro pode tornar-se muito importante, como a acne conglobata (lesões císticas grandes, inflamatórias, que se intercomunicam por sob a pele) e a acne queloideano (que deixa cicatrizes queloideanas após o desaparecimento da inflamação).
Se não tratada no início e adequadamente, a acne pode ter sua duração prolongada e desfigurar a pele de seus portadores.
“Por isso, é importante tratar desde o começo, para evitar estas sequelas e, principalmente, sua consequências emocionais e o impacto na auto-estima para a vida da pessoa. O lado emocional dos pacientes não deve ser menosprezado. A desfiguração provocada pela acne afeta profundamente a auto-estima do adolescente, que, normalmente, começa a evitar o contato social com vergonha de suas lesões e o temor de sofrer o famoso bullying por parte de seus colegas. Muitas vezes, é necessário o acompanhamento de um psicólogo”, afirma a dermatologista Daniela Schmidt Pimentel.
O tratamento pode ser feito com medicações de uso local, com o objetivo de desobstruir os folículos e o controle da proliferação bacteriana e da oleosidade.
Também podem ser administrados medicamentos via oral, dependendo da intensidade do quadro, geralmente, antibióticos para controlar a infecção ou, no caso de pacientes do sexo feminino, terapia hormonal com medicações anti-androgênicas.
Em casos de acne muito grave (como a acne conglobata), ou resistente aos tratamentos convencionais, pode ser empregada a isotretinoina, um retinoide de uso oral, que deve ser tomado por cerca de seis a oito meses na grande maioria dos casos.
No entanto, a necessidade de seu uso deve ser muito bem avaliado pelo médico dermatologista, uma vez que o medicamento pode trazer reações adversas graves.
Outro recurso que auxilia é a limpeza de pele, efetuada por esteticistas devidamente capacitadas, cuja ação é o esvaziamento de lesões não inflamatórias (cravos), evitando que se transformem em espinhas
O tratamento das cicatrizes deixadas pela acne deve ser feito através de associações de técnicas,dependendo do tipo destas cicatrizes, tais como a subcisão – técnica em que se utiliza uma agulha para descolar as traves fibrosas que deprimem a cicatriz, melhorando o aspecto da lesão.
Há também o método da dermoabrasão - esfoliação mecânica da pele utilizando lixas manuais ou elétricas para remover as cicatrizes – e os peelings químicos - aplicação de substâncias químicas ácidas sobre a pele com o objetivo de remover as camadas mais superficiais da pele e estimular a renovação celular.
Mais uma grande arma para o tratamento da cicatriz de acne é o laser de CO2 fracionado, que pode minimizar substancialmente as marcas deixadas pela doença. O laser de CO2 permite uma dermoabrasão em profundidade, de forma segura.
O laser de CO2 atua por um processo de emissão de laser de forma fracionada onde as células atingidas são vaporizadas ao experimentarem uma elevação na temperatura em 100° graus durante alguns microssegundos.
O tratamento é realizado com anestesia tópica, proporcionando ao paciente um resultado semelhante ao de um peeling profundo, porém com retorno mais rápido às suas atividades habituais Deve-se evitar o sol nos primeiros dias e utilizar filtro solar.
A duração do tratamento varia de acordo com a gravidade do caso. Cada sessão tem duração de 30 minutos, em média.
MITOS E VERDADES SOBRE A ACNE
Chocolate e outros alimentos causam espinhas.
VERDADE
Uma dieta alimentar com menos alimentos glicêmicos pode contribuir para limpar o rosto da acne. Esta informação foi demonstrada em um estudo realizado pela Universidade RMIT na Austrália.
A pesquisa analisou 43 homens entre 15 e 25 anos que, em 12 semanas, passaram pela dieta de baixa carga glicêmica e que apresentaram redução no peso corporal, uma maior sensibilidade à insulina e diminuição do risco da acne.
A pesquisa revela ainda que alimentos como pão e batata, que aumentam os níveis de glicose no sangue, podem contribuir para a manifestação da acne. Já os cereais com muita fibra e os feijões, considerados como tendo um baixo índice glicêmico, auxiliam impedir o aparecimento deste problema.
Lavar o rosto várias vezes ao dia pode evitar a acne.
MITO
Lavar o rosto várias vezes NÃO ajuda a evitar. Isso pode inclusive desencadear o aumento da oleosidade da pele (efeito rebote).
Portanto, deve ser lavado duas vezes ao dia, no máximo.
Acne é contagiosa.
MITO
Apesar de ser uma infecção, a acne não é transmissível.
Cravos pretos são "sujos"
MITO
O escurecimento é ocasionado pela oxidação, não por sujeira.
Espremer as espinhas ajuda a acabar com a inflamação
MITO
Espremer é erradíssimo, pois colabora para disseminar a inflamação ainda mais e pode gerar cicatrizes por lesar a pele.
Anticoncepcional piora a acne
MITO
Dependendo do anticoncepcional, pode levar a uma melhora do quadro.
Masturbação causa acne
MITO
Não existe nenhuma relação entre masturbação e acne.
Menstruação causa acne
VERDADE
Pela influência dos hormônios, pode ocorrer uma piora da acne nos dias que antecedem à menstruação.
O sol piora / melhora a acne
VERDADE
Apesar de ter algum efeito cicatrizante, o sol pode provocar a elevação da produção de sebo, além de ser a principal causa de envelhecimento e câncer de pele.
Cicatrizes de acne não têm cura
MITO
Existem recursos para tratamento de cicatrizes, como o uso do laser. Esses procedimentos devem ser realizados por um médico dermatologista experiente.
Acne é coisa só de adolescente
MITO
Após a puberdade, a acne pode se manifestar em qualquer etapa da vida do ser humano, pois está relacionada ao estímulo hormonal de cada pessoa e da produção das glândulas sebáceas, além de outros motivos. Algumas mulheres com alteração hormonal resultante de ovário policístico têm uma maior predisposição à acne.
Existem tratamentos que podem acabar com a acne para sempre
VERDADE
Alguns remédios podem acabar com o problema de vez. Todos eles são receitados pelo médico e a chance de cura chega a 85%. Mas é importante o diagnóstico de um especialista, pois os tratamentos variam de pessoa para pessoa e os efeitos adversos devem ser bem ponderados e monitorados.
Qualquer creme ou gel antiacne resolve o problema
MITO
O uso de produtos oleosos como cremes e filtros solares não adequados promovem o aparecimento ou pioram o quadro de acne. São indicados géis com ácidos salicílico, retinoico e glicólico, sob orientação do dermatologista. Para a limpeza, devem-se utilizar sabonetes desengordurantes, mas não em excesso.
Peles brancas são mais vulneráveis
MITO
As espinhas estão diretamente associadas ao funcionamento das glândulas sebáceas, e não à tonalidade da pele.
Estresse causa espinhas
EM TERMOS
Como a variação hormonal está associada ao aparecimento das espinhas, qualquer abalo emocional mais forte e duradouro pode interferir na saúde da pele. Isso porque a ansiedade e o estresse aumentam a liberação dos hormônios masculinos, responsáveis pela atividade das glândulas sebáceas.
As mulheres são mais atingidas pelo problema do que os homens.
MITO
Não exatamente, até porque o hormônio masculino, a testosterona, é que provoca a hiperfunção das glândulas sebáceas mais sensíveis nos homens.
Crédito:Cris Padilha
Autor:Fernanda Bueno
Fonte:Universo da Mulher