Rio de Janeiro, 30 de Outubro de 2024

O Ritmo de cada um

O Ritmo de cada um
Quanto menos você faz, menos se quer fazer...
 
Nossas mães já se indignavam com o nosso ritmo adolescente e nossa interminável preguiça e preconizavam várias frases iguais a esta pela casa para tentar nos mover de alguma maneira.
 
É fato que na puberdade começa um processo hormonal muito interessante, que implica em sucessivas mudanças físicas que irão transformar o corpo da criança e, conseqüentemente, modificar a forma como este indivíduo vê o mundo e se vê.
 
Tanta mudança sempre faz uma bagunça e é por isso que dizemos que os adolescentes são meio desatentos, tem sono demais, alteram muito seu humor, nunca estão satisfeitos e assim por diante.
 
Hoje em dia temos observado um fenômeno importante que volta e meia nos confunde:
 
A APOLOGIA DO RITMO PESSOAL.
 
Nos últimos anos, a idéia de se respeitar o próprio ritmo virou uma febre tanto entre os educadores, que passaram a entender porque uma criança aprendia primeiro que a outra da mesma idade, por exemplo, e as pessoas de uma maneira geral.
 
Todo mundo se enquadrou nessa idéia e houve um levante mundial pelo respeito ao desenvolvimento humano e suas limitações.
 
A partir daí ficou mal vista toda em qualquer “forçada de barra”, toda e qualquer imposição pré-estabelecida, tanto em algumas instituições de ensino como nas cabeças mais arrojadas.
 
Claro que no mundo adolescente essa realidade se aplica muito bem, mas muitos acabaram fazendo um uso marginal do conceito,  deturpando-o.
 
Por conta do tal “ritmo” muita incompetência não é levada a sério, muita educação capenga ficam escondidas, as irresponsabilidades são perdoadas e a má vontade, relevada.
 
Sabe aquela história de faz devagar, mas faz bem feito?
 
Isso é ritmo pessoal.
 
Agora, não fazer a tarefa solicitada, enrolar para resolver os problemas e realizar tarefas, se dar de esquecido como um adolescente e atribuir isso ao ritmo pessoal é absolutamente incorreto.
 
Quando analisamos equipes de trabalho no exercício de suas funções, percebemos que qualquer ritmo se adapta a uma exigência bem elaborada e adequada.
 
Cada pessoa tem seu ritmo produtivo satisfatório que deve, na maior parte do tempo, ser respeitado e considerado.
 
Sabemos que cada empresa, cada casa, cada escola, grupo de amigos e até cidades têm suas particularidades, mas todo ser humano pode se adaptar a qualquer coisa desde que isso coincida com suas possibilidades ou que ele queira aprimorá-las.
 
Sim, cada pessoa tem seu ritmo e isso deve ser respeitado e não utilizado para justificar a falta de comprometimento ou o descaso com o qual os jovens e adultos são capazes de tratar sua tarefas, seus empregos, suas casas, a educação dos filhos ou os relacionamentos.
 
Alem do mais, ritmo pessoal nunca deixará de andar junto com interesse e este, com certeza, é capaz de mobilizar e “acelerar” qualquer um.
 
 
 
 
 
*Silvana Martani é psicóloga da Clínica de Endocrinologia da Beneficência Portuguesa de São Paulo - CRP06/16669
 
 
 

Crédito:Eleonora Chagas

Autor:Silvana Martani

Fonte:Materia Primma