Rio de Janeiro, 30 de Outubro de 2024

Terceiro pecado capital: A Inveja

Terceiro pecado capital: A Inveja
A inveja sempre foi um sentimento que habitou a vida das pessoas. Desde o início o homem sempre sentiu inveja de alguma coisa ou de alguém. Existe a inveja positiva e a negativa e este é um sentimento muito mais comum do que imaginamos que acomete até a mais santa das criaturas.
 
Falar de inveja é sempre uma coisa delicada, pois as pessoas a temem e se apavoram com os seus possíveis resultados e efeitos.
 
A inveja positiva é o sentimento que acompanha os nossos objetivos, que cria energia, que gera esforço para conseguir algo que desejamos ou almejamos através do empenho pessoal. Esse tipo de inveja não vem acompanhado de sentimentos negativos como raiva, desprezo, recalque, tristeza e rejeição. Ela sempre vem seguida de admiração e alegria, pois significa que o outro conquistou um objetivo ou adquiriu algo que queríamos para nós e estamos felizes por ele.
 
Esta inveja é nobre e acomete as pessoas resolvidas, de bem com a vida, que já entenderam que tudo que se quer tem que ser conquistado com muito esforço, competência e tempo.
 
Já a inveja negativa é uma outra estória.
Este invejoso sente raiva, desprezo e recalque das conquistas dos outros e acaba sempre depreciando os feitos alheios para se sentir melhor. Esse “melhor” dura pouco e é renovado com  várias campanhas negativas que podem ser iniciadas a todo instante.
 
È a história daquela amiga que você adora e ela até te adora também, mas que vive jogando areia nas suas conquistas, sempre com o intuito de ser “realista” e “amiga”. É aquela que deprecia suas aquisições materiais e afetivas, que sempre valoriza suas qualidades negativas para te manter “centrada”, que nunca vibra com nada porque faz o estilo mau humorada e que vive te copiando para ver se consegue ter sucesso também.
 
Essa “criatura” é tão dissimulada que trabalhamos com ela, viajamos com ela, estudamos com ela, namoramos com ela sem perceber que a coisa é tão feia assim.
 
Em compensação, é muito difícil a vida de quem sente inveja negativa. Claro que todos nós já tivemos esse sentimento em algum momento das nossas vidas em relação à alguém ou de alguma coisa, mas o sentimento foi neutralizado com atitudes positivas que nos fizeram bem e não prejudicaram o outro.
 
Admitir que se está com inveja é muito difícil para as pessoas, pois para muitos é uma fraqueza, um sentimento “pequeno”, mesquinho, mas é apenas um sentimento humano que deve ser trabalhado e resolvido.
 
A inveja negativa faz mal porque “engessa” o indivíduo que a sente, denuncia seus fracassos, maltrata sua auto-estima que já não é boa e descaracteriza a pessoa que não conhece seus recursos e passa a copiar atitudes e posturas para conseguir o que quer.
 
Para o ser invejado a situação não é melhor, pois a maioria das pessoas teme a inveja alheia ou desconsidera seus prejuízos, que vão desde a descaracterização do vínculo afetivo até a maldade franca e objetiva.
 
Se proteger dessa inveja é impossível, pois qualidades pessoais são sempre um bom alvo dos invejosos de plantão que estão a nossa volta. O importante é ter consciência que essas coisas existem para que possamos rever nossos vínculos e passarmos a conviver com pessoas que estejam ao nosso lado para somar esforços e carinho ao nosso dia-a-dia e não subtrair.
 
 
 
Silvana Martani é psicóloga da Clínica de Endocrinologia da Beneficência Portuguesa de São Paulo - CRP06/16669   
 
 
 
 
 
 

Crédito:Eleonora Chagas

Autor:Silvana Martani

Fonte:Materia Primma