Rio de Janeiro, 30 de Outubro de 2024

Natal de todos nós

Por Silvana Martani

 
O final de ano chegou e não há mais dúvida, logo é Natal.
 
 
A idéia do Natal vem mudando nos últimos anos e não é por conta das religiões que sempre comemoram a data com muito fervor, mas por conta de todas as mudanças que o mundo sofreu nos últimos anos.
 
Nós mudamos com o tempo. Os hábitos, os padrões, a forma de encarar ou de perceber também se transformam. Estamos mais agitados, ansiosos, angustiados com todas as tarefas que temos que fazer, com o sucesso que temos que atingir e com o dinheiro que temos que ter.
 
Não temos mais aquele tempo que nossos pais tinham para organizar as coisas, se divertir com os preparativos natalinos, comprar os presentes, e curtir essa data tão especial.
 
O Natal nos grandes centros está chegando cada vez mais cedo. Em novembro, antes da primeira quinzena, quase tudo já estava pronto para a chegada do bom velhinho.
 
Algumas ruas até tentam se agüentar para esperar dezembro, mas acabam sucumbindo as pressões e logo se arrumam e se enfeitam não querendo perder o entusiasmo geral.
 
A idéia é lembrar a todos que o Natal está chegando e precisamos nos apressar.
Se não nos apressamos, nos apressam. 
O tempo anda correndo demais.
 
Todos reclamam que não vêem o tempo passar. Creio que não é o tempo, somos nós. Sobram tarefas, falta tempo. Corremos atrás do tempo de fazer, de estar, de ficar.
 
Muitas pessoas não gostam do Natal, pois se sentem inseguras, deprimidas, ansiosas, tristes. Nesta época gostariam de se isolar, sumir, viajar. Não gostam da época e não ligam para as festas.
 
Más recordações, traumas, depressão, melancolia. São muitos os sentimentos negativos que acompanham as grandes comemorações e essa não poderia ser diferente.
 
O Natal para os adultos é um; e para as crianças é outro.
 
Para elas o Natal é amor, euforia, fantasia, expectativa e sonho.
 
Alguns adultos, que viveram seus natais de uma forma prazerosa, se emocionam com a data e tendem a viver esse momento de uma forma calma e feliz.
 

Aqueles que chegam acelerados no final de ano tendem a não perceber direito esse momento e mais cumprem o protocolo para passar logo pela data e descansar.
 
Outros ainda não têm a chance de se preparar, estão com muitos problemas que acabam contaminando o espírito de Natal, passando a data a ser um fardo difícil de passar.
 
Mas, existem aqueles que já se conscientizaram de seus limites, de suas fraquezas, aceitam seus defeitos e tentam respeitar suas  vontades e para estes o Natal é luz, renovação, confraternização e encontro.
 
Não é a riqueza, nem o presente, a comida ou o quanto de gente ao nosso lado que representa o Natal, mas a idéia, a proposta, o valor.
 
Precisamos voltar a dar valor as coisas, entender o sentido do que fazemos, não passar por cima de tudo como se cumprísemos um protocolo de existência sem gosto.
 
Precisamos nos respeitar para podermos respeitar os outros, nos satisfazer para aprender a dar satisfação, nos querer e nos amar para sermos competentes com o amor do outro, pois somente assim vamos aprender a compartilhar, dividir para somar e ser feliz.
 
Vamos parar de nos comparar, de sofrer pelo que não temos, de adiar a felicidade de nos vender pelo sonho alheio e ter fé. 
 
 
 
FELIZ NATAL!!!!!  
 
 
 
*Silvana Martani é psicóloga da Clínica de Endocrinologia da Beneficência Portuguesa de São Paulo - CRP06/16669.
Organizadora e autora do Livro – Uma Viagem pela Puberdade e Adolescência
 
 
 
 

Crédito:Eleonora Chagas Seidel

Autor:Silvana Martani

Fonte:Matéria Primma