Rio de Janeiro, 26 de Dezembro de 2024

Sexualidade na puberdade - A masturbação

Sexualidade na puberdade - A masturbação

Existe um momento em que as bonecas, os carrinhos e os brinquedos em geral perdem sua função primordial de educar, desenvolver e entreter para dar lugar aos jogos, conversas e aos grupos.

 

Falar de sexualidade na puberdade é entender como os órgãos sexuais, tanto dos meninos como das meninas, vão sair do anonimato para assumir uma importância fundamental para a organização da vida emocional e física do adolescente e, posteriormente, do adulto.

 

Esta vivência é totalmente influenciada pela educação, cultura, costumes e crença religiosa que normalmente norteiam a saúde da sexualidade e a maneira como ela é conduzida.

 

É na puberdade que os meninos descobrem seu pênis e as meninas seu clitóris e vagina através da masturbação. A masturbação é um instrumento importantíssimo para o conhecimento do próprio corpo e não deve ser reprimido em hipótese alguma. O púbere deve experimentar e conhecer todas as sensações que seu corpo é capaz de produzir uma vez excitado pois este saber, além de proporcionar uma correta dimensão de seu próprio corpo, cria a base para suas futuras relações sexuais.

 

A masturbação não é uma experiência vivida pelo jovem de uma forma tranqüila, pois é cercada de muitos significados importante para ele. O ser humano sempre vive sua sexualidade de uma forma intimista, pois é assim em todas as sociedades. Quando um menino começa a mexer no seu pênis durante a noite e o percebe ereto não se sente à vontade para fazer isso com seus pais por perto e com a menina acontece o mesmo. Nesse ponto, todos acabam procurando se conhecer ou mesmo se masturbar quando estão sozinhos e isolados, pois além da experiência exigir uma certa concentração para que seja produtiva, também se sentem constrangidos com a nova descoberta.

 

Esse constrangimento se dá por conta da forma como somos criados e como a sociedade humana lida com a sexualidade. O ser humano precisa de privacidade e esta é uma característica essencial da raça, mas a forma como os pais abordam o assunto tem muito a ver com a sexualidade deles como pessoas.

 

Nos últimos anos muito já se falou sobre sexo dentro dos lares, coisas que antes nem se imaginava mencionar. Os pais nem escondem mais sua nudez e de seus filhos, mas a tranqüilidade em falar sobre o assunto ainda está longe de existir. Não é raro encontrarmos pais que ficam muito preocupados em falar de sexo quando o filho se aproxima da puberdade e ficam muito angustiados em lidar com as perguntas que podem surgir sobre o assunto.

 

É sabido que esse tipo de experiência é diferente entre meninos e meninas e que a diferença é social e cultural, pois todos se buscam da mesma maneira. Na nossa sociedade quando um menino se tranca no banheiro, ou mesmo, quando seu banho dura horas seus pais sabem e até mencionam com uma certa satisfação que o fato anda ocorrendo com freqüência fazendo alusão à sua virilidade. No caso das meninas, o mesmo fato é visto com uma certa surpresa e até preocupação e, nos casos de famílias mais conservadoras, com repulsa e indignação, pois a sexualidade das meninas é sentida e vista com outros olhos.

 

Os pais normalmente têm receio da masturbação da filha e se sentem inseguros em interpretar essa experiência. Muitos pais acham que a masturbação na menina é um preâmbulo imediato da relação sexual e que, se ela aprender a sentir prazer muito cedo, talvez queira iniciar sua vida sexual no mesmo tempo, o que é uma inverdade. As meninas devem aprender com seus corpos e é sabido que, quanto mais se conhece, mais se respeita e isso significa uma vida sexual mais coerente e satisfatória e não incentivo à precocidade sexual.

 

Durante muito tempo, a masturbação foi vista como algo sujo, proibitivo, como pecado que levava à doenças sérias, que atrapalhava as idéias de seu executor e que dificulta a vida sexual futura. Esse monte de crendices caiu por terra, mas a masturbação ainda precisa ser desmistificada.

 

Seja como for, ambos vão explorar seus corpos como puderem e quando puderem. Quanto mais repressora é a educação que recebe em casa, mais o jovem sobrecarrega a sexualidade de idéias perturbadoras, contraditórias e inadequadas e mais cedo pode iniciar sua vida sexual. Todas as fases do desenvolvimento humano têm suas particularidades e a masturbação é um dos aspectos da puberdade e da adolescência e deve ser tratada com o respeito que merece.

 

 

 

 

Silvana Martani é psicóloga e especialista em obesidade da Clínica da Beneficência Portuguesa.

 

 

Crédito:Renata Rebesco

Autor:Eleonora Chagas

Fonte:Materia Prima