Rio de Janeiro, 28 de Março de 2024

Mágoa e Ressentimento

Uma pessoa se magoa quando vive um episódio doloroso e não consegue lidar com a inerente dor emocional daquele momento, quando descobre que aquilo que desejava, no final, não aconteceu da forma idealizada.
 
Sente-se o acontecimento como injusto o que acaba alugando um espaço muito grande em sua mente e emoções.
 
Ficar se remoendo na mágoa, em determinadas situações, parece quase inevitável, mas a pergunta é: por quanto tempo alguém precisa cultivar esse sentimento?
 
Observe que não é porque alguém está magoado que precisa pensar e falar sobre aquilo o tempo todo.
 
Seria muito bom se as pessoas falassem de sua boa sorte e sucesso com a mesma energia com que desatam a falar sobre frustrações. Como você se comporta?
 
Será que, inconscientemente, tem achado que seus problemas são mais interessantes do que os sucessos?
 
É muito importante compreender que a questão não é ignorar as dificuldades ou o fato de alguém ter nos magoado.
 
O ponto crítico é agir nos extremos, já que a mágoa em excesso, o culto ao sofrimento, além de tornar a vida isenta de qualquer beleza, pode criar um hábito crônico, difícil de ser ser mudado.
 
Você tem alguma mágoa?
 
Vamos fazer um exercício simples para verificar se uma situação em sua vida tornou-se mágoa.
 
Escolha uma situação dolorosa, escreva um resumo a respeito da experiência. Perceba agora o que acontece quando você relembra esse acontecimento.
 
Como você se sente?
 
Em seguida responda as seguintes questões:
 
1. Você pensa sobre essa situação dolorosa mais do que pensa nas coisas boas da sua vida?
 
2. Ao pensar sobre essa situação dolorosa, você fica fisicamente se sentindo mal ou emocionalmente pertubado?
 
3. Quando pensa sobre essa situação, você tem os mesmos e repetidos pensamentos e sensações?
 
4. Você se pega contando a história sobre o que aconteceu repetidas vezes na sua mente?
 
Se você respondeu sim a qualquer uma das quatro questões, provavelmente criou uma mágoa. Seu surgimento segue um processo simples de três etapas:

1. Assumir uma afronta em termos muito pessoais;
 
2. Culpar o autor da afronta por como você se sente;
 
3. Criar uma história sobre a mágoa.
 

LEMBRE-SE: AS PESSOAS SÓ FAZEM COM A GENTE AQUILO QUE PERMITIMOS QUE ELAS FAÇAM.
 
 
O elo entre mágoa e raiva
 
A raiva é uma forte e temporária reação emocional à sensação de estar sendo ameaçado de alguma maneira.
 
Quando a raiva surge, pode ser expressa aberta e diretamente ou pode ir para o subterrâneo da nossa mente e do nosso coração, passando assim a se expressar de uma maneira silenciosa e persistente.
 
O ressentimento é a sensação da mágoa ou raiva crônica que persiste muito depois de terminada a situação que causou todo o stress.
 
A palavra é a forma substantiva de ressentir – sentir intensamente e sentir de novo.
 
Quando estamos ressentidos, sentimos intensamente a dor do passado de novo e de novo.
 
O ressentimento já foi comparado a uma brasa ardente que seguramos com a intenção de jogá-la em outra pessoa, enquanto queima a nossa mão.
 
A experiência de raiva mantida durante um período de tempo muito longo - o que gera a mágoa - é quase sempre inútil. Apesar da mágoa ser algo "comum" em nossas vidas, não significa que seja saudável.
 
O que se deve, sim, fazer é aprender a lidar adequadamente com os sofrimentos, ofensas e desapontamentos com mais habilidade, afinal o mundo está repleto de problemas.
 
A diferença, no entanto, será o espaço – pequeno ou grande - que você vai destinar à raiva, à falta de esperança e à aflição em sua mente e em seu coração.

A vida não é perfeita mas você pode aprender a sofrer menos.

Peça ajuda!

Estudos mostram que pessoas que compartilham suas frustrações e dores tendem a lidar melhor com a mágoa e o estresse.

Na maioria das vezes pessoas que contam com os amigos, com a familía, com um apoio de um psicológo e com um trabalho psicoterápico são mais felizes e desfrutam de uma saúde melhor.

 

 

* Katia Horzpack é psicóloga e gosta de receber e-mails com perguntas das internautas. katia_cristinah@hotmail.com

Crédito:Katia Horzpack

Autor:Katia Horzpack

Fonte:Universo da Mulher