Certas pessoas parecem viver insatisfeitas.
O celular recém-adquirido não é suficiente, um melhor já foi lançado; o mesmo vale para o carro novo e, até mesmo, para a bonificação que conseguiram no trabalho.
Sempre querem mais e não valorizam o que foi conquistado.
O que passa despercebido é que, mesmo em menor escala, tudo o que é adquirido por esforço próprio faz diferença para que o subconsciente inspire voos mais altos.
“Quanto maior a valorização das pequenas conquistas, mais o inconsciente colabora para outros sucessos, porque passamos a confiar muito mais em nossa capacidade e potencial. E isso faz toda a diferença”, explica a psicóloga Rosemeire Zago.
De acordo com a especialista, mais do que pensar no tamanho das conquistas, é preciso valorizar a maneira como foram alcançadas: “o importante é o reconhecimento, principalmente vindo da própria pessoa”.
Incentivo para competitividade na infância causa insatisfação na vida adulta
De acordo com a psicóloga Rosemeire Zago, desde pequenas, as pessoas são incentivadas a valorizar o que os outros fizeram, e não elas mesmas.
“O filho do vizinho, o primo ou a irmã são sempre melhores. Isso causa uma insatisfação crônica, fazendo que estejamos sempre querendo não só superar o outro, mas a nós mesmos. Não há nenhum problema em nos superarmos, desde que isso não faça que paguemos, como em geral acontece, com nossa própria saúde ou com a distância daqueles a quem verdadeiramente amamos”, explica a especialista.
Rosemeire também chama atenção para o fato de que o sentimento de gratidão é algo raro atualmente.
E propõe uma questão:
já pensou o que é conquista para você?
“Antes de adquirirmos algo novo, raramente nos perguntamos do que realmente precisamos, nos deixando contaminar pelo consumismo desenfreado, quando muitas vezes o que desejamos de verdade é carinho, atenção, amor. O problema não é adquirir algo, mas não ter consciência das próprias necessidades emocionais e compensar com algo novo”, completa a psicóloga.
Desejo excessivo por conquistas pode representar carências sentimentais
Quando a busca por conquistas se torna algo mais obsessivo, como uma grande necessidade de comprar, por exemplo, é possível que algo esteja errado internamente.
”As compulsões estão ao nosso redor, seja por bebidas alcoólicas, drogas, sexo, jogos, comida etc. Geralmente são ligadas à busca inconsciente de se obter ou compensar algo que nem a própria pessoa identifica. Por isso, o autoconhecimento é fundamental”, analisa a especialista.
Entregar-se a uma compulsão momentânea significa apenas adiar a resolução dos problemas.
“Ao longo do tempo percebemos que a insatisfação continua e o processo todo se reinicia, formando um círculo vicioso. Ou seja, quando buscamos um cargo mais alto, dinheiro, poder, justificamos que fazemos isso pela família, por uma vida melhor, mas, inconscientemente, queremos mesmo é agradar e, assim, obter reconhecimento, aprovação, e acima de tudo, amor. E isso não é algo que conseguimos externamente, mas, sim, por meio do próprio reconhecimento”, afirma Rosemeire.
Como lidar com a frustração da conquista não atingida
O tamanho da frustração por não se atingir uma conquista é proporcional à expectativa que havia sido criada.
É o que afirma a psicóloga Rosemeire Zago, que vai além:
“nos frustramos no trabalho; nos relacionamentos afetivos, familiares e sociais, pois, muitas vezes, esperamos mais do que podem nos oferecer. Mas, também nos frustramos com nós mesmos. É quando devemos olhar para o que aconteceu e aprender, sempre. É assim que vamos adquirindo experiências e tomar conhecimento de que podemos fazer de outro modo”.
A psicóloga afirma que as pessoas precisam apreciar tudo o que conseguem e sugere uma autorreflexão.
“Faça uma lista de cada uma de suas conquistas, sem julgamentos. Tudo o que foi conquistado por seus próprios méritos, sem ter que passar por cima de ninguém. Você irá se surpreender. E toda vez que conquistar algo, celebre. Não vá medir o tamanho do que conquistou, mas, acima de tudo, sinta dentro de você”, conclui a especialista.
Crédito:Luiz Affonso
Autor:Rosemeire Zago
Fonte:Universo da Mulher