Ser adolescente não é tarefa fácil.
Esta fase de desenvolvimento impõe muitas mudanças importantes, que vão do físico ao psicológico, transformando a vida de quem está passando por este momento numa verdadeira bagunça.
Estas mudanças geram uma série de transtornos de adaptação à nova fase e necessitam de um grande esforço para superá-las. Quando o corpo deixa a condição de púbere (criança), e se desenvolve rumo ao adulto, todo jovem vivência esta transição com um certo desconforto.
Todo adolescente sabe as delícias e horrores de sua condição, o quanto é legal poder sair sozinho com os amigos, paquerar, fazer parte dos grupos e namorar, mas a adolescência tem seus percalços.
Todo mundo já sentiu medo de não conseguir beijar, de ser ridicularizado, de transar, de ser usado e, principalmente de não ser querido e desejado. Por conta disso, muita gente se força para fazer coisas para as quais não esta pronto, só para dizer que fez e ser aceito pelo grupo de amigos.
Ultrapassar os próprios limites e acabar fazendo o que os amigos querem é muito complicado, pois estamos apenas confirmando que sempre fazemos aquilo que nos mandam e não realmente o que queremos. Neste sentido, a relação com os amigos continua sendo igual a que se estabelecia com os pais e o adolescente não está com suas as atitudes inadequadas contestando nada e sim repetindo um modelo.
Na adolescência, todos os interesses são direcionados para a área social. Todos estão muito preocupados com a imagem e com o prestígio junto aos colegas. Estar de bem com os amigos é para alguns muito mais importante que a família, a escola, o esporte que praticam e eles são capazes de tudo para agradar e se manterem aceitos.
Nunca mais um grupo terá tanta influência sobre um indivíduo como neste momento de sua vida e um líder adolescente nunca mais será tão bem sucedido como nesta fase.
Mas, alguns grupos não são de perto um grande exemplo de referencial. Sair para encher a cara, transar com um monte de gente ao mesmo tempo, usar droga para ficar muito doido ou tomar Viagra aos 17 anos para manter uma ereção prolongada e assim dar conta de muitas meninas sem usar camisinha porque não dá tempo é, sem dúvida, coisa de quem é capaz de tudo só para agradar e se sentir querido e aceito.
Quando alguém se identifica com um grupo desses, onde a ORDEM é o exagero, seja o exagero que for, precisamos entender que as coisas não funcionam desse jeito. Esse tipo de conduta não é coisa de adolescente é de quem está muito comprometido emocionalmente e a adolescência é um ótimo momento de mostrar isso. Uma exagerada de vez em quando é compreensível para quem não sabe a medida e faz parte da adolescência, mas só exagerar como a única forma de se divertir é patológico e merece cuidado.
Se para conseguir conversar ou ficar com alguém o jovem sempre tem que encher a cara, ficar doido ou o programa mais irado é aquele que coloca a vida dele ou dos colegas em risco, este jovem, com certeza, precisa de ajuda.
A adolescência é um período de experimentação, de ansiedade, de conflitos, medos e inseguranças, mas é também um momento de profunda aprendizagem, questionamento e reflexão.
Fazer parte de um grupo é muito importante para experimentar vivências, mas quando essas pessoas optam por vivenciar continuamente os limites físicos e emocionais em baladas muito fortes, não é a juventude ou a adolescência que eles estão vivendo, e sim seus conflitos pessoais que provavelmente já existiam muito antes desta fase.
Ser jovem e fazer parte de um grupo é muito bom, mas a adolescência precisa ser lembrada como uma fase divertida, intensa e não como um momento triste que deixa marcas que o tempo não é capaz de apagar.
*Silvana Martani é psicóloga da Clínica de Endocrinologia da Beneficência Portuguesa de São Paulo - CRP06/16669
Site: www.psicologa.psc.br
PERFIL:
Formação:
Instituto Unificado Paulista / Faculdade Objetivo 1978 1982.
Atuação:
Psicóloga da Clínica de endocrinologia do Hospital Real Beneficência Portuguesa; desde 1984.
Extra-curricular:
Palestras ministradas aos pacientes obesos, com distúrbios glandulares e diabetes, desde 1989.
Aulas Ministradas aos residentes da clínica de endocrinologia do Hospital Beneficiência Portuguesa.
Crédito:Eleonora Chagas
Autor:Silvana Martani
Fonte:Materia Primma