Rio de Janeiro, 21 de Novembro de 2024

Mulher: lutas, conquistas e sensibilidade

Mulher: lutas, conquistas e sensibilidade

Negras ou amarelas, católicas ou mulçumanas, jovens ou idosas, não importa.
O 08 de Março, Dia Internacional da Mulher, simboliza todo o poder feminino no mundo.
 

Não se pode negar que as conquistas femininas avançaram muito nos últimos anos. O panorama atual se difere substancialmente do que o de há algumas (e poucas) décadas.
 

"As mulheres que vieram depois de 1945 passaram por um "boom" de transformações.

Na verdade, acho que fomos quase que cobaias.

A começar pela bomba atômica, pelo pós-guerra. Depois veio a pílula, o movimento feminista, a educação sem limites para os filhos, as drogas, a produção independente, hormônios.

Tudo nesta minha geração.

Passamos por tudo... Meu Deus do Céu, daqui uns dois anos, alguém pode nos avisar de que tudo era um teste e que a experiência deu errado", expressa Maria Aparecida.

Aos 87 anos, ex-combatente da II Guerra Mundial, juntamente com milhares de mulheres, Maria sentiu na pele essas mudanças que alteraram a situação feminina no mundo como um todo.

Quase 150 anos separam o data de hoje do dia em que 129 operárias morreram em uma greve nos EUA.

A história do Dia Internacional da Mulher tem seu começo.

Em 8 de março de 1857, patrões e policiais colocaram fogo na fábrica têxtil onde as mulheres estavam trancadas, após protestarem contra a jornada de trabalho de 16 horas e por melhores salários.

Muita coisa mudou desde então, mas ainda há muito por fazer.

As primeiras articulações de um movimento feminista começaram logo após a Revolução Francesa.

Os principais objetivos eram o direito ao voto e à educação.

No Brasil, até 1879, as mulheres eram proibidas de freqüentar cursos de nível superior e, durante boa parte do século 19, só poderiam ter educação fundamental. Mesmo com a legislação que permitia a instrução feminina, as mulheres tinham o acesso dificultado.

Aos poucos, as conquistas vão acontecendo.

A passos de formiga, mas vão.

Toda a crise no Oriente Médio, por exemplo, trouxe - embora, de forma trágica - significativas mudanças.

A libertação ocorreu em diversos níveis e, dentre eles, o da mulher. Somente o fato de questionar todos os conceitos pré-estabelecidos e, muitas vezes, prejudiciais, já é uma forma de evolução.

Hoje, muitos homens já reconhecem esta força feminina, tanto que, muitos deles, buscam neste equilíbrio da emoção e criatividade (características, muitas vezes, somente da mulher) artifícios para a busca de seus objetivos.

"Já cheguei a dar palestras para cerca de 3 mil homens, numa sala onde haviam apenas três mulheres", revela Mônica Buonfiglio, uma estudiosa de assuntos esotéricos e espiritualistas.

Mônica encara esta mudança como uma porta de entrada para o avanço de ambos os sexos.

As mudanças foram absorvidas de tal forma que muitas pessoas acreditam que a mulher já conquistou a ambicionada "igualdade". Porém, novas e antigas formas de preconceito e violência persistem.

Enquanto isso, a mulher, com seu poder descomunal, continua abrindo fronteiras, assumindo espaços e gritando por seus direitos.

Com uma parte da guerra vencida, o feminino encara cada ano como uma nova batalha.

Algum benefício na guerra

Terrores à parte, a a guerra serviu como um grande empurrão para a emancipação feminina.

Por causa da falta de homens, que eram obrigados a ir para o front, mais mulheres entraram para o mercado de trabalho.

Desde a Revolução Industrial, mulheres vinham ocupando postos em fábricas, além de exercer as profissões tipicamente femininas, como enfermagem e serviços domésticos.

Os salários, entretanto, tinham diferenças brutais. As distorções permanecem, mas menos severas.

O batalhado direito ao voto

O direito a escolher os próprios governantes mobilizou mulheres de todo o mundo durante boa parte da primeira metade do século 20. No Brasil, essa conquista aconteceu em 1932, durante o governo de Getúlio Vargas.

A Nova Zelândia foi o primeiro país a permitir o voto feminino, em 1893. Na França, apesar de "igualdade" estar entre os lemas da Revolução Francesa, a mulher só conseguiu votar a partir de 1945, após o fim da Segunda Guerra Mundial.

A liberação sexual

Nos anos 50, o feminismo ganhou um novo aspecto: a contrução da identidade feminina e a liberação sexual.

Em 1949, a escritora Simone de Beauvoir publicou O Segundo Sexo, que demolia o mito da "natureza feminina" e negava a existência de um "destino biológico feminino".

Para a companheira de Jean-Paul Sartre, "a feminilidade não é uma essência nem uma natureza: é uma situação criada pelas civilazações a partir de certos dados fisiológicos".

O livro causou impacto imediato e provocou críticas não só dos conservadores - devido principalmente aos capítulos dedicados à sexualidade feminina -, mas também da esquerda. Simone de Beauvoir foi acusada de desviar o foco da questão principal, a luta de classes.

Um novo impulso chegou nos anos 60, com a criação da pílula anticoncepcional.

A revolução sexual acompanhava outros acontecimentos da época, como a guerra do Vietnã e a ascensão do movimento estudantil.

Com a chegada da pílula, um dos pretextos para a repressão sexual feminina, a gravidez indesejada, não tinha mais porque existir. Depois de cerca de 40 anos de existência, a pílula é usada por cem milhões de mulheres em todo o mundo.

Outro sinal dos tempos viria em 1964, quando a inglesa Mary Quant escandalizou com uma saia dois palmos acima do joelho.

O pedaço de pano de trinta centímetros rapidamente conquistou mulheres de todo o mundo e deu o impulso a novas musas, como a modelo Twiggy, que apesar de polêmicas eram mais simpáticas que as feministas clássicas, como Betty Friedman e Simone de Beauvoir.

Em 1971, preenchendo a longa lista de tabus quebrados, a brasileira Leila Diniz apareceu de biquíni em uma praia carioca, exibindo uma grande barriga de gravidez.

Uma nova ordem familiar

Com o novo papel da mulher da sociedade, mudou também a estrutura familiar. As publicações e programas de televisão dirigidos ao público feminino se multiplicaram durante os anos 80, e a educação sexual começou a entrar nos currículos escolares.

Sem dependerem financeiramente do marido, as mulheres passaram a adiar o casamento.

As taxas de fecundidade caíram, ligadas à presença cada vez maior no mercado de trabalho.

 

 

 

Crédito:Luiz Affonso

Autor:Luiz Affonso

Fonte:Universo da Mulher