Existem dois tipos de câncer de esôfago, o carcinoma epidermóide, responsável pela maioria dos casos no Brasil e é associado com o tabagismo e o etilismo, e o adenocarcinoma associado ao refluxo gastro esofágico, que vem ganhando proporções cada vez maiores. Agora, conclui-se que os hábitos de vida podem ajudar na prevenção, afinal, a obesidade e o sedentarismo estão aumentando o refluxo do líquido gástrico para o esôfago, causando a esofagite (inflamação da mucosa esofágica) e, em longo prazo, o câncer de esôfago.
“A conclusão e subsequente validação destes estudos de prevenção podem permitir um procedimento integrado e que alerta para a mudança de hábitos para uma vida mais saudável. Mais do que nunca, a importância de monitorar e procurar um especialista quanto a sintomas como as queimações, mais conhecidas como azia. As orientações dos especialistas são necessárias para evitar que a esofagite evolua para um câncer”, explica a oncologista Mônica Stramare Pereira, diretora do Centro de Oncologia do Paraná, uma entre os dez brasileiros a participar do 7ª Simpósio de Câncer Gastrointestinal, em Orlando, na Flórida (EUA).
Os estudos mostram que todas as formas de refluxo tendem a ocorrer com uma frequência levemente maior em pessoas com um padrão de vida superior. O sobrepeso e a obesidade contribuem para o aumento da pressão intra-abdominal, promovendo o refluxo gastro-esofágico, que compreende uma série de doenças relacionadas incluindo a hérnia hiatal, a doença do refluxo com seus sintomas associados, a esofagite erosiva, o estreitamento péptico do esôfago, o esôfago de Barrett e o adenocarcinoma esofagiano Estes dados levando a especulação de que a causa do recente aumento do refluxo gastro esofágico e do adenocarcinoma de esôfago tem sido em parte relacionada a obesidade epidêmica nos países do Oeste.
Infecção de longo tempo pelo H. Pylori (bactéria que infecta o revestimento mucoso do estômago) pode resultar em atrofia gástrica com perda de glândulas gástricas e diminuição da secreção ácida. Em nível populacional, uma alta prevalência de infecção pelo H. Pylori, provavelmente, reduz os níveis de secreção ácida protegendo alguns portadores contra a doença do refluxo e sua associação com o adenocarcinoma de esôfago. A prevalência do H. Pylori se correlaciona com padrões de higiene e desenvolvimento econômico. Com isso, populações da África e da Ásia podem ter sido protegidas contra o adenocarcinoma de esôfago por sua alta prevalência de infecção.
Para a especialista, um dos fatores mais importantes destacados pela pesquisa está na mudança de atitudes. “Os estudos alertam para a atenção a sintomas e hábitos de vida que podem ocasionar o câncer de esôfago. Como consequência, tem havido um direcionamento para investigar estratégias de prevenção contra este câncer, através de intervenções que podem ser realizadas enquanto as lesões são curáveis”, completa a Dra. Mônica.
Existem três principais estratégias de prevenção para o câncer esofagiano e o câncer gastrintestinal em geral, que incluem:
- minimização do risco- estilo de vida e quimio-prevenção (medicamentos utilizados que diminuem a chance da doença aparecer);
- vigilância endoscópica (realização de endoscopias periódicas nos pacientes com risco de desenvolver a doença);
- endoterapia.(ablação por radiofrequência e ressecção endoscópica da mucosa) para os pacientes que já apresentam as primeiras alterações nas células do tubo digestivo.
Crédito:Cris Padilha
Autor:Alexandre Tsuneta
Fonte:Cris Padilha