Só as mulheres com histórico familiar fazem parte do grupo de risco do câncer de mama. Antitranspirante pode causar a doença. Mamografia previne o câncer. Essas e outras afirmações são constantemente - e amplamente - divulgadas para a população. O problema é que algumas delas não passam de mitos e, ao invés de colaborar para que as mulheres se previnam, acabam por desinformá-las. E o pior: afastá-las da chance de curar a doença.
Em alusão ao Dia Mundial de Prevenção do Câncer, celebrado na quinta-feira, 8 de abril, quem esclarece algumas das informações que circulam por aí é o médico mastologista do Hospital Amaral Carvalho de Jaú, dr. José Roberto Fígaro Caldeira, responsável também pelos Programas de Prevenção do Câncer da instituição. Confira:
MITO OU VERDADE?
A mutilação é sempre inevitável. (MITO)
Quanto mais precocemente se realiza o diagnóstico de um tumor, mais inicial é o seu desenvolvimento, portanto maior a probabilidade de preservação do órgão acometido.
A retirada preventiva da mama impede o surgimento de tumores. (REALIDADE EM TERMOS)
A chamada mastectomia redutora de riscos diminui em aproximadamente 90% a chance de desenvolver tumor, não sendo possível atingir 100%, pois o tecido mamário remanescente permanece junto ao subcutâneo da pele que reveste a mama, e pode, portanto desenvolver tumor neste tecido residual. Tal técnica deve ser individualizada a cada paciente, indicada principalmente nas mulheres de alto risco (jovens, com mutação nos genes BRCA1 e BRCA2)
Os cabelos nem sempre caem com a quimioterapia. (REALIDADE)
Depende dos agentes quimioterápicos utilizados para cada caso.
O estresse causa câncer de mama. (MITO)
Até o presente momento não há comprovação científica de estresse causando câncer mamário.
Com relação aos riscos, consumir bebida alcoólica não é tão perigoso quanto fumar. (MITO)
O câncer de mama tem seu risco aumentado e é diretamente proporcional à dose digerida de bebida alcoólica, principalmente os destilados.
O câncer de mama é a maior causa de mortalidade feminina no país. (REALIDADE)
Se pensarmos em causa de morte proveniente de câncer, é a principal. Perde somente para as doenças cardiovasculares.
Uma pancada forte na mama pode desencadear o processo que leva ao câncer. (MITO)
Não há comprovação científica entre trauma e início de câncer mamário.
Só as mulheres com histórico familiar fazem parte do grupo de risco. (MITO)
Com histórico familiar, principalmente as descendentes diretas e colaterais, que sentem um maior risco (duas vezes mais), porém as pacientes que tiveram a menarca precoce (antes dos 10 anos); menopausa tardia (após 55 anos); nuliparas (mulheres sem filhos); 1ª gravidez após os 30 anos; uso de terapia de reposição hormonal prolongada, também são consideradas pacientes de risco.
Nódulos nas mamas predispõem ao câncer. (MITO)
Os nódulos podem ser císticos (bexiga d'água) ou sólidos. Felizmente a imensa maioria dos nódulos mamários são de etiologia benigna, porém tem que esclarecer e investigar, assim que perceber qualquer nódulo mamário.
A mamografia previne a doença. (MITO)
A mamografia não previne, ela detecta a doença em já instalada, em sua fase inicial. Porém com o diagnóstico precoce, detectado pela mamografia e/ou ultrassonografia, propicia maior chance de cura.
Desodorante antitranspirante causa câncer de mama. (MITO)
Não existe o menor fundamento científico em tal afirmativa.
Pró-Mama atende mais de 70 mulheres por mês em Jaú
O Pró-Mama, Programa de Prevenção do Câncer de Mama do Hospital Amaral Carvalho, atende em média 70 pacientes por mês entre os casos novos e retornos. As ações desenvolvidas são direcionadas principalmente à prevenção primária e secundária e visam à orientação quanto ao melhor hábito de vida, incluindo atividade física e alimentação saudável. O objetivo é reduzir ao máximo o risco de desenvolver o câncer mamário.
"Estas ações são principalmente desenvolvidas em eventos que ocorrem no município de Jaú, com a distribuição de folders educativos, chamando a atenção de como se prevenir da melhor maneira possível contra o câncer de mama. Outra importante ação desenvolvida é a prevenção secundária, com a realização de mamografias e ultrassonografia mamárias conforme suas indicações. Nos casos de pacientes consideradas de risco pelo modelo de Gail, além do acompanhamento médico, a paciente recebe também o acompanhamento psicológico por profissional especializado para este fim", explica dr. Caldeira.
E não é só o Programa de Prevenção do Câncer de Mama que vem atingindo seus objetivos. Graças ao trabalho realizado por todos aos programas de prevenção do Hospital Amaral Carvalho (mama, colo do útero, melanoma, próstata e boca) o número de casos de câncer avançados vem sendo reduzido de forma significativa. "Estamos cada vez mais alcançando o paciente enquanto a doença ainda está na fase inicial e é passível de cura. A prevenção ainda é o melhor caminho", conclui dr. Caldeira.
Crédito:Cris Padilha
Autor:Bruna Oliveira
Fonte:Universo da Mulher