Rio de Janeiro, 19 de Abril de 2024

Dispositivo inibe glaucoma

 

DISPOSITIVO INIBE GLAUCOMA

 

Teste mostra que dispositivo para aplicar colírio elimina desperdício, maior causa da baixa adesão ao tratamento de glaucoma


A baixa adesão ao tratamento do glaucoma, agrava a doença em 65% dos que estão sob cuidados médicos – 45% por descontinuidade do uso de colírio e 20% por interrupção da medicação. É o que aponta um levantamento feito pelo oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, com 185 pacientes.

Mal silencioso que lentamente danifica as células do nervo óptico e reduz o campo visual por provocar a morte de células da retina, soma 635 mil casos que são ignorados pelos portadores e 985 mil diagnósticos no Brasil. Relacionado ao aumento da pressão intra-ocular, o glaucoma é apontado como a maior causa de cegueira irreversível pela OMS (Organização Mundial da Saúde). O principal tratamento é feito com colírios que mantêm a pressão intra-ocular em nível normal, entre 10 e 21 mmHg.

Dos pacientes analisados por Queiroz Neto, o desperdício de medicação respondeu por 76% da descontinuidade do tratamento e o uso abaixo da recomendação médica por 24%. A boa notícia é que o dispositivo, Dapcol, testado nos últimos quatro meses por 20 desses pacientes, mostrou que 87% dos participantes passaram a usar o colírio continuamente.

Produzido no País em silicone atóxico, o dispositivo pode ser encaixado no bico dosador de qualquer frasco de colírio e tem um formato anatômico que se encaixa no globo ocular. Por conta disso, os frascos de colírio de todos os participantes do teste passaram a durar um mês, contra 15 a 20 dias dos que pingavam mais de uma gota em cada instilação. De acordo com o médico, o glaucoma tem incidência 3 vezes maior em pessoas com mais de 70 anos de idade e para metade desses portadores vem acompanhado de catarata. A perda do campo visual mais a visão embaçada dificultam o uso de colírio. Com este dispositivo, todos ao pacientes relataram que conseguem fazer a instilação dentro do olho na primeira tentativa, comenta. Significa que pode incentivar o tratamento para quem interrompe a medicação por causa do custo. Ele diz que os pacientes deixaram de sentir os efeitos colaterais, como por exemplo, aumento de batimentos cardíacos. Isso porque, explica, o formato do dispositivo fecha naturalmente o canal lacrimal impedindo a penetração dos princípios ativos na corrente sanguínea.

 

Como prevenir a cegueira

O Brasil tem hoje 172 mil cegos por glaucoma. Segundo Queiroz Neto muitos pacientes abandonam o tratamento quando percebem que a pressão intra-ocular está estabilizada.  O problema é que ela volta a subir e a pessoa não percebe porque a pressão elevada ataca primeiro as células nervosas responsáveis pela visão periférica que é menos utilizada. É por isso que a maioria das pessoas chega à primeira consulta quando o glaucoma já está em estágio avançado, explica.

Pra prevenir a cegueira por glaucoma, independente da idade, pessoas que fazem parte dos grupos de risco devem fazer exame oftalmológico anualmente. Os principais são:

·         Quem tem familiares de 1º grau com glaucoma

·         Negros

·         Diabéticos

·         Asiáticos e mulheres

·         Pessoas que fazem tratamento com corticóide

Queiroz Neto diz que em casos leves de glaucoma a terapia em dose única de um análogo de prostaglandina é o suficiente para reduzir a PIO (pressão intra-ocular) em 35% e estabilizar o campo visual. O problema é que a irritação ocular é um efeito colateral inevitável desses colírios, mas que costuma diminuir em alguns dias. Caso isso não aconteça é necessário trocar o medicamento, ressalta. Para ele ainda é necessário acompanhar por mais tempo um número maior de glaucomatosos utilizando o Dapcol. Mas, o resultado preliminar do teste indica que o dispositivo pode se tornar uma ferramenta importante no controle do glaucoma.

 

Crédito:Cris Padilha

Autor:Eutrópia Turazzi

Fonte:Universo da Mulher