Mais comuns do que se imagina, são vários os mitos sobre osteoporose, o que afasta a população da prevenção e diagnóstico precoce
Apesar da osteoporose ser conhecida, a doença ainda carrega muitos mitos que afastam a população da prevenção e do diagnóstico precoce, fundamentais para mudar a realidade de cerca de 10 milhões de brasileiros com a doença.
Por ter um curso silencioso, em 75% dos casos ela só é diagnosticada após algum tipo de fratura.
Anualmente, cerca de 1,5 milhão de fraturas são causadas pela doença, taxa de incidência mais alta do que as de ataques cardíacos, acidente vascular cerebral e câncer de mama somadas.
Por isso, esclarecer os mitos comumente relacionados à doença significa mais saúde e qualidade de vida.
Mito - A osteoporose não é fatal.
Fato - As fraturas decorrentes da osteoporose podem ter conseqüências bastante sérias inclusive levar ao óbito. As fraturas de quadril são as mais graves e, na maioria dos casos, chegam a ser fatais no prazo de um ano.
Segundo a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia as fraturas por osteoporose ocorrem três vezes mais do que doenças coronárias; sete vezes mais do que derrame cerebral e oito vezes mais do que câncer de mama.
Mito - Devo me preocupar com a osteoporose somente após a menopausa.
Fato - A queda do nível de cálcio nos ossos é maior depois da menopausa, entretanto sua instalação pode se iniciar na infância.
Portanto, sua prevenção deve ocorrer ao longo da vida. É importante garantir a formação de ossos resistentes durante a juventude e vida adulta, uma vez que o a massa óssea começa a ser fortalecida já na infância e seu pico ocorre por volta dos 20 anos de idade.
Uma dieta que tenha boa quantidade de cálcio, a prática de atividades físicas e a exposição à luz do sol – necessária para a formação de vitamina D -, são fatores fundamentais para que crianças e adolescentes desenvolvam uma massa óssea de qualidade, fundamental para a prevenção futura.
Essas medidas podem ajudar a evitar fraturas na idade adulta.
Mito - Quem tem osteoporose não pode praticar atividade física, pois pode ter fratura.
Fato – A prática de atividade física adequada é fundamental para fortalecer os ossos, os músculos, melhorar o equilíbrio e conseqüentemente evitar fraturas.
A força muscular sobre os ossos constitui o estímulo fundamental para a manutenção e o aumento da massa óssea. Como conseqüência, ocorre a melhora do equilíbrio e a prevenção de quedas, além da melhor proteção dos ossos durante as atividades físicas.
Além do bem-estar físico, os exercícios proporcionam conforto social e emocional. Dessa forma, a pessoa com osteoporose se sente mais segura em manter uma vida ativa, não se privando até mesmo de pequenos hábitos do dia a dia, atitude muito comum ao descobrir a doença.
Mito - Quem não gosta de leite apresenta maior risco de ter osteoporose
Fato - Caso a pessoa não consuma a quantidade diária de cálcio necessária, pode apresentar maior risco de ter osteoporose.
É importante lembrar que existem várias fontes de cálcio como derivados de leite, peixe e vegetais verdes escuros. A quantidade diária recomendada está entre os 800 e os 1.000 mg, para os jovens, e entre 1.000mg e 1.200 mg nos adultos, uma vez que perdem mais cálcio do que os jovens.
Mito – A osteoporose não tem cura, portanto não pode ser tratada.
Fato – A osteoporose não tem cura, mas existem tratamentos capazes de impedir a sua progressão, evitar maiores complicações e reduzir significantemente o risco de fraturas.
Por ser uma doença crônica, tomar o medicamento continuamente e de forma adequada é fator essencial para o seu controle.
Massa Óssea
A medida da massa óssea é a melhor determinante mensurável do risco de fratura por osteoporose. A massa óssea aumenta durante a infância e adolescência, atingindo seu pico na década de trinta, e depois inicia um declínio progressivo e continuo com a idade. A mulher adulta tem menor massa óssea em relação ao homem em todas as idades e apresenta uma acentuada aceleração de perda de massa óssea durante os cinco anos seguintes à menopausa. A perda de massa óssea associada à idade é aproximadamente de 1% ao ano e pode se acelerar até 5% ao ano após a menopausa, em cerca de um terço das mulheres.
Diagnóstico (Densitometria Óssea):
A melhor forma de quantificar a massa óssea e diagnosticar a osteoporose é através da Densitometria Óssea. Trata-se de um exame radiológico rápido, indolor e com baixa radioatividade.
O paciente submete-se ao exame deitado em uma maca e com as pernas apoiadas em uma almofada.
Deve ser realizado no fêmur total e na coluna lombar, que são os sítios mais susceptíveis à fratura e em geral, estas duas regiões são suficientes para refletir o que acontece em todo o esqueleto. O método é muito sensível e especialmente, no fêmur, o erro é de no máximo 2%.
A coluna pode ter o seu resultado modificado para um valor acima do real pela presença de cálcio na aorta, nos ligamentos da coluna ou por ostéofitos (bicos de papagaio).
Em caso de resultados conflitantes, deve-se valorizar o resultado do fêmur ou realizar um RX de coluna em perfil.
Que paciente deve fazer a Densitometria?
O Consenso Brasileiro de Osteoporose, reunindo as recomendações universais, recomenda que a densitometria óssea seja realizada nas seguintes situações:
1. Todas as mulheres com 65 anos ou mais
2. Mulheres com deficiência estrogênica com menos de 45 anos
3. Mulheres com menos de 65 anos, na peri e pós-menopausa, com os fatores de risco para osteoporose citados acima.
4. Indivíduos com fratura por trauma mínimo
5. Indivíduos com evidências radiográficas de osteopenia ou fraturas vertebrais
6. Homens acima de 65 anos com fatores de risco
7. Para monitoramento da evolução da doença e dos diferentes tratamentos disponíveis.
Apesar das recomendações ressaltarem a realização do exame em mulheres acima de 65 anos, vemos que aquelas em período climatérico com fatores de risco, que incluem a maior parte da população, também devem fazê-lo.
Acredito que todas a mulheres deveriam fazer uma densitometria óssea para avaliar o seu pico de massa óssea e outra na menopausa para avaliar o seu ritmo de perda.
A melhor forma de evitar a osteoporose, é investir em ter um bom pico de massa óssea. Obviamente dependemos da nossa herança genética, mas podemos colaborar com uma alimentação rica em cálcio, em qualquer fase da vida.
Especialmente no período gestacional e da amamentação, é importante uma boa ingestão ou suplementação de cálcio tanto para a mulher como para o feto.
O sol, mesmo com filtro solar, colabora para a absorção da vitamina D e os exercícios são fundamentais em todas as fases da vida.
É preocupante no futuro o fato de que as crianças tenham se tornado cada vez mais sedentárias devido ao número de horas em ficam sentadas na frente da televisão ou do computador.
É muito importante desenvolver o hábito do esporte desde criança.
Aqueles que treinam algum esporte na infância ou na juventude tendem a se manter ativos durante toda a vida.
No próximo capítulo discutiremos as opções de tratamento e as perspectivas futuras.
Crédito:Luiz Affonso
Autor:Déborah Frattini
Fonte:Universo da Mulher