Cirurgia bariátrica:
Importância do controle nutricional e da cirurgia plástica após a realização do procedimento
Hoje, já sabemos que é fundamental o tratamento multidisciplinar nas etapas que antecedem e sucedem à operação. O perfeito entrosamento da equipe multidisciplinar, formada por médico cirurgião, gastroenterologista, nutricionista ou nutrólogo, psicólogo e fisioterapeuta, dentre outros profissionais, é parte fundamental no sucesso da cirurgia. Na verdade, o grande desafio é fazer com que o paciente se sinta a pessoa mais importante desta equipe. Ele precisa se sentir agente do próprio tratamento, afirma o cirurgião plástico, Ruben Penteado, diretor do Centro de Medicina Integrada.
Um questionamento muito comum que surge após a realização da cirurgia bariátrica é sobre a necessidade da realização de uma cirurgia plástica para retirada do excesso de pele do paciente. Segundo Ruben Penteado, a cirurgia plástica deve ser feita quando o objetivo da perda de peso estipulada pelo cirurgião bariátrico for atingido ou quando ocorreu a estabilização do peso do paciente. A estabilização do peso ocorre geralmente entre 01 e 02 anos, após a cirurgia bariátrica. Ainda assim, o cirurgião plástico deve selecionar os pacientes que estejam com IMC abaixo de 30. Quando o IMC, Índice de Massa Corpórea, estiver acima de 30, a cirurgia só deve ser feita se houverem razões fortes, como por exemplo, quando a sobra de pele e o excesso gorduroso prejudicam a locomoção do paciente, diz Ruben Penteado.
A grande perda de peso, efeito da cirurgia bariátrica, ocasiona a perda da elasticidade da pele, fato que prejudica não apenas o aspecto estético, mas algumas funções básicas da vida. Os problemas dos pacientes começam com prejuízos à postura e ao equilíbrio, causados pelo excesso de pele. Depois, podemos citar os problemas de integração social e de relacionamento sexual. Acentua-se o incômodo causado pelas dermatites localizadas nas dobras de pele, diz o cirurgião.
O médico destaca que é preciso observar, cuidadosamente, o paciente antes da realização da cirurgia plástica. Geralmente, pacientes que foram assistidos por uma equipe multidisciplinar estão mais preparados para a etapa da plástica. Aqueles que apresentam um quadro de depressão ou algum outro tipo de problema requerem mais atenção, defende.
Qual o melhor momento?
O melhor momento para se submeter a cirurgia plástica é quando o paciente estabiliza seu peso, com a alimentação considerada normal para ele, depois da cirurgia bariátrica. Ou seja, quando o paciente pára de emagrecer. Este é o momento certo para fazer a cirurgia plástica da obesidade. O IMC, dentre outros indicadores, ajuda a determinar o peso ideal não só para realizar a cirurgia plástica com sucesso, mas também para proporcionar qualidade de vida a este paciente, diz Penteado.
Para definir o momento mais oportuno para a plástica é fundamental também uma avaliação clínica e psicológica detalhadas, pois estes pacientes estão mais sujeitos à alterações como anemia e distúrbios metabólicos. Além disso, quadros como depressão, alcoolismo e uso de drogas também podem estar presentes, afirma o médico.
As cirurgias mais procuradas por este grupo de pacientes são a abdominoplastia (para corrigir o abdômen em avental), a mamoplastia, a braquioplastia (para retirada dos excessos dos braços), a cirurgia de coxas, a lipoaspiração e o lifting facial, que serão feitas de maneira isolada ou em combinações, dependendo de cada caso, e, visando, principalmente a segurança da intervenção, explica Ruben Penteado.
Importância do acompanhamento nutricional
A "guerra contra a obesidade" recomeça após a cirurgia, com conotações diferentes e com pacientes com ânimo redobrado ao se sentirem capazes de perder peso a ponto de alcançarem um peso saudável ou ideal para eles. É preciso aproveitar este momento, pois ainda não vislumbramos outras possibilidades para tratar estes pacientes. Precisamos apostar no sucesso do suporte nutricional após o procedimento cirúrgico, a única garantia da perda de peso saudável e duradoura para esses pacientes, defende o médico nutrólogo Thiago Volpi, que também integra o corpo clínico do Centro de Medicina Integrada.
A deficiência de vitaminas e minerais - micronutrientes - são as principais alterações que colocam em risco o sucesso dos procedimentos cirúrgicos para emagrecer. Logo, os pacientes devem receber uma dieta adequada a seu estágio nutricional no pós-operatório. A suplementação desses micronutrientes deve ser feita por via oral, intramuscular ou endovenosa, para garantir a saúde nutricional, impossibilitada de ser alcançada através da dieta. Uma vez que a técnica cirúrgica mais utilizada é definitiva, essas orientações devem ser observadas por toda a vida, ou melhor, elas devem ser intensificadas à medida que o pós-operatório passa, pois o risco nutricional aumenta à medida em que o tempo passa, explica o nutrólogo.
A importância da equipe nutricional que acompanha esses pacientes é fundamental para o sucesso do procedimento, pois de nada vale a técnica cirúrgica, se o paciente não fizer o acompanhamento clínico nutricional adequado. Cabe à equipe de nutrição a tarefa de esclarecer o paciente quanto aos seus riscos nutricionais e de mantê-lo motivado durante o tratamento, diz Thiago Volpi.
Mesmo em casos em que a cirurgia é um sucesso e há perda de peso definitiva, o paciente pode evoluir para uma anemia grave, que denuncia não somente a deficiência de ferro - que pode chegar a 50% dos pacientes operados - mas também a carência de vitaminas do complexo B, que agravam o quadro anêmico, levando à fraqueza e à deterioração da saúde, principalmente nas pacientes do sexo feminino que ainda menstruam ou que chegam a gestar após a cirurgia. A carência de ferro pode ser resolvida com o uso de vitaminas utilizadas por gestantes, pois contêm maior concentração de ferro (28 a 40mg de ferro elementar). Entretanto, muitos pacientes não conseguem restabelecer seus estoques de ferro com esse procedimento e requerem suplementos de ferro nas formas líquida ou mastigável além dos polivitamínicos. Estes pacientes devem ser orientados a ingerir o suplemento de ferro fora dos horários das refeições e acompanhado de uma pequena porção de suco ácido, ricos em vitamina C, para facilitar a absorção, explica Thiago Volpi.
Além disso, é importante saber que muitos suplementos nutricionais não são eficazes quando administrados por via oral, pois assim como os seus alimentos fontes, também não são absorvidos por essa via. É o caso da vitamina B12, que pode ser deficiente em até 70% dos pacientes operados do estômago. Os suplementos orais de vitamina B12 são absorvidos em apenas 1% da dose administrada, por isto são necessárias doses por via oral de até 200 vezes as recomendadas para alcançar a absorção necessária após a cirurgia bariátrica. A solução é administrar a vitamina por meio de injeções intramusculares em esquemas mensais ou trimestrais, de acordo com o quadro de cada paciente operado. Em pacientes com grave queda dos estoques de ferro, há também a necessidade da utilização do ferro por via endovenosa, diz Volpi.
Em outros casos, a deficiência nutricional pode causar lesões osteometabólicas incluindo osteopenia, osteoporose e osteomalácea. O resultado final dessas alterações são ossos frágeis, doloridos e sujeitos à fraturas. Estas alterações podem ser prevenidas quando os pacientes recebem suplementos de cálcio e vitamina D. O aparecimento destas complicações é conseqüência não só da má absorção do intestino desviado, mas também do fato que esses pacientes geralmente têm intolerância à lactose e não conseguem ingerir leite e seus derivados, afirma o nutrólogo.
A suplementação de cálcio - pelo menos 1200 a 1500mg por dia - e de vitamina D - cerca de 800 a 1200UI ao dia - devem ser prescritas por toda a vida do pacientes após a cirurgia bariátrica. Cuidados devem ser observados também quanto à concomitância das tomadas dos suplementos, uma vez que a suplementação de cálcio pode comprometer a absorção de ferro, dificultando a adequação do tratamento.
Outras deficiências nutricionais menos comuns como a de cobre, zinco, tiamina ou vitamina B1 e vitaminas chamadas lipossolúveis como a vitamina A e K também devem ser monitoradas através de dosagens sangüíneas específicas, pois vêm sendo descritas em freqüência cada vez maior, tendo em vista a progressão dos casos de cirurgia bariátrica realizados em todo o mundo.
No Brasil, as poucas estatísticas apontam para cerca de 30.000 cirurgias bariátricas realizadas anualmente e nos Estados Unidos as estatísticas davam conta de cerca de 140.000 procedimentos no ano de 2004. Esses valores nos dão a idéia do volume de pacientes a serem acompanhados e orientados, pois só alcançarão sucesso após a cirurgia, se estiverem motivados e engajados em programas nutricionais que lhes forneçam orientações e rumos seguros a seguir, entendendo que a luta contra a obesidade não termina com a cirurgia bariátrica, conclui Thiago Volpi.
CONTATO:
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Crédito:Cris Padilha
Autor:Márcia Wirth
Fonte:Universo da Mulher