Todo mundo sabe que o cigarro é muito prejudicial à saúde. Mas, o que quase não se fala é que, no caso das mulheres fumantes, os males são ainda piores, principalmente no que diz respeito ao sistema circulatório venoso. Pela produção de hormônios femininos, esse sistema já é muito mais frágil nas mulheres, e nas fumantes, torna-se muito mais propenso ao surgimento de doenças graves e potencialmente fatais, como a trombose.
Danos do tabagismo ao sistema circulatório venoso feminino podem ter consequências fatais e sequelas irreversíveis
Que o cigarro é extremamente prejudicial à saúde todo mundo sabe. Mas o que muita gente desconhece é o fato de que os danos que o fumo provoca nas mulheres são ainda mais devastadores. Cerca de 18% das brasileiras são fumantes; além de ter suas chances de desenvolver câncer aumentadas, elas estão muito mais propensas a ter problemas graves no sistema circulatório venoso. A razão disso está na constituição mais delicada desse sistema no organismo feminino, que, quando combinada aos efeitos nocivos do cigarro, pode resultar em varizes e casos sérios de trombose (formação de coágulos sanguíneos), com sequelas irreversíveis e riscos de complicações fatais.
De acordo com o angiologista e cirurgião vascular Eduardo Fávero, a produção dos hormônios femininos faz com que a parede das veias das mulheres seja naturalmente mais fraca, aumentando a propensão à coagulação sanguínea e, consequentemente, ao surgimento de varizes e trombose.
- O cigarro, por si só, já aumenta os riscos de se desenvolver trombose. Então, nas mulheres, cujas veias são naturalmente mais dilatadas devido aos efeitos dos hormônios femininos, esse risco é muito maior. Assim, seu uso também desencadeia ou acelera o aparecimento das varizes, além de piorar o quadro de quem já apresenta o problema - explica o especialista.
Mas engana-se quem pensa que só as fumantes que têm tendências a desenvolver varizes devem se preocupar. O Dr. Fávero afirma que, mesmo em quem não tem qualquer predisposição a apresentar problemas venosos, o cigarro é capaz de promover um estado de coagulação excessiva, que pode levar à formação de uma trombose no interior da veia. Essa trombose venosa profunda, como é conhecida, expõe a fumante ao risco de complicações seríssimas, como a embolia pulmonar, que acontece quando um coágulo que estava fixo em uma veia do corpo se desprende e vai pela circulação até o pulmão, obstruindo a passagem do sangue por uma artéria. Como resultado, pode ocorrer dano pulmonar ou até mesmo a morte imediata.
- Outro risco é o desenvolvimento de sequelas permanentes e evolutivas, que pioram com o tempo, como a insuficiência venosa, quando os vasos sanguíneos passam a não conduzir o sangue corretamente. Isso tem várias conseqüências, como a dermatite crônica, que leva à formação na pele de úlceras de difícil cicatrização acrescenta o médico.
O Dr. Fávero chama atenção, ainda, para o fato de que o risco pode ser ainda maior no caso das fumantes que usam anticoncepcionais orais. Associado aos hormônios da pílula, o tabagismo forma uma´bomba´ de trombose prestes a explodir, além de aumentar muito os riscos de acontecimento de um Acidente Vascular Cerebral (AVC), diz.
Para evitar todos esses problemas, o angiologista e cirurgião vascular é categórico ao afirmar que a única solução é mesmo deixar o cigarro de lado:
- Além de cessar o hábito, não há nenhuma outra medida capaz de amenizar os danos causados pelo cigarro. A boa notícia é que, quando se para de fumar, os riscos de trombose venosa diminuem quase que imediatamente, apesar de os danos físicos causados às veias, como a dilatação, serem irreversíveis.
Membro do Colégio Brasileiro de Cirurgiões e titulado pelo Instituto de Cirurgia Vascular e Endovascular de São Paulo. Dr. Eduardo Fávero é especializado em angiologia, cirurgia vascular e endovascular.
Com passagem pelos maiores centros emergenciais do Rio de Janeiro, é membro da equipe de cirurgia vascular dos hospitais da Lagoa e Geral de Jacarepaguá. Além disso, possui consultórios em Copacabana e Ipanema e integra equipe de cirurgia vascular de vários hospitais particulares do estado.
site: www.eduardofavero.com.br
Crédito:Cris Padilha
Autor:Thaís Freitas
Fonte:Universo da Mulher