Alteração do comportamento de uma hora para outra - como mudança de amigos, insônia, dificuldade de concentração, irritabilidade e desinteresse pelas atividades sociais - em um jovem que aparentemente é saudável causa preocupação e medo nos pais. Imediatamente, essas ações anormais são associadas a drogas. Mas, o que familiares e amigos não sabem é que essas atitudes podem ser os primeiros sintomas da esquizofrenia.
Essa doença, que atinge cerca de 1% da população mundial, é uma desordem cerebral crônica, grave e incapacitante. Segundo a médica e psicanalista, Soraya Hissa de Carvalho, a esquizofrenia se manifesta geralmente antes dos 25 anos e raramente aparece depois dos 50 anos. É uma doença do cérebro com manifestações psíquicas, que começa no final da adolescência ou início da idade adulta. O curso desta doença é sempre crônico e tem tendência à deterioração da personalidade do indivíduo, explica a médica.
A esquizofrenia pode desenvolver-se lentamente, no qual tanto o doente quanto os familiares demorem a perceber algo errado, ou o doente pode apresentar mudanças de comportamento em questões de dias. Não há uma regra fixa quanto ao modo de início. Tanto pode começar repentinamente e eclodir numa crise exuberante, como começar lentamente sem apresentar mudanças extraordinárias e somente depois de anos surgir uma crise característica, diz Soraya.
Segundo a médica, a causa da doença ainda é desconhecida. Diversas teorias sobre o que pode levar um indivíduo a ter essa patologia são apontadas, mas nenhuma até hoje comprovada. Assim, como muitas outras doenças mentais, acredita-se que a esquizofrenia seja uma combinação de fatores genéticos e ambientais.
O portador dessa doença mental pode escutar vozes e acreditar que outros estão lendo e controlando seus pensamentos ou conspirando para prejudicá-lo, pode falar coisas que não fazem sentido, ficar sentada por horas sem se mover ou falar muito pouco. Ou ainda, pode parecer perfeitamente bem até falarem o que realmente estão pensando. De acordo com a psicanalista, essas experiências são aterrorizantes e podem causar medo, recolhimento ou agitação extrema. Isso, conseqüentemente, prejudica a vida profissional e social, uma vez que os sintomas apresentados podem ser confundidos com rebeldia, preguiça, ou outra doença como a depressão.
Os familiares e amigos devem ficar atentos às modificações de comportamento, pois são essenciais no diagnóstico e no controle da doença. Segundo a médica, os tratamentos atuais focalizam na eliminação dos sintomas. As medicações antipsicóticas controlam as crises e ajudam a evitar uma evolução mais desfavorável da doença. A terapia ocupacional e familiar é muito importante para diminuir as recaídas e promover o ajustamento social dos portadores da doença. Os tratamentos disponíveis hoje podem aliviar muitos os sintomas, porém a maioria das pessoas com esquizofrenia enfrenta alguns sintomas residuais por toda vida. Apesar disso, muitos conseguem levar uma vida normal, convivendo com outros indivíduos, destaca a médica.
Crédito:Cris Padilha
Autor:Liège Camargos
Fonte:Universo da Mulher