Para latinas, depressão altera apetite e diminui desejo sexual
Pesquisa Ibope realizada com 1.100 mulheres em cinco países da América Latina revela que, para elas, doença pode engordar o que leva muitas a abandonar o tratamento
Mais de 90% das latinas também afirmam que a depressão impacta diretamente na vida familiar, profissional e social
As mulheres latino-americanas acreditam que conhecem os sintomas da depressão, afirmam buscar o médico como principal fonte de informação e garantem que um dos principais problemas da doença e seu tratamento são alterações no apetite e diminuição no desejo sexual. Os resultados estão no estudo DELA (Depresíon en Latinoamérica), realizado com 1.100 mulheres, entre 35 e 55 anos, de cinco países (Brasil, Chile, México, Colômbia e Venezuela).
O estudo DELA, coordenado pelo Ibope, foi apresentado hoje durante XXV Congresso da Associação Latino-Americana de Psiquiatria (APAL), em Isla Margarita, na Venezuela. O estudo é uma iniciativa da APAL e conta com patrocínio da Wyeth Indústria Farmacêutica. A pesquisa traz informações importantes para médicos sobre a percepção que as mulheres têm da depressão, avalia o psiquiatra Edgard Belfort, presidente do comitê organizador do congresso. Elas têm duas vezes mais depressão do que os homens e precisam conhecer mais sobre a doença, completa.
Do total de mulheres entrevistadas nos cinco países, 90% das latino-americanas afirmaram considerar a depressão uma doença. Mesmo assim, 45% delas ainda acreditam que a depressão é uma doença de pessoas frágeis, o que revela o preconceito que ainda cerca o problema. O resultado mostra uma mudança importante no comportamento feminino, mas também revela que ainda há muito desconhecimento em torno da doença, explica Belfort. Os sintomas emocionais, como tristeza, irritabilidade e sensação de isolamento, ainda são os mais relatados na hora de definir a depressão por 66% das entrevistadas.
Segundo Belfort, este dado revela que os médicos precisam estar atentos também a essas queixas para identificar o problema em suas pacientes. Sabemos que esses serão os sintomas mais relatados por elas. Por isso, o médico precisa prestar atenção a essas queixas na hora da consulta, completa. Além disso, alterações no apetite e diminuição da libido são outros sintomas entre os mais citados pelas pacientes.
Impacto funcional
De acordo com a pesquisa, 96% das latino-americanas concordam com o fato de que a depressão provoca alterações significativas no apetite e 87% dizem que a depressão na mulher diminui o desejo sexual. Para as mulheres, essa percepção é particularmente importante. Sabemos a importância que elas dão a boa forma e como esses fatores poderão afetar diretamente na adesão ao tratamento, alerta Belfort. Mais de 90% das também acreditam que a depressão tem um grande impacto funcional, afetando diretamente sua vida familiar, profissional e social.
Adesão ao tratamento
Procurar psicólogo ou sessões de análise ainda são a primeira alternativa como tratamento para a depressão para 59% das latino-americanas entrevistadas. Outras 41% afirmam que o médico psiquiatra é o mais indicado para tratar o problema e 32% consideram os antidepressivos como a forma mais correta e eficaz para o tratamento da doença. Nas mulheres que afirmaram ter depressão, estes índices sobem para 51% e 38%, respectivamente.
Para 45% das entrevistadas, os medicamentos mais utilizados no tratamento da depressão provocam significativo aumento de peso. Entre as mulheres que afirmaram ter depressão, esse índice sobe para 50%. Para os especialistas, aumento de peso está entre um dos fatores que dificultam a adesão das mulheres ao tratamento da depressão. Para metade das entrevistadas, a perda de desejo sexual é outro efeito colateral dos antidepressivos que pode atrapalhar na adesão ao tratamento.
Entre as principais razões relatadas para abandono ao tratamento estão:
- Se sentir melhor e achar que não precisa mais do remédio;
- Esquecimento;
- Aumento de peso;
- Perda do desejo sexual;
- Interação com outros medicamentos.
Crédito:Cris Padilha
Autor:Danilo Tovo
Fonte:Universo da Mulher