Os benefícios podem ser observados em diversos distúrbios decorrentes do acidente

O Acidente Vascular Cerebral (AVC), popularmente conhecido como derrame, pode comprometer diversas funções do corpo, entre elas a cognitivo-comportamental, que está diretamente relacionada à fala, à deglutição e às percepções sensoriais. Segundo as coordenadoras da equipe de fonoaudiologia do Ganep Lar, Vanessa Denadai Garbuio e Luciana Syuri Tanada, o comprometimento dessa função ocasiona distúrbios como déficit da linguagem, dificuldade de deglutição e paralisia facial, que só podem ser controlados por meio de terapia específica.

“Apresentamos figuras, atividades do cotidiano e também trabalhamos a leitura e a escrita com o objetivo de estimulá-los a produzir alguma comunicação verbal. Para dificuldade de deglutição, ou paralisia cerebral, fazemos terapia motora, sensorial e funcional como foco no tônus, mobilidade e coordenação dos órgãos fonoarticulatórios, sensibilidade tátil e gustativa térmica, respiração, fonação, mastigação e deglutição”, afirma Vanessa.

Quanto mais graves as seqüelas, e quanto mais rápida for iniciada a terapia, maiores benefícios poderão ser sentidos.  “O ideal é que aconteça logo depois do AVC, quando o cérebro está se reajustando funcionalmente e reorganizando a rede de neurônios para compensar os danos da lesão”, afirma a fonoaudióloga.

No processo de recuperação das vítimas do AVC, uma excelente opção é o atendimento domiciliar. Conforme o caso, é cada vez mais freqüente a autorização médica para a continuidade do tratamento em casa. É uma forma de humanizar a assistência à saúde e, simultaneamente, garantir mais qualidade de vida.

“No aconchego do lar, com parentes, amigos e um ambiente conhecido, o paciente tende a responder melhor ao tratamento ministrado pela equipe multidisciplinar de saúde”, afirma a especialista.

Além de diagnosticar e realizar os exames específicos, no tratamento domiciliar o paciente é constantemente avaliado pelo médico e por toda a equipe envolvida no tratamento, verificando novas medicações ou procedimentos para amenizar os efeitos dos distúrbios.

As diferentes regiões do cérebro

A ocorrência de um distúrbio neurológico indica que alguma área específica do cérebro foi lesionada. Um déficit de linguagem muito acentuado, caracterizando afasia, geralmente é decorrência de lesão no hemisfério esquerdo cerebral. Já quando o problema é a dificuldade de deglutição, a lesão pode ter atingido o tronco cerebral.

Porém, segundo Vanessa Garbuio, existem lesões que atingem um pouco de cada região e exigem não só a atuação terapêutica do fonoaudiólogo, mas o acompanhamento pontual do neurologista ou de outros especialistas.