Rio de Janeiro, 24 de Novembro de 2024

USO DE REMÉDIOS SEM CONTROLE PODE CAUSAR PERDA DE AUDIÇÃO

USO DE REMÉDIOS SEM CONTROLE PODE CAUSAR PERDA DE AUDIÇÃO

Substâncias ototóxicas causam lesões graves, adverte especialista

O uso prolongado, em altas doses, de quase 60 remédios, pode provocar tonteira, zumbido e até surdez. Entre as substâncias que mais podem causar problemas de audição estão, por exemplo, o salicilato de sódio - comum em remédios para inflamação e dor, diuréticos e anticoagulantes.


A fonoaudióloga Isabela Gomes, do Centro Auditivo Telex, alerta para os riscos da automedicação. "Infelizmente, é comum as pessoas tomarem remédios por conta própria, influenciadas pela indicação de vizinhos e amigos, o que é perigoso. As substâncias conhecidas como ototóxicas causam lesões graves e, muitas vezes, irreversíveis à cóclea, a parte do ouvido humano responsável pela audição".


Embora nem sempre possam ser evitados, os remédios ototóxicos devem ser ingeridos com conhecimento médico para evitar problemas. O ideal é que, antes do tratamento, sejam feitos exames para verificar se já existe alguma lesão que possa se agravar com o uso do remédio.


Os quimioterápicos, usados no tratamento de câncer, e os antibióticos da família dos aminoglicosídeos, usados na prevenção e no tratamento de infecções pós-operatórias, são outros exemplos de remédios que podem acarretar danos irreversíveis à audição. É um dilema enfrentado pelos médicos. Bebês prematuros também correm riscos, já que precisam tomar antibióticos para combater determinadas infecções respiratórias.


"Os recém-nascidos com baixo peso são muito expostos a infecções e precisam desses remédios, mas é preciso atenção. Hoje o teste da orelhinha é uma avaliação realizada em muitos hospitais, e em alguns estados, inclusive, é obrigatório que todos os bebês sejam examinados para saber se existe alguma perda auditiva", lembra a fonoaudióloga Isabela Gomes. A situação é ainda pior para aqueles bebês que precisam passar um bom tempo na incubadora, porque, além dos remédios, eles são prejudicados pelo barulho nas incubadoras, que pode chegar a até 100 decibels.


Quando a perda auditiva causada por medicamentos ototóxicos ocorre ainda na infância, a lesão da cóclea - responsável por transmitir a vibração sonora do ouvido até o cérebro -, traz problemas para a fala e o aprendizado. "Nesses casos, a perda auditiva é irreversível e o processamento do som sofre prejuízo. Perde-se a capacidade de perceber com clareza a voz humana, os sons do ambiente e até a própria voz", explica a fonoaudióloga.


Os efeitos da ototoxidade dos remédios são amplos e atingem indivíduos de todas as idades. Nos ouvidos, esses medicamentos causam uma perda neurossensorial, temporária ou definitiva, de grau variado (de leve à profunda), de acordo com o remédio, a dose ingerida e o tempo de tratamento.


"Aconselho a quem tem alguma dificuldade auditiva que procure um especialista o mais rápido possível. A perda auditiva pode ter muitas causas: trauma acústico, infecções, idade avançada, mas pode ser conseqüência também de um medicamento ototóxico", conclui a fonoaudióloga do Centro Auditivo Telex.

Crédito:Cris Padilha

Autor:Flávia Arakaki

Fonte:Universo da Mulher