Rio de Janeiro, 21 de Novembro de 2024

Rastreamento do câncer de próstata não reduz mortalidade pela doença.

Rastreamento do câncer de próstata não reduz mortalidade pela doença

Instituto Nacional de Câncer (INCA) desaconselha exame de toque retal e dosagem de PSA como rotina.

Diminuir as taxas de mortalidade de uma determinada doença é condição essencial para que seja implantada uma política de rastreamento. No entanto, o câncer de próstata não se encaixa nesse perfil. “Não existem evidências científicas de que o rastreamento para o câncer de próstata reduza a mortalidade causada pela doença”, aponta Ana Ramalho, gerente da Divisão de Gestão da Rede Oncológica do Instituto Nacional de Câncer (INCA).

Dessa forma, não é indicado que homens sem sintomas (sangue na urina; necessidade freqüente de urinar, jato urinário fraco; dor ou queimação ao urinar) se submetam rotineiramente ao toque retal e ao exame de dosagem do antígeno prostático específico (PSA, na sigla em inglês). A Organização Mundial de Saúde não recomenda a estruturação de programas de rastreamento para o câncer de próstata.

O INCA recomenda que homens que demandem espontaneamente a realização do exame de rastreamento sejam informados por seus médicos sobre os riscos e benefícios associados a esta prática. No entanto, o homem sempre deve procurar o urologista na presença de algum sinal de alerta.

 

“Estudos demonstram que o câncer de próstata é evidenciado histologicamente em 30% dos exames pós-morte em homens com mais de 50 anos. Isso significa que, num grande número de homens, a doença está presente, mas nunca evoluirá”, pontua Ana Ramalho.

Estão em curso atualmente dois grandes estudos (um que reúne dados de oito países da Europa e o outro, nos Estados Unidos) que investigam o impacto do rastreamento da doença na mortalidade masculina. Até agora, as pesquisas constataram excesso de diagnóstico de câncer de próstata nos grupos analisados e maior probabilidade de encontrar tumores de lenta progressão (a maioria) que, muitas vezes, nem chegariam a afetar a saúde do paciente, mas, quando detectados, exigem que o homem se submeta a tratamentos.  Esses resultados reiteram a necessidade de maior tempo de seguimento para demonstrar se haverá ou não redução da mortalidade com o rastreamento.

E nenhum tratamento é isento de riscos. A radioterapia, indicada tanto para tumores pouco agressivos quanto para o agressivo localizado, ataca não só as células tumorais, mas também células saudáveis da bexiga e do reto, o que pode deixar seqüelas. Outro risco sério é a possibilidade de o paciente ter disfunção erétil (estimada em até 70%) e incontinência urinária (até 25%), após a retirada da próstata, segundo o National Health Service, do Reino Unido.

“O conhecimento atual sobre rastreamento de doenças é de que, como em qualquer outra tecnologia em saúde, seu uso pode trazer benefícios e riscos, que devem ser cuidadosamente analisados e comparados antes de sua incorporação na prática médica e de saúde pública”, complementa a médica.

Com exceção dos Estados Unidos, onde o teste do PSA é muito popular, nenhum outro país adota o rastreamento do câncer da próstata como uma política de saúde pública. “O INCA continuará acompanhando o debate científico sobre o tema, podendo rever esta posição quando estiverem disponíveis os resultados dos estudos multicêntricos em curso”, concluiu Ana Ramalho.

Segunda causa de morte por câncer entre homens

O câncer de próstata é a segunda causa mais comum de morte por câncer entre os homens no Brasil. Esse câncer é raro antes dos 50 anos e o risco é maior em homens com história familiar. Ele não é uma doença única, mas engloba desde tumores muito agressivos àqueles de crescimento lento. Muitos homens com a doença menos agressiva tendem a morrer com o câncer em vez de morrer do câncer, mas nem sempre é possível dizer, no momento do diagnóstico, quais tumores são agressivos e quais os de crescimento lento.

Não são conhecidas formas específicas de prevenção do câncer da próstata. No entanto, adotar hábitos saudáveis, como fazer exercícios físicos, não fumar e ter uma alimentação rica em vegetais, é capaz de reduzir o risco de desenvolvimento de certas doenças, entre elas o câncer.

De acordo com as estimativas do Instituto Nacional de Câncer, são esperados ao longo de 2008 49.530 novos casos de câncer de próstata. Os estados com as maiores taxas brutas de incidência (número de casos a cada 100 mil habitantes) são Rio Grande do Sul (80,63), Rio de Janeiro (77,93), Paraná (65,16) e São Paulo (64,3).


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Crédito:Cris Padilha

Autor:Instituto Nacional de Câncer (INCA).

Fonte:Instituto Nacional de Câncer (INCA).