Morte súbita mata mais que acidentes automobilísticos
e vira tema de campanha nacional
Na primeira semana de novembro é comemorado o II Dia Nacional de Prevenção das Arritmias Cardíacas e Morte súbita, e a campanha Coração na Batida Certa, realizada pela So
O problema é muito sério, mas pouco se fala sobre o assunto.
Ela mata mais que Aids, acidentes de automóveis, AVC e câncer de mama, mas só aparece na mídia quando atinge a personalidades como a ex-primeira dama, dona Ruth Cardoso, e o jogador de futebol Serginho, do São Caetano.
Nos EUA, são cerca de 400 mil casos de morte súbita por ano. E no Brasil esse número pode ser ainda maior.
Embora não haja estatística que comprove esse dado preocupante, estima-se que aqui a situação seja mais grave por dois motivos: nossos hábitos são semelhantes aos dos americanos e ainda temos a doença de Chagas, inexistente naquele país.
É difícil chegarmos a um número exato porque os atestados de óbito nem sempre correspondem à causa efetiva da morte. Culturalmente, os brasileiros rejeitam a realização da necropsia, prejudicando ainda mais o diagnóstico. Então, muitos atestados aparecem como infarto, quando na verdade a pessoa pode ter falecido por morte súbita, lamenta Dr. Tarcísio Medeiros Vasconcelos, cardiologista do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo e um dos idealizadores da campanha.
Segundo o médico, a necropsia ajuda, inclusive, a detectar possíveis chances de morte súbita em outros membros da família, quando diagnosticada sua causa por hereditariedade.
A morte súbita se caracteriza quando a pessoa morre em até uma hora após o início da manifestação dos sintomas, que podem ser palpitações, sensação de mal estar, escurecimento das vistas, suor frio, palidez, etc.
O problema é que, muitas vezes, não existem sintomas.
Por isso é tão importante alertar a população sobre o perigo das arritmias cardíacas. Elas nunca são normais e podem levar à morte súbita, sendo que poderiam ser evitadas a partir da realização de simples exames, comenta o especialista.
Outra questão importante levantada pelo médico é o fato de a população não poder depender apenas dos Bombeiros quando precisar de socorro, especialmente em uma cidade com o trânsito de São Paulo.
De acordo com o Dr. Tarcísio, é fundamental que se criem leis para a obrigatoriedade do uso de desfibriladores em locais públicos.
Hoje temos em alguns shoppings e metrôs, mas o ideal é que todo local com aglomeração de pessoas fosse obrigado a ter um aparelho como esse, que pode, sem dúvida, salvar vidas. Se um condomínio não tem extintor, por exemplo, é multado. Por que não manter um desfibrilador também?, diz o médico.
A cada minuto sem socorro, perde-se aproximadamente 20% de chances de reverter a situação. Após 5 minutos o coração do paciente pode até voltar a bater, mas possivelmente ele já perdeu alguns neurônios, que não se regeneram, resultando em morte cerebral, explica o cardiologista.
ENTENDA AS ARRITMIAS
Em condições normais, o nosso coração "bate" em uma freqüência que varia de 60 a 100 vezes por minuto.
Os estímulos responsáveis por esse batimento cardíaco são representados por uma espécie de "corrente elétrica", transmitida a todo o coração por meio de estruturas que poderiam ser grosseiramente comparadas a "fios condutores".
As arritmias cardíacas são distúrbios do ritmo cardíaco, que inclui um grande número de doenças, algumas bastante comuns e outras extremamente raras.
Ocorrem em qualquer idade, independente do sexo e da etnia, estando ou não associadas a outras doenças do coração. Podem ser classificadas como:
Bradicardia: quando o coração bate mais lento.
Taquicardia: quando o coração bate mais rápido.
Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo
Rua Maestro Cardim, 769 Paraíso (SP) Tel (11) 3505-1000.
SOBRAC
Rua Estevão Baião, 750 Campo Belo Tel (11) 5543-1824.
Crédito:Cris Padilha
Autor:Fernanda Bosnich
Fonte:Universo da Mulher