Um em cada quatro portadores de ceratocone tem idade entre 17 e 27 anos. A doença deforma a córnea e leva 20% dos casos ao transplante.
Estudo mostra que 98% dos transplantes de córnea são bem sucedidos.
Um em cada mil brasileiros tem ceratocone. A doença afina a parte central da córnea, membrana anterior dos olhos responsável pela refração da luz, que toma a forma de um cone.
Córnea normal à esquerda
e córnea com a curvatura aumentada (ceratocone) à direita
De acordo com o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, a parte central da córnea é responsável pelo eixo da visão. Por isso, qualquer alteração em sua superfície torna a visão embaçada e desfocada tanto para perto, como para longe.
Os sintomas do ceratocone, ressalta, são idênticos aos do astigmatismo. A diferença é que já no início causa instabilidade visual com troca freqüente de grau dos óculos.
Geralmente a doença surge a partir dos 16 anos de idade. Em 90% dos casos acomete simultaneamente os dois olhos, sendo que 1 em cada 4 portadores tem idade entre 17 e 27 anos.
Segundo Queiroz Neto, o diagnóstico é feito a partir de topografia corneana computadorizada, exame que mostra as irregularidades de toda a superfície da córnea e permite a prescrição da terapia mais adequada. O tratamento, comenta, exige acompanhamento médico a cada seis meses ou anualmente, dependendo do estágio da doença que pode progredir de
Anatomia do olho
O olho é responsável pela captura das imagens. Para exercer essa função, possui um sistema óptico formado por duas lentes: a córnea e o cristalino. Ambas devem ser transparentes e possuir superfícies lisas e regulares para permitirem a obtenção de imagens nítidas.
DOENÇA RESPONDE POR 70% DA FILA DE ESPERA POR CÓRNEA
No início, ressalta, o tratamento é feito com óculos. Já nas fases mais avançadas requer lentes de contato rígidas que aplanam a córnea e até o implante de um anel entre as camadas corneanas para que volte ao seu formato original.
O implante do anel é menos invasivo que o transplante, destaca, mas só é indicado para quem tem poucas alterações na córnea. Por isso, 20% dos casos levam ao enxerto. Queiroz Neto afirma que um estudo multicêntrico demonstra que 98% dos procedimentos são bem sucedidos. Com 2,3 mil transplantes já realizados, ele diz que o ceratocone responde por 70% da fila de espera por córnea no Brasil.
A mais nova terapia para tratar a doença, comenta, é o Corneal Cross Link que promete interromper a progressão usando riboflavina (vitamina B2) associada à luz ultravioleta para endurecer a córnea. O procedimento ainda é experimental e, por enquanto, ressalta, o único tratamento que proporciona a cura definitiva do ceratocone é o transplante. Para devolvermos a visão a milhares de brasileiros e acabarmos com a fila de espera ainda é fundamental comunicar em vida o desejo de fazer a doação à família.
Crédito:Cris Padilha
Autor:
Fonte:Eutrópia Turazzi