Rio de Janeiro, 24 de Novembro de 2024

Pesquisa apoiada pelo CNPq avalia a eficácia do coquetel da AIDS


Projeto pioneiro, coordenado pelo professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Marcelo Alves Soares, estuda a resistência de subtipos do HIV predominantes em países em desenvolvimento aos medicamentos disponíveis para tratamento. A pesquisa, apoiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCT), aponta para um dado importante: os subtipos não-B, predominantes em países da África e na Índia, são mais sensíveis à terapia do coquetel do que os subtipos B, típicos dos países desenvolvidos e para os quais os estudos no mundo têm sido voltados.

"Esta é justamente a questão interessante do estudo. Todas as drogas anti-retrovirais do coquetel anti-HIV foram desenvolvidas para o subtipo B, visto que este é o dominante nos países desenvolvidos, como EUA, países da Europa ocidental, Japão, Canadá, etc.", comenta o professor Marcelo Soares.

Iniciada em 2002, a pesquisa consiste na avaliação da resposta à terapia do coquetel e o desenvolvimento de resistência de pacientes dos serviços de atendimento e acompanhamento em HIV/AIDS do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e do Hospital Universitário do Rio Grande, ambos no Rio Grande do Sul.

A Região Sul constitui um dos únicos locais do mundo onde os dois subtipos mais importantes, o B e o C, ocorrem em igual freqüência e na mesma população. Cerca de 45% dos portadores de HIV no Rio Grande do Sul são do subtipo C. "Esta prevalência diminui à medida em que subimos no país. Em Santa Catarina, acredita-se que seja ao redor de 37%, no Paraná, cerca de 25%. Já na Região Sudeste, ao redor de 3-5%. No resto do país, o subtipo C é descrito em casos esporádicos", explica Soares.

Resistência
Já foram utilizadas amostras de cerca de 150 pacientes, metade infectada pelo subtipo B e a outra metade pelo subtipo C. Os resultados, que mostram que o subtipo C parece ser mais sensível às drogas quanto à durabilidade da eficácia do tratamento, levantam a necessidade de estabelecer esquemas terapêuticos preferenciais, com as drogas atualmente disponíveis para cada subtipo.

"O nosso estudo mostrou que o subtipo C acumula resistência mais lentamente a duas das três classes de drogas anti-retrovirais mais utilizadas no mundo. Para a terceira classe, não foi observada diferença entre os dois subtipos. Assim, seria possível supor que a utilização de drogas das duas primeiras classes ao invés da terceira seria mais benéfica para indivíduos infectados pelo subtipo C", conclui o pesquisador.

África e Índia
A avaliação de sensibildade do subtipo C às drogas tem sido feita, também, com um grupo da África do Sul e, com a Índia, está em andamento um projeto para desenvolver ferramentas para o estudo da resistência do subtipo C, por meio do do uso de clones virais brasileiros e indianos.

O investimento do CNPq no projeto foi de R$ 46,6 mil, além da concessão de bolsas de Iniciação Científica e de Mestrado ao grupo liderado por Soares.

Carreira científica
O CNPq vem acompanhando o coordenador da pesquisa, Marcelo Soares, em toda sua trajetória acadêmico-cientifica. Ainda na graduação em Ciência Biológicas, na UFRJ, Marcelo foi bolsista de Iniciação Científica. Além disso, o professor concluiu o mestrado em Biofísica e o doutorado em Genética, ambos também na UFRJ, com bolsa do CNPq. Marcelo Soares é, ainda, Pós-Doutor em Retrovirologia pelo Instituto Pasteur de Paris, na França.

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Crédito:Cris Padilha

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Fonte:Assessoria de Comunicação Social do CNPq