Suplementos nutricionais, freqüentemente considerados inofensivos, podem causar reações adversas significativas. Este alerta é feito por médicos do mundo inteiro, mas no Brasil, o assunto ainda é pouco discutido. Segundo o médico especialista em doenças do fígado, Marcial Carlos Ribeiro, o uso indiscriminado de ingredientes não mencionados na formulação desses produtos representa sérios riscos à saúde.
Em países industrializados, há um número ascendente de produtos que proclamam a melhora na qualidade de vida, aumento da performance física e mental e elevação da auto-estima. Com o apelo de produto natural, homeopático e feito de ervas, são considerados inofensivos.
Vários suplementos alimentares são produzidos, vendidos e consumidos sem grandes barreiras de regulamentação, revela Ribeiro. Além disso, esses produtos, normalmente, não possuem informações claras sobre os ingredientes ativos, suas combinações e indicações de uso. Há pouca evidência clínica sobre a eficácia e a segurança desses produtos. Na verdade, muitos suplementos alimentares são associados com reações adversas graves e mesmo falência hepática fulminante, conta o especialista.
Dados da Associação Americana de Estudos das Doenças do Fígado revelam que há casos de pacientes com saúde normal, vacinados contra hepatite viral dos tipos A e B, apenas com excesso de peso, que após um período de regime a partir do consumo de produtos formulados com Camellia Sinensis, substância também encontrada no chá verde, deram entrada em hospitais com quadro de dor aguda na região abdominal. Após exames e tentativas de tratamento, desenvolveram necrose hepática, que resultou em um transplante de fígado.
Ribeiro, que também é o instituidor da Funef (Fundação de Estudos das Doenças do Fígado Koutoulas-Ribeiro), explica que o maior problema está na falta de padronização desses produtos. Eles deveriam ser considerados medicamentos e vendidos somente com receita médica e acompanhamento especializado, conclui o médico.
Camellia Sinensis
Um estudo publicado pela Associação Européia de Estudos do Fígado, no dia 2 de agosto de 2007, revela que, em 2004, foram identificados quatro casos de hepatite aguda relacionados ao consumo de Camellia Sinensis. O problema levou a uma investigação do Ministério da Saúde em todos os hospitais de Israel. Doze pacientes com lesão hepática idiopática aguda associada ao consumo da substância foram investigados. Uma das pacientes desenvolveu cirrose biliar e outra hepatite B.
Segundo a publicação, entre os pacientes investigados, um deles apresentou uma lesão hepática aguda após pouco mais de 11 meses de uso de Camellia Sinensis. Dois pacientes desenvolveram episódios de falência hepática fulminante, e um sub-fulminante, enquanto outro sucumbiu a complicações de um transplante de fígado. Três pacientes retomaram o consumo da substância após a normalização do nível enzimático no fígado, o que resultou em uma segunda aparição da hepatite. O estudo concluiu que há associação entre o consumo de produtos que contém Camellia Sinensis e hepatite aguda em Israel.
Crédito:Luiz Affonso
Autor:Aline Cambuy
Fonte:Lide Multimídia