Rio de Janeiro, 21 de Novembro de 2024

Despreparo para envelhecer: consultas médicas habituais aumentam as chances de um envelhecimento saudável

A pesquisa "Idosos do Brasil Vivências, Desafios e Expectativas na 3ª Idade", realizada pela Fundação Perseu Abramo, em parceria com o Sesc Nacional e o Sesc São Paulo, trouxe à tona informações importantes sobre a terceira idade. Foram ouvidos 3.759 idosos em 204 cidades distribuídas em todas as regiões do País.
 
 
Os dados relativos à saúde chamam atenção. O estudo revelou que 42% dos homens com mais de 60 anos nunca fizeram exame de próstata e que 26% das mulheres da mesma faixa etária nunca foram ao ginecologista. Em média, os idosos foram a uma consulta médica pela última vez há cerca de 11 meses. As idosas fazem consultas mais freqüentes, fizeram a última há 7 meses e meio, em média, enquanto os homens fizeram sua última consulta há 16 meses e meio.
 
 
Estudo divulgado pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) aponta que o crescimento do câncer de próstata está associado à exposição da população a fatores de risco cancerígenos. Consumo de álcool, tabagismo e obesidade são os principais fatores de risco para o desenvolvimento de nove dos principais tipos de câncer no Brasil.
 
 
A taxa de mortalidade do câncer de próstata, que praticamente dobrou no sexo masculino (95,48%) em 25 anos (1979 a 2004) – passou de 7,08 óbitos por 100 mil homens para 13,84 óbitos. Um reforço nas ações de diagnóstico poderia, por exemplo, ajudar a reduzir o câncer de próstata, que, segundo o INCA, é detectado no estágio inicial apenas em 7% dos casos. Quando o diagnóstico do tumor primário é feito logo, 90% dos pacientes têm uma sobrevida maior que cinco anos. Já se for detectado tardiamente, essa proporção cai para a metade.
 
No dia-a-dia:
 
Os urologistas recomendam que todo homem acima de 50 anos de idade faça anualmente o exame de toque retal e de PSA (antígeno prostático específico), uma proteína cujos níveis sobem na maioria dos casos de câncer de próstata. Se ele tiver, porém, um parente de primeiro grau (pai, filho, irmão) com câncer de próstata, for da raça negra ou obeso deve começar aos 45 anos, porque seu risco para desenvolver a doença é maior.
 
 
Os médicos insistem nos dois exames, porque em 20% dos casos de câncer, o PSA pode permanecer normal, mas combinado com o de toque, quase a totalidade dos casos pode ser identificada. “O diagnóstico do câncer de próstata só é feito com segurança por meio do toque retal e do exame de sangue chamado PSA, proteína que só a próstata produz e que se eleva muito, nos casos de câncer”, explica o urologista Ricardo Felta de La Roca.

Na cabeça dos homens existe a fantasia de que o exame de PSA é suficiente para o controle preventivo do câncer. “Na realidade, não é. Ele falha em 20% dos casos. Embora o de toque falhe em 35%, fazendo os dois juntos a probabilidade de deixar escapar um problema cai para 8%. Portanto, um exame não exclui o outro. Ao contrário, um complementa o outro na realização do diagnóstico”, explica o urologista.
 
Para Ricardo de La Roca, os homens, ainda relutam em fazer o toque retal por dois motivos: o primeiro, por preconceito cultural típico do machismo latino, o segundo, por medo de sentir dor. É preciso investir na disseminação da informação para acabar com o preconceito. “O paciente exposto à informação resiste, faz piadas, acha ruim, mas acaba se submetendo ao exame de toque. E, no ano seguinte, retorna para repetir o exame porque percebeu a sua importância e que o procedimento não causa dor”, diz o médico, que também é assistente estrangeiro da Faculdade de Medicina de Paris V – Hospital de la Pitié-Salpetrière.
 
“O câncer de próstata quase sempre aparece na face posterior da próstata. É aí que ele cresce. Com o toque retal, o médico sente se há áreas endurecidas na próstata que é um órgão de consistência mole. Quando surge o câncer, ela adquire a consistência do osso dos dedos dobrados da mão”, explica Ricardo de La Roca. Dessa forma, é possível diferenciar quando se trata de hiperplasia, crescimento benigno da próstata, ou de áreas duras que sugerem a presença de câncer.
 
 
A hiperplasia e o câncer de próstata são doenças características da terceira idade que podem ser prevenidas por meio de acompanhamento médico adequado. “À medida em que envelhecemos, surgem alterações cronologicamente esperadas no organismo. O correto diagnóstico e acompanhamento preventivo são o que de melhor podemos oferecer no sentido de conviver ou corrigir estas doenças,que habitualmente, surgem na senilidade”, afirma o urologista Ricardo  Felts de La Roca.
 
 
 
“Quando estamos na adolescência, a próstata pesa aproximadamente 15 gramas. Mas com o passar do tempo, esta glândula começa a crescer. Este crescimento pode acarretar complicações para a saúde e o bem estar, principalmente, na velhice”, explica o médico. Quando a próstata cresce por aumento das glândulas internas com características benignas, ocorre a hiperplasia, cujos sintomas principais são o aumento na freqüência das micções e o esforço para urinar. Quando, além do aumento do volume da próstata surgem nódulos, sem outros sintomas particulares, caracteriza-se o câncer de próstata, e estes tumores podem não ficar restritos à glândula, podem comprometer os ossos ou outros órgãos, através das metástases.
 
 
A hiperplasia:
 
 
De 80% a 90% dos homens apresentam crescimento benigno da próstata, a hiperplasia. A doença provoca transtornos urinários que podem comprometer a qualidade de vida do paciente. “É comum estes pacientes levantarem várias vezes durante a noite e, no dia seguinte, acordam cansados e indispostos, apresentam jato urinário fraco e fino, queixam-se da freqüência aumentada de micções também durante o dia e de esvaziamento incompleto da bexiga”, informa o especialista em Urologia. Este é um quadro prevalente, importante pelas conseqüências que acarretam à qualidade de vida do paciente.
 
O tratamento da hiperplasia é indicado para o paciente que apresenta os sintomas acima descritos e tem a qualidade de vida comprometida por causa desse crescimento benigno da próstata. “Se as dificuldades para urinar são pequenas e o homem convive bem com elas, não se deve fazer nada. É possível prescrever uma medicação como a finasterida, que diminui um pouco o tamanho da próstata ou os bloqueadores, chamados alfa-adrenérgicos, que dilatam o canal da uretra. Esses remédios ajudam 50%, 60% dos doentes que passam a urinar e a viver melhor”, defende Ricardo de La Roca. Não existe ainda nenhum remédio que faça a glândula voltar às suas dimensões normais.
 
Quando o caso é mais grave e o prejuízo à qualidade de vida é muito grande, medicamentos não resolvem este problema. Nestes casos é necessário recorrer à cirurgia, feita pelo canal uretral. O cirurgião introduz um aparelho pela uretra e abre esse canal no ponto que está sendo comprimido pela próstata aumentada. “É importante esclarecer que este tipo de cirurgia da próstata não causa impotência sexual e, raríssimas vezes, leva à incontinência urinária. Esta intervenção cirúrgica, realizada através da uretra, é reservada para próstatas de pequenas a médias dimensões, sendo que as maiores têm que ser abordadas através de incisões abdominais”, explica o médico.
 
 
 
O câncer de próstata:
 
 
Quando o urologista detecta um câncer de próstata, o primeiro esforço é saber se o tumor está localizado, avançado ou metastático. Se está situado internamente, recorre-se à cirurgia, à radioterapia externa ou à braquiterapia, que também é uma forma de radioterapia. “Quando o tumor está avançado ou já existem metástases, o médico pode indicar o uso de hormônio e optar por fazer ou não a cirurgia e a radioterapia, dependendo de uma série de fatores”, afirma Ricardo de La Roca.
 
 
A primeira opção de tratamento é a cirurgia, feita através de uma incisão no abdômen, abaixo do umbigo, pela qual a próstata é removida e com ela o tumor. O doente permanece no hospital por 4 ou 5 dias. A radioterapia externa é realizada através de múltiplas aplicações, uma por dia, de um feixe concentrado de irradiação que incide sobre a próstata. É um tratamento prolongado, que se estende por seis ou sete semanas, mas um pouco mais simples do que a cirurgia, já que não envolve internação, nem anestesia. E por fim, o terceiro método é a braquiterapia, que consiste na colocação de agulhas na próstata do doente mantido sob leve anestesia, através das quais são inseridas sementes radioativas dentro da glândula.
 
 
“A cirurgia é a opção de tratamento mais agressiva, pois é uma intervenção complexa. A radioterapia e a braquiterapia são procedimentos mais simples, embora a próstata permaneça no organismo e possa apresentar uma recidiva do tumor, além de manifestações obstrutivas como a hiperplasia benigna”, explica.
 
 
 
No caso do tratamento do câncer de próstata neste estado, a cirurgia pode acarretar impotência sexual por lesão dos feixes neurovasculares que passam ao lado da glândula, bem como incontinência urinária nos três primeiros meses. A opção radioterápica não leva à incontinência urinária, mas em alguns casos, pode causar algum déficit sobre a potência sexual.
 
 
“No câncer de próstata, o urologista só fala em cura, depois de 10 anos sem a doença. Quem sobrevive 5 anos, provavelmente está curado, mas é preciso esperar 10 anos para a alta definitiva”, diz o médico. Quando o tumor está dentro da próstata, com a cirurgia há cura entre 85% e 90% dos pacientes. Se já saiu da glândula, a eficiência do tratamento cai muito. Com a aplicação de radioterapia e braquiterapia, 70% dos pacientes estão curados, depois de 10 anos. Com o tratamento cirúrgico, a doença pode reaparecer em 10% a 15% dos casos. Quando isto ocorre, o urologista pode lançar mão de medicações antitumorais ou hormonais que controlarão a doença por outro longo período, se ela for diagnosticada a tempo.
 
 
 
 
 
Clínica e Cirurgia Urológica Dr. Ricardo Felts de La Roca
Endereço: Alameda Lorena, 131.
Conjuntos 85 e 87.
Jardim Paulista
São Paulo-SP
Atendimento: De segunda a sexta.
Horário: 08h30min às 19h00min horas.
Telefone: (11) 3053-6960 / 3053-6961.
 
 
 
 

 

Crédito:Márcia Wirth

Autor:Márcia Wirth

Fonte:Excelencia em Comunicação