Menos da metade das mulheres relata que foi orientada por médicos sobre o risco de doenças cardiovasculares, segundo dados da American Heart Association, divulgados em seu boletim sobre o impacto das doenças cardiovasculares na população feminina americana.
“Historicamente, subestima-se a real importância do risco cardiovascular na população feminina, quando se compara ao valor atribuído à população masculina. Há um direcionamento preferencial na prevenção do câncer de mama e colo uterino e da osteoporose, em detrimento da prevenção cardiovascular.
Essa situação precisa mudar urgentemente, uma vez que as cardiopatias são a principal causa de morte em mulheres, superando a mortalidade por câncer”, afirma o Dr. Hermes Xavier, cardiologista e professor titular de cardiologia da Faculdade de Ciências Médicas de Santos do Centro Universitário Lusíada (UNILUS), editor do livro Risco Cardiovascular na Mulher, que será lançado em maio, com o apoio da Libbs Farmacêutica. Destinada a médicos, a obra pretende reforçar a necessidade de orientação às mulheres sobre a importância dos cuidados com o coração.
Segundo o Dr. Xavier, até meados do século passado, somente os homens participavam de estudos e eram submetidos a avaliações cardiológicas. “Até pouco tempo atrás, havia uma repressão cultural em relação à mulher. Apenas depois de as idéias feministas ganharem força, quando o estilo de vida da mulher começou a se transformar, adotando hábitos até então reprimidos, como o uso de álcool, fumo, e a disputar o mercado de trabalho com o homem, a mulher começou a apresentar e conviver com os fatores de risco que até então pareciam ser ‘privilégio’ da população masculina. Foi criada uma cultura de que a prevalência das doenças cardiovasculares era maior nos homens, o que de fato acontecia até 30 ou 40 anos atrás, quando se iniciou a escalada feminina”, explica o médico.
Como conseqüência, nas últimas décadas, a incidência de doenças cardiovasculares (DCV) em mulheres tem, em muitos países, se igualado ou mesmo ultrapassado o índice de mortalidade em homens. De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia, na cidade de São Paulo, por exemplo, a relação de mortalidade por doença arterial coronária entre homens e mulheres era de dez homens para cada mulher em 1970. Em 2002, a proporção já era de 2,45 casos masculinos para cada feminino.
Um dos principais fatores de risco modificáveis para a doença da artéria coronária (DAC) é a alteração ou anormalidade nos níveis de gordura no sangue (colesterol, triglicérides), chamada dislipidemia. Ensaios clínicos demonstraram uma importante diminuição na incidência de eventos cardiovasculares ao reduzir os níveis de LDL-colesterol (o colesterol ruim), resultando, nos últimos 20 anos, em redução expressiva na mortalidade por DAC em homens. Esse benefício, no entanto, não foi evidenciado em mulheres, cuja ocorrência de DAC continua aumentando.
Normalmente, mulheres têm níveis de HDL-colesterol (colesterol bom) maiores que os homens, em média 10mg/dl. Essa diferença é reconhecida e se recomenda que mulheres devam ter níveis de HDL > 50, enquanto homens, > 40mg/dl. O HDL é um fator protetor dos mais importantes para a mulher, sobretudo após a menopausa, em que o risco cardiovascular aumenta sobremaneira.
Segundo o Dr. Hermes Xavier, as mulheres devem começar a se submeter a exames cardiológicos por volta dos 40 anos. “A partir desta idade, e também após a menopausa, iniciam-se alterações importantes no metabolismo feminino que predispõe as mulheres que são portadoras de fatores de risco a uma maior possibilidade de desenvolver doença cardiovascular. Com a queda no nível do estrógeno, perde-se a proteção natural feminina às doenças do coração”, diz o médico. Outros fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares são hipertensão, diabetes, tabagismo, obesidade e fatores psico-sociais, os quais têm maior impacto no período pós-menopausa.
Além do lançamento do livro Risco Cardiovascular na Mulher a Libbs vai realizar uma série de simpósios médicos sobre o tema em todo o Brasil, por meio de seu programa de Educação Médica Continuada.
Crédito:Fatima Nazareth
Autor:Ana Carolina Prieto
Fonte:Segmento Comunicação Integrada