Rio de Janeiro, 22 de Novembro de 2024

Reação alérgica pode ser causa do aborto

Quando se fala em gravidez, parece um absurdo admitir que um bebê possa ser considerado como um “corpo estranho” ou um invasor dentro de sua própria mãe. Entretanto, considerando que metade desta criança foi formada com o DNA do pai, fica bem mais fácil entender que, o feto é sim, um corpo estranho. O que muitos não sabem é que uma alergia ao embrião pode causar esta reação e expulsá-lo do corpo.
 
 
As reações alérgicas acontecem quando um “corpo estranho” entra em contato com o organismo. O sistema imunológico entra em ação produzindo anticorpos que rapidamente se encarregam de destruir o invasor e proteger o indivíduo do ataque externo. Existem ainda as chamadas células NK ou Natural Killers que são verdadeiras “devoradoras” dos invasores do organismo. Este complexo de reações é, na verdade, um mecanismo de defesa natural, sem o qual o ser humano não sobreviveria, pois seria uma vítima fácil de qualquer vírus ou bactéria que se aproximasse. Porém, algumas vezes, a reação imunológica é tão rápida e tão exagerada que ao invés de proteger provoca problemas.
 
 
Infelizmente, em algumas mulheres esse comprometimento imunológico não acontece. Pode estar aí a causa de alguns abortos espontâneos ou de relatos simples de não conseguir engravidar. Há casos em que, nem mesmo a fertilização “in vitro” é bem sucedida, pois as reações imunológicas transformam o útero num ambiente hostil ao embrião, impedindo sua implantação.
 
 
Muitos casais que não engravidaram após várias tentativas com tratamentos convencionais obtiveram êxito após o tratamento imunológico. Há ainda relatos de mulheres que nunca apresentaram problemas para engravidar com o primeiro marido e, com a mudança de parceiro, passaram por experiências gestacionais traumáticas e abortos. Após análises dos antígenos HLA do casal, observou-se a incompatibilidade imunológica entre os pais. O HLA é uma proteína presente nas células humanas e é também um dos responsáveis pela rejeição que ocorre nos casos de transplante de órgãos.
 
 
Atualmente, diversos métodos de investigação imunológica podem ser utilizados e a análise correta dos resultados determina qual o tratamento adequado para cada caso. Segundo o Dr. Arnaldo S. Cambiaghi, especialista em infertilidade do Instituto Paulista de Ginecologia e Obstetrícia tratamentos com HLA em casais que não conseguiam engravidar e em casais que apresentavam abortos recorrentes trazem resultados positivos e satisfatórios.
 
 
Os tratamentos variam e para saber qual o melhor para cada caso existem exames de suma importância. O problema pode ser resolvido com o simples uso de aspirina infantil, anticoagulantes e corticóides ou com terapias de imunização feita com linfócitos retirados do marido e injetados na mulher (uma espécie de vacina). Já as mulheres que apresentam anticorpos antiespermáticos a inseminação intrauterina é a melhor opção (colocação dos espermatozóides diretamente dentro do útero, evitando a sua destruição pelos anticorpos presentes no canal vaginal). Também pode ser realizado o coito programado conhecido como namoro programado (quando o médico controla o dia da ovulação para que o casal possa ter relações sexuais a fim de ter uma maior chance de êxito na gravidez). Outra forma de tratamento é a Fertilização “in vitro” – ICSI (Injeção IntraCitoplasmática de Espermatozóide), a técnica mais sofisticada que injeta um único espermatozóide dentro de cada óvulo.
 
 
Em nenhum campo da medicina os médicos permitem que seus pacientes sofram três ou mais vezes uma mesma doença sem iniciar uma investigação. “Infelizmente, no campo da ginecologia e obstetrícia a avaliação criteriosa das causas de abortos não são consideradas urgentes. Muito se ouve dizer, inclusive da própria equipe médico-hospitalar: você pode tentar novamente, há males que vem para o bem, o bebê poderia nascer mal-formado e assim por diante. Apenas depois do terceiro aborto e muito sofrimento, inicia-se uma busca pela causa. Não há Ciência que dê suporte lógico a esse tipo de conduta”, finaliza o Dr. Cambiaghi.
 
 
 

Crédito:Anna Elizabeth

Autor:Patrícia Prado

Fonte:LaVida Press