Rio de Janeiro, 26 de Dezembro de 2024

Câncer

Suporte da família determina qualidade de vida do paciente
 
São muitos os casos de câncer, hoje em dia, que apresentam bom prognóstico de tratamento.
 
Mesmo assim, a maioria dos pacientes sofre um grande impacto ao conhecer o diagnóstico, sofrendo importantes alterações na autoimagem e na autoestima.
 
Assim como o apoio psicológico, o suporte da família é determinante para que a pessoa encare o tratamento da melhor forma possível e supere a fase difícil com o máximo de qualidade de vida possível.
 
“Negação da doença, revolta e insegurança são as reações imediatas mais comuns por parte dos pacientes. Já a família teme o sofrimento do ente querido e costuma ter sentimentos de impotência, sem saber ao certo como reagir aos fatos. Em alguns lares, simplesmente se faz um pacto de silêncio, em que todos evitam falar sobre a doença”, diz o doutor Luiz Gonzaga Leite, chefe do departamento de psicologia do Hospital Santa Paula, de São Paulo.
 
O especialista afirma que o câncer deve ser enfrentado de forma direta e objetiva, com a participação ativa da pessoa nas decisões relacionadas ao seu tratamento e à sua vida como um todo.
 
Na medida do possível, se busca desmistificar a doença e ajudar o paciente a reorganizar sua vida para que possa encontrar uma maneira mais satisfatória de viver consigo mesmo e com os outros.
 
“Participar conjuntamente desses momentos reforça a identidade familiar e os laços de lealdade entre os membros da família. O paciente que se sente apoiado desde o início tende a reagir mais favoravelmente ao tratamento. Caso contrário, sentimentos como solidão e sensação de abandono podem acentuar o desespero e até agravar a doença”, diz Leite.
 
Rotina familiar precisa ser alterada
 
De acordo com o psicólogo, as pessoas do convívio do paciente oncológico terão de adaptar sua rotina de vida e oferecer as melhores condições possíveis de tratamento ao doente.  
 
“Não é fácil para ninguém, mas é necessário. Em alguma fase, o paciente pode se inclinar ao isolamento e abandonar suas atividades. Sempre que possível, é importante que o núcleo familiar ou os amigos mais próximos incentivem o doente a continuar suas rotinas de trabalho e de lazer, estimulando a adesão ao tratamento”.
 
Na opinião do especialista, o atendimento psicológico se mostra cada vez mais útil nesse contexto.
 
Um de seus objetivos é ajudar o paciente e sua família a perceber o que precisa ser mudado ou adaptado para se obter melhor qualidade de vida.
 
“É necessário entender o papel que o paciente exerce na família e o significado que o núcleo atribui à doença para realizarmos uma intervenção eficaz. Quando isso acontece, as chances de atravessar esse período crítico de forma mais positiva e com melhor qualidade de vida são grandes”, diz Leite.

 

 


 

Crédito:Luiz Affonso

Autor:Luiz Gonzaga Leite

Fonte:Universo da Mulher