A história da mulher dentro da história da humanidade é, sem dúvida, um capítulo à parte.
Leis expressavam a diferença não pela natural distinção entre dois sexos, mas pela depreciação de um sexo considerado inferior. A luta da mulher tem sido para erradicar essa condição de subordinada.
Em alguns momentos isso representou um perigo, que ela pagou com a vida.
No entanto, aspectos determinantes, das pequenas às grandes contribuições, destacam uma relação importante, o respeito pela diferença e suas vantagens.
Na Antigüidade as etruscas foram consideradas as primeiras feministas. Elas bebiam à saúde de quem quisessem, saiam livremente e participavam das festas ao lado de seus homens
Na pré-história, em diversas culturas, foram encontradas estatuetas femininas que simbolizam ídolos da fecundidade.
Assim aparecem as Vênus de Willendorf, de Brassempoury e a Vênus de Predmost.
Há mais de quatro mil anos a.C, a civilização egípcia apresenta fortes deusas como Ísis, irmã e esposa de Osíris, mãe de todos os faraós.
Na Antigüidade, as etruscas foram consideradas as primeiras feministas.
Elas bebiam à saúde de quem quisessem, saiam livremente de casa e participavam das festas ao lado de seus homens, enquanto em Atenas, a mulher vivia em casa e tinha direito a uma educação familiar.
Alguns autores deixavam sua visão de degradação moral, alegando que os deuses estariam prontos a castigar a mulher que não cumprisse seu papel, limitado às condições domésticas.
Em Roma a mulher podia freqüentar as escolas elementares, e tinham direito a educação posterior quando as condições financeiras permitiam.
Como as etruscas, as romanas participavam de banquetes, mas não podiam beber vinho.
A principal ocupação era com trabalhos femininos. O vínculo matrimonial era considerado extremamente importante, tanto que a separação e o segundo casamento não eram bem vistos pela sociedade.
Ao longo da história, a mulher tem sido descrita de diversas formas, de acordo com a cultura de cada povo, o período específico em que viveu e envolvida por circunstâncias sociais da época.
Descobertas recentes podem corrigir ou afirmar momentos que ficaram sem certezas, como a lenda das Amazonas. Na Rússia, num sítio arqueológico, foram encontradas ossadas femininas sepultadas a 2.500 anos com espadas e armas diversas.
Os pesquisadores acreditam tratar-se de mulheres mais robustas e guerreiras.
Vozes abafadas
No período medieval, calar as vozes femininas que falavam mais alto já era uma atitude comum.
As mulheres que praticavam cura ou desafiavam as ordens da igreja, eram queimadas na fogueira, pela Inquisição.
E tempos depois, em 1857, operárias de uma indústria têxtil nos Estados Unidos que resolveram fazer greve por melhores salários e uma redução na jornada de trabalho, foram assassinadas.
O Dia Internacional da mulher foi criado em 1910, em memória dessas mulheres mortas pelos seus patrões, mais de meio século depois.
Só então as vozes voltaram a falar.
A companheira de Jean Paul Sartre, filósofo francês, Simone de Boeauvoir, publicou uma série de artigos numa singela manifestação contra o sistema patriarcado.
O título "O Segundo Sexo", uma provocação. Pensar na revolução da mulher apenas como revolução sexual é simplificar demais o termo "busca de igualdade".
Segundo a professora e doutora do Instituto de Psicologia da USP, Walkíria Helena Gand, "o termo sexual também revela o prazer de pensar, produzir uma obra de arte, o prazer do trabalho, abrange algo muito mais amplo, não se restringe ao sexo apenas".
Historicamente a mulher sempre esteve na posição de subordinação ao homem, "ela não podia escolher, era escolhida". Mesmo as poucas produções artísticas femininas obrigava o uso de codinomes masculinos para serem aceitas.
A década de 60, desencadeada por uma revolução cultural, foi o período que o movimento feminista gritou mais alto, com palavras de ordem do tipo "o corpo é nosso" .
O desenvolvimento da pílula anticoncepcional deu reforço para as mulheres buscarem o prazer sexual, escolhendo se queriam ou não, ter filhos.
A igualdade sexual foi confundida em alguns momentos com a busca de igualdade social, cujo direito merece qualquer luta feminina.
"A estrutura do homem e da mulher passa por caminhos diferentes", lembra Walkíria.
Desde cedo, a menina ouve que o menino tem algo que ela não tem, "um macho mutilado", conforme a definição do filósofo grego Aristóteles.
Mesmo quando percebe que não falta nada, que ela é diferente, fica no inconsciente uma pequena castração.
Em algumas circunstâncias, ela busca ser completa, e acaba tomando certas atitudes típicas masculinas.
Nos papéis, em casa principalmente, a diferença revela-se mais notável.
Os limites muitas vezes estipulados para os filhos, dependem da autoridade do pai, apoiada pela mulher. São diferenças, não defeitos, que podem ser explorados melhor.
Exemplo bem utilizado dessa diferença pela psicanálise é Lacan, processo que estimula o profissional a ocupar uma posição feminina.
Orientar a situação para o momento em que a pessoa perceba que sabe sobre o seu destino.
Em outras palavras, para o psicanalista a posição feminina é a posição que falta.
Crédito:Luiz Affonso
Autor:Universo da Mulher
Fonte:Universo da Mulher