Rio de Janeiro, 26 de Dezembro de 2024

Cresce cegueira entre trabalhadores

 

Cresce Cegueira Entre Trabalhadores

Cegueira e visão subnormal por acidentes de trabalho crescem neste ano.

 

 

Catarata, doenças na conjuntiva e na córnea são as que mais afastam o brasileiro do trabalho.

Estatística do INSS (Instituto Nacional de Seguro Social) revela que de janeiro a maio deste ano a cegueira e visão subnormal provocadas por acidentes de trabalho tiveram um incremento em relação ao mesmo período de 2020.

Atingiu 287 trabalhadores contra 194 no ano passado, apesar dos acidentes oculares somarem 743 e 666 casos respectivamente.

Para o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, significa que o trabalhador está tendo dificuldade de adaptação aos óculos de proteção, ou EPI (Equipamento de Proteção Individual), que evitam 98% dos acidentes.

Esta dificuldade, ressalta, pode estar relacionada à falta de ventilação no local de trabalho que embaça as lentes, má iluminação que diminui a visibilidade ou à falha no ajuste das EPI’s confeccionadas com lentes corretivas para quem usa óculos.

 

CÓRNEA É A MAIS ATINGIDA POR ACIDENTES

A área dos olhos mais atingida pelos acidentes de trabalho nos 5 primeiros meses deste ano foi a córnea com um total de 206 benefícios registrados pelo INSS.

Para Queiroz Neto isso acontece porque a membrana fica na frente da íris (parte colorida) e é a parte mais exposta dos olhos aos agentes externos. Ele diz que esta posição frontal também explica os 734 afastamentos por ceratite (inflamação da córnea), cicatriz e opacificação da membrana.

Isso porque, as causas mais recorrentes desses distúrbios são o uso abusivo, alergia, manutenção e armazenamento inadequados de lentes de contato que ficam apoiadas na superfície corneana. 

Usar lentes vencidas ou mesmo dormir com elas aumenta em 10 vezes o risco de contaminação que pode ferir ou opacificar a córnea, adverte. Isso porque, comenta, fora de validade as lentes sofrem alterações e  durante a noite nossos olhos produzem menos lágrima, elevando a predisposição a ferimentos.

A alergia, observa, é um processo inflamatório que pode ser desencadeado pelo depósito de proteínas produzidas pelos olhos, resíduos de maquiagem ou cremes.

As principais recomendações para evitar doenças na córnea são:

Lavar cuidadosamente as mãos antes de manipular as lentes.

Utilizar soluções multiuso tanto na limpeza quanto no enxágüe das lentes e estojo.

Friccionar as lentes para eliminar completamente os depósitos

Não usar soro fisiológico ou água na higienização

Retirar as lentes antes de remover a maquiagem e quando usar spray no cabelo

Colocar as lentes sempre antes da maquiagem

Guardar o estojo em ambiente seco e limpo

Trocar o estojo a cada quatro meses

Respeitar o prazo de validade das lentes

Jamais dormir com lentes, mesmo as liberadas para uso noturno.

Interromper o uso a qualquer desconforto ocular e procurar o oftalmologista

Retirar as lentes durante viagens aéreas por mais de três horas

Não entrar no mar ou piscina usando lentes.

 

CATARATA LIDERA AFASTAMENTOS DO TRABALHO

Até maio o INSS registrou cerca de 14 mil afastamentos por mais de 15 dias relacionados às doenças oculares.

A catarata, opacificação do cristalino, foi a de maior incidência com quase 3 mil casos.

A doença geralmente está relacionada ao envelhecimento do cristalino, mas 21% ocorreram precocemente.

Para o especialista, a falta de lentes com proteção ultravioleta nos atividades desenvolvidas ao ar livre é a maior causa da catarata precoce entre trabalhadores. Isso porque, um estudo feito pelo médico mostra que o brasileiro ainda ignora que os olhos precisam de proteção solar.

Da mesma forma que nossa pele envelhece precocemente quando exposta ao sol sem protetor, nosso cristalino fica opaco, argumenta. 

É verdade, ressalta que a catarata pode ser eliminada com cirurgia, mas a radiação solar também afeta a mácula, parte central da retina, e ainda não existe tratamento eficaz para a degeneração macular.

 

DOENÇAS NA CONJUNTIVA CRESCEM 41%

As doenças na conjuntiva tiveram a segunda maior incidência com cerca de 2,5 mil casos.

Um salto de 41% comparado ao mesmo período do ano passado.

Queiroz Neto diz que em geral a conjuntivite desaparece em 1 semana de tratamento.

Para ele, o afastamento do trabalho além deste período pode estar relacionado ao uso indiscriminado de medicamentos que reduz a imunidade e à maior evaporação da lágrima provocada por excesso de ar condicionado e  pelo calor típico dos primeiros meses do ano.

As principais dicas de prevenção são:

Lavar as mãos após o uso de objetos coletivos.

Não tocar os olhos. 

Evitar o compartilhamento de toalhas fronhas, maquiagem e colírio.

Crédito:Cris Padilha

Autor:Eutrópia Turazzi

Fonte:Universo da Mulher