Rio de Janeiro, 26 de Abril de 2024

As faces da chefe

A mulher pode até considerar que já conquistou seu espaço no mercado de trabalho, mas a idéia que se faz do seu papel em um mundo que já foi dominado por homens ainda é machista.

Pelo menos, foi o que apontou pesquisa do professor Arhur Irigaray, feita com o objetivo de descobrir qual o perfil de chefe ideal.

Ele distribuiu questionários a alunos de pós-graduações em Marketing e Gestão Empresarial da PUC-Rio e da Fundação Getúlio Vargas (FGV-RJ), de todas as regiões do País, menos do Centro Oeste. A faixa era de pessoas com 30 anos, em média, pertencentes à classe média.

A conclusão é de um conservadorismo preconceituoso que contrasta com a visão que a própria mulher tem de si.

A maioria dos homens, 85%, e também das mulheres, 56%, prefere uma mulher no comando. Mas o que espanta é a razão.

A maior parte dos homens acha que mulheres são mais “boazinhas”, fáceis de levar, enquanto que, para as companheiras do mesmo sexo, o motivo mas constante são as vantagens no fato de, por exemplo, a chefe entender problemas tipicamente femininos.

Os distúrbios causados pela Tensão Pré-menstrual, a conhecida TPM, é um deles.

“Fiquei chocado com os resultados e ao comprovar como as pessoas ainda são machistas, independente do sexo. A aceitação da mulher por esses jovens simplesmente está associada à possibilidade de se levar algum tipo de vantagem, e não ao reconhecimento”, analisa Irigary.

Os 15% de homens que rejeitaram a mulher chefe, o fizeram, na maioria das vezes, porque têm uma posição claramente machista. Irigary afirma que alguns questionários continham como resposta a gasta, mas persistente frase: “mulher serve mesmo é para pilotar fogão”.

Entre as moças, 42% preferem não ter chefes mulheres por achar que elas não são sinceras e por causa da fofoca.

Padrões comportamentais já caíram no desuso

Em uma pesquisa menor, com 27 gerentes gerais e superintendentes mulheres do Rio e de São Paulo, o professor concluiu que as executivas usam as mesmas ferramentas de gestão usadas pelos homens.

Mas apesar de já ser sabido que elas conquistam cada vez mais espaço no mercado, até predominando em algumas profissões, a percepção exterior, ou seja, que não vem de especialistas em Recursos Humanos e das próprias executivas, ainda não reconhece essa condição de igualdade.

“A mulher tem que fazer uma esforço muito maior para se firmar. Quando ela é negra, a escalada é ainda mais difícil.

Para Rubens Gimael, consultor em aconselhamento de carreira da Personal Consulting, o perfil ideal de chefe é o que não se prende a estereótipos.

Muitas mulheres acabam seguindo um padrão comportamento para se defender e não ser rejeitada. Algumas assumem o papel de duronas, outras se deixam obscurecer por outro colegas, para evitar conflitos.

Há também as resolvem carregar o mundo nas costas, exacerbando no instinto maternal e as que usam as armas da sedução. A diferença é que o homem paternal é bom, já a mulher é fraca.

Quando se fala em usar a sedução, eles são charmosos, elas oferecidas.

“Usar beleza e charme é lícito, desde que a pessoa seja ética e não faça disso uma arma para obter vantagens. O chefe também não precisa ser implacável. Quem age dessa forma está jogando. As pessoas mais flexíveis têm mais tranqüilidade para tomar decisões. Demite quando tem que demitir ”, opina Rubens.

 

 

Crédito:Anna Beth

Autor:Redação

Fonte:O Globo