Rio de Janeiro, 21 de Novembro de 2024

Os riscos na profissão de modelo

Os riscos na profissão de modelo
O que há por trás do glamour das passarelas e dos ensaios fotográficos?
 
Muitas modelos ou candidatas a Gisele Bündchen enfrentam uma série de percalços se não contam com o amparo de agenciadores idôneos.
 
Profissionais da área e modelos estabelecidas no mercado alertam que o mundo da moda está cheio de armadilhas e perigos e dão dicas para que as meninas iniciem suas carreiras com segurança e não caiam em ciladas tão comuns nesse meio.
 
Orlando Thorpe, booker da agência Ford Models, no Downtown, conta que o condomínio é freqüentado por milhares de meninas bonitas e que é muito grande o número das que buscam realização na carreira de modelo e que em função disso, o processo é cada vez mais criterioso. “Primeiro recebemos fotos para ver se a menina tem o perfil, depois chamamos e começamos os testes”, explica o booker.
 
No mercado há 12 anos, Orlando já viu e ouviu muitos relatos sobre agências que exploram e algumas vezes até prostituem suas modelos.
 
Ele conta que algumas meninas que procuram por sua agência não tem nenhuma chance de ingressar na carreira, mas que acabam insistindo por influência da família. 
 
 “Isso acaba facilitando a ação de picaretas. Existem meninas que querem tanto a profissão que acabam caindo na conversa de qualquer um”. Para ele, uma maneira de escapar desse tipo de agenciadores é contar sempre com o apoio familiar.
 
Foi assim com Natasha Hhaydt, da agência Ford. Hoje com 20 anos, a garota iniciou sua carreira de modelo aos 15 e contou com o apoio incondicional de sua família. “Quando visitei a primeira agência, fui acompanhada pela minha avó. Desde então foi assim. Estou sempre com alguém por perto. Isso me deixa mais segura e impõe respeito”, conta a modelo.
 
Natasha faz parte do casting da Ford há quatro anos e garante que a idoneidade dos agenciadores é um dos segredos do sucesso na profissão.
 
Assim como Orlando, ela conta que também já ouviu muitas histórias sobre agências de prostituição que se passam por agências de modelo.
 
A atriz Desirée Oliveira, que hoje atua no programa Zorra Total, da Rede Globo, trabalhou como modelo durante sete anos.
 
Ela, que também já fez parte da equipe da Ford, relata que antes de ingressar na agência, foi vítima de “agentes picaretas”.
 
Segundo ela, os principais problemas que enfrentou eram relativos aos pagamentos.
 
Quando descobriu que os cachês que recebia em uma determinada agência estava muito abaixo do valor de mercado, logo tratou de se desligar da empresa.
 
 
Para ela, “eles se aproveitavam do fato de o mercado ser muito pequeno e difícil de ingressar para pagar mal”.
“O pior é que ainda assim tem gente querendo trabalhar com esse tipo de agenciador”, completa a atriz.
 
Depois de passar por experiências nada agradáveis como modelo, Desirée agora se dedica à carreira de atriz e à administração de sua própria agência, a Nosso Estilo Promoções, que está no mercado desde 2001. “Procuro tratar as meninas que trabalham comigo com o maior respeito. Sei bem como é ter um sonho e pessoas desprezíveis se aproveitarem desse sonho e te passarem para trás”, diz.
 
Para evitar complicações, Orlando acredita que bom mesmo é fazer uma pesquisa do mercado antes de entrar nele.
 
“É preciso buscar uma agência séria e com referências. Saber quem trabalha nela e há quanto tempo trabalha”. Ele ainda faz outro alerta: “Se a agência for séria, nenhum menor de idade vai conseguir sequer mostrar seu book se não estiver acompanhado dos seus responsáveis”.
 
Com o sucesso da novela Belíssima, da Rede Globo de Televisão, onde o mundo das modelos é marcado pela fictícia agência Razzle Dazzle  a discussão em volta da profissão cresce ainda mais. “As meninas iniciam suas carreiras muito jovens, com 12 ou 13 anos.
 
Muitas vezes param de estudar e vão para o exterior, algumas viajando sozinhas para fazer trabalhos e nem falam a língua.
 
Acabam se sentindo desprotegidas mesmo se a agência for séria. Eu morava em Nova Iorque e minha agência ligou pedindo para traduzir o que uma jovem de 13 anos falava pois era brasileira e só sabia chorar. Foi uma loucura!
 
A menina estava sozinha, sem acompanhante e em profunda depressão.
 
A hospedei em minha casa e pedi a agência para mandá-la de volta ao Brasil”_conta a modelo Érica Massena lembrando que nem todas as meninas ou garotos estão preparados para enfrentar a dureza do cotidiano na profissão, precisando trabalhar e amadurecer primeiro no Brasil para depois irem ao exterior.
 
Nem tudo são flores e sofisticação na vida de modelo que, ao contrário, é feita de muitos sacrifícios.
 
A briga constante com a balança, a anorexia e as doenças psicossomáticas são exemplos de alguns problemas enfrentados diariamente, mas que não tiram do caminho quem tem no sangue a vontade de modelar.
 
Luciana Lima, proprietária da agência Gente, também no Downtown,  dá a as dicas para quem quer iniciar uma carreira próspera no ramo:
 
“ O primeiro passo é a pessoa se cuidar muito. Existem as que nasceram prontas e as que precisam cuidar do corpo, cabelo, aprender a andar direito, ter postura. Toda boa agência faz uma avaliação e encaminha o candidato” diz Luciana que já foi modelo e sabe muito bem o quanto a agência é importante para a carreira.
 
“ O mercado está cheio de picaretagem mas é fácil identifica-los. São aqueles que não possuem referência, não tem estrutura e ninguém na cidade conhece o trabalho. Por isso é bom sempre ir acompanhado de um responsável e lembrar que fazer book com qualquer fotógrafo pode ser jogar dinheiro fora, pois ele provavelmente não será aproveitado pela agência” conta.
 
A agência oferece também cursos de modelo e a booker lembra que não basta ser bonita para ter sucesso, tem que ter muita disciplina e persistência.
 
 
 
 
 

Crédito:Fatima Nazareth

Autor:Érica Avelar

Fonte:DMC 21