As fofocas podem começar de um jeito aparentemente inofensivo, como um boato, como uma piada ou até como um comentário maldoso.
Às vezes, fica difícil identificar como ela teve início, mas, mesmo sem grandes pretensões, não se engane, a fofoca pode ganhar força e criar um impacto tão negativo no clima organizacional que pode, inclusive, comprometer a produtividade e as motivações dos colaboradores de quererem permanecer nas empresas.
O assunto é tão delicado que em uma pesquisa realizada recentemente pelo LinkedIn, com cerca de 17 mil usuários de 16 países, a fofoca apareceu como sendo o problema que mais irrita os brasileiros, com um índice de 83%. Ou seja, quatro em cada cinco colaboradores apontaram-na como o fator mais irritante dentro do ambiente corporativo.
As fofocas são comentários desnecessários, de cunho pessoal ou profissional, com o objetivo de denegrir a imagem de alguém. Na maioria das vezes, elas aparecem e crescem em empresas que não tomam medidas de comunicação e transparência suficientes para coibir esse tipo de prática.
Normalmente, o perfil do autor(a) de comentários maldosos tende a ser um profissional mais negativo, do tipo que prefere terceirizar responsabilidades. Há ainda os perfis mais manipuladores, que usam a fofoca como prática de politicagem, a fim de conquistar benefícios próprios, típicos de quem faz parte das famosas “panelinhas”. O problema pode ocorrer nas mais diversas esferas da empresa e em todos os níveis da hierarquia.
Independentemente de onde a fofoca se concentre, inevitavelmente, ela cria ambientes tóxicos, que favorecem a insegurança, o medo, a instabilidade emocional e até a desmotivação. As vítimas dos boatos maldosos podem desenvolver síndromes como depressão e burnout, podendo aumentar, inclusive, o índice de absenteísmo.
O problema é tão sério que a produtividade fica altamente comprometida. Segundo Sam Chapman, consultor e autor do livro “A empresa livre de fofoca”, os boatos consomem, em média, 65 horas anuais de cada funcionário, prejudicando a empresa como um todo.
Por isso, é inevitável que medidas sejam tomadas para evitar a prática. O ideal é que a empresa crie espaços para que os colaboradores sintam-se seguros e à vontade para falarem abertamente sobre sua vida pessoal e profissional, com quem quiserem e se quiserem, criando um ambiente amigável e livre de julgamentos. Os feedbacks pontuais também ajudam muito nessa política de transparência, principalmente entre pares, líderes e subordinados.
É importante que todos assumam responsabilidades e sejam orientados a não propagar informações e comentários ofensivos e de origem duvidosa. O mal precisa ser cortado pela raiz. E, se algum boato surgir, é interessante contra argumentá-lo com o que chamamos de “fofoca do bem”, onde em vez de enaltecer um defeito de alguém, fazemos o oposto, propagando uma qualidade sua.
Além de um trabalho preventivo, companhas, exibição de vídeos e pesquisas, o RH deve ser acionado para atuar em casos mais extremos, devendo até adotar medidas severas. Dependendo das consequências causadas por uma fofoca, muitas vezes, advertências e demissão do causador da fofoca tornam-se necessárias, a fim de evitar que mais danos aconteçam e que o ambiente de trabalho se torne tóxico. A empresa também deve implantar programas de bem-estar, que valorizem a saúde mental e emocional de todos.
O mais importante é que tanto colaboradores, quanto gestores e profissionais de RH entendam que um ambiente organizacional livre de fofocas depende da postura de cada um. Quem se sente vítima de um boato deve imediatamente se reportar ao seu gestor e ao RH. Da mesma forma, quem se depara com uma fofoca, tem obrigação de responder com o silêncio, não levando o assunto adiante. Quando cada um assume seu papel, todos saem ganhando. É aquela história de “não faça com os outros o que não gostaria que fizessem com você”.
Dalton Morishita é administrador de empresas com especialização em Business pela Australian Professional Skills Institute, e headhunter na Trend Recruitment, consultoria boutique de recrutamento e seleção para marketing e vendas.
Crédito:Lais A. Miyagawa
Autor:Dalton Morishita
Fonte:Informamidia