Abuso Psicológico
De acordo com a psicanalista, o abuso psicológico tem intenção de causar sofrimento psicológico e ferir moralmente outra pessoa, e é, às vezes, tão ou mais prejudicial que o abuso físico, e se caracteriza por rejeição, depreciação, discriminação, humilhação, desrespeito e punições exageradas.
“É um abuso praticado tanto por homens quanto mulheres. Trata-se de uma agressão que não deixa marcas corporais visíveis, mas emocionalmente causa cicatrizes profundas para toda a vida”, explica.
Como exemplo, Soraya explica um tipo comum de abuso psicológico que se dá sob a autoria dos comportamentos histéricos, cujo objetivo é mobilizar emocionalmente o outro para satisfazer a necessidade de atenção, carinho e adulação.
“A intenção do agressor histérico é mobilizar o outro tendo como chamariz alguma doença, dor, problema de saúde, enfim, algum estado que exige atenção, cuidado, compreensão e tolerância”, explica.
Outro exemplo que ela cita é fazer o outro se sentir inferior, dependente, culpado ou omisso.
Para Soraya, este é um do tipo de agressão emocional dissimulada. Outra forma de abuso psicológico é o simples silêncio, segundo ela.
“Isso ocorre quando algum comentário, atitude ou opinião é avidamente esperado e a pessoa, por sua vez, se fecha num silêncio incomum”, destaca.
Segundo Soraya, as atitudes agressivas podem refletir sentimentos de mágoa e frustrações antigas ou atuais, podem refletir a necessidade de solidariedade emocional não correspondida (estou mal logo, todos devem ficar mal). Para ela, cada caso é um caso, é preciso avaliar a situação, as personalidades envolvidas e o passado de cada um.
Causas
Soraya afirma que geralmente escolhemos os nossos pares pelo comportamento aparente, e aquilo que queremos para nós, depositamos nesse outro.
“Entretanto, durante o período de namoro não nos permitimos ver, realmente, quem é o outro. Com a chegada da rotina no relacionamento torna-se possível conhecer a pessoa como ela é de verdade. Então, começam a surgir os problemas, haja vista o fato de iniciar-se uma intolerância com relação aos defeitos do outro”.
Por isso, segundo ela, as causas do abuso com o companheiro se devem a uma grande diversidade de circunstâncias.
“Estudos empíricos sobre os relacionamentos íntimos mostram que crianças traumatizadas, maltratadas, abusadas, abandonadas, ou seja, com prejuízo na formação da afetividade durante a infância apresentam, com freqüência, modelos inseguros de representação da realidade na idade adulta, com conseqüentes dificuldades no relacionamento íntimo”.
A psicanalista explica que geralmente o casal não consegue perceber este tipo de deficiência em seu relacionamento e focaliza os problemas em outras questões, ou ainda, prefere nem tocar no assunto.
“Há ainda, casos em que ignoram a possibilidade de lançar mão de uma psicoterapia. E, existem situações em que a resistência impera. Assim, perde-se a chance de resolver na causa os efeitos de uma convivência difícil”, alerta.
Conseqüências
Conforme a explicação da psicanalista, as conseqüências incluem a depressão, sentimentos de elevada desconfiança em relação aos membros do sexo oposto, hipervigilância, tensão, sobressaltos e baixa auto-estima, medo, raiva, isolamento e ansiedade aguda, depressão, abuso e dependência de drogas e álcool e sintomas de estresse pós-traumático.
Conclusão
Por fim, Soraya diz que contribuem para a qualidade do relacionamento íntimo com o companheiro um conjunto de circunstâncias: sejam de natureza pessoal, comportamental, e sociocultural. “Além disso, o tipo de relacionamento mantido com os pais durante a infância tem um importante papel na formação do vínculo afetivo e implicações no comportamento e atitude afetiva diante da vida.
Soraya Hissa de Carvalho - Médica e Psicanalista.
Crédito:Cris Padilha
Autor:Aline Barbosa
Fonte:Universo da Mulher