Pesquisas feitas pelo médico Alfredo Romero, diretor do Instituto Brasileiro para Saúde Sexual (Ibrasexo), mostram que as brasileiras estão cada vez mais rápidas na conquista do orgasmo.
Bem estimuladas previamente, elas levam hoje de oito a, no máximo, 20 minutos de penetração com movimentação ativa para atingir um orgasmo.
Há 20 anos, esse tempo era de uma hora.
Mulher independente tem mais liberdade sexual
O problema é que a maioria das mulheres brasileiras ainda não decide a melhor hora de fazer amor.
Para se ter uma idéia do quanto ainda se pode conquistar neste terreno, basta dizer que na França o quadro é inverso.
Pesquisa sobre a sexualidade feminina realizada pelo Instituto Sofres e publicado na edição francesa da revista "Marie Claire" revela que, em Paris, 83% das mulheres só vão para a cama com o parceiro quando têm vontade.
Lá, a mulher conquistou, enfim, a liberdade sexual: apenas 14% revelaram fazer sexo sem vontade, somente para satisfazer o parceiro.
No Brasil, a liberdade sexual da mulher não se compara à da França, mas está em franca expansão.
Se, na década de 90, pesquisa pioneira feita pela escritora feminista Rose Marie Muraro constatou que apenas 8% das mulheres faziam sexo quando tinham vontade - todas de classe média e independentes economicamente dos parceiros - esse número aumenta na mesma proporção em que a mulher conquista o mercado de trabalho e maior autonomia em casa.
E como as mulheres já representam 50% da força produtiva das grandes capitais, segundo o IBGE, um número equivalente pode fazer sexo quando quer e não quando o parceiro tem vontade.
- A sexualidade da mulher brasileira está relacionada à sua classe social. A mulher camponesa praticamente não sabe o que é desejo sexual e apenas atende às solicitações do marido. A operária também se submete aos desejos do homem. A de classe alta muitas vezes faz sexo com o marido por interesse, tem amantes e representa o maior índice de adultério feminino. A única faixa que realmente exerce sua liberdade sexual é a mulher independente de classe média - diz Rose Marie.
Problema do brasileiro é falta de informação
O aprendizado do prazer passa pelo conhecimento do próprio corpo.
Quando o tema é masturbação, as pesquisas revelam diferenças de comportamento entre brasileiras e francesas.
Na França, 73% das mulheres afirmam que nunca se masturbam (ou muito raramente) e apenas 19% o fazem, de vez em quando.
Em São Paulo, porém, 45% das mulheres têm essa prática regularmente, segundo pesquisa do psicólogo Oswaldo Rodrigues Jr., do Instituto Paulista de Sexualidade.
É claro que há diferenças regionais num país tão grande quanto o Brasil. Em Belo Horizonte, por exemplo, 66% nunca se masturbaram, segundo pesquisa do médico e sexólogo Gerson Lopes para a Sociedade Brasileira da Sexualidade. Lopes chega a citar um ranking internacional em que as americanas (95% delas) aparecem como as que mais se masturbam.
Os pesquisadores, porém, são unânimes em dizer que o último obstáculo a ser vencido na conquista do prazer é aumentar o grau de informação dos brasileiros sobre o sexo.
O Ibrasexo, que oferece serviços de informações por telefone (11- 3837-0703), por e-mail (saudesexual@ibrasexo.com.br) e por cartas, constata que as mulheres representam apenas um terço das consultas ao instituto.
O psicólogo Oswaldo Rodrigues Jr. é otimista sobre a conquista do prazer sexual pelas brasileiras. Para ele, grande parte das mulheres que procuram tratamento para problemas sexuais não usufrui a liberdade das mulheres francesas.
- Não falo da maioria da população, mas da maior parte das mulheres que procuram atendimento aqui no instituto. Elas não costumam ir para a cama por desejo sexual. Elas fazem sexo, mesmo sem vontade, para que o parceiro as trate bem e não arranje outra - afirma.
O mais curioso, segundo o psicólogo, é que os homens atendidos também fazem sexo apenas para que a mulher se satisfaça e não procure outro amante:
- O sexo se torna um fardo no casamento dessas pessoas. Elas não fazem amor por desejo, mas por medo de ficarem sozinhas.
As dúvidas e preocupações brasileiras
TAMANHO DO PÊNIS:
Essa é a maior preocupação do brasileiro. Dos 3.256 atendimentos feitos pelo Ibrasexo, 1.666 (43%) desejavam saber qual o tamanho ideal do pênis e como aumentá-lo. O curioso é que há mulheres também interessadas em se informar sobre a questão.
DÚVIDAS BRASILEIRAS:
À parte o tamanho do pênis e as cirurgias indicadas para aumentá-lo, as maiores dúvidas sexuais dos brasileiros se referem à impotência sexual: o que é, quais são as causas, qual a idade predominante do impotente, quais os tipos de tratamento, qual a melhor prótese peniana a ser utilizada e sua durabilidade, como a parceira pode ajudar o impotente e a eficácia de medicamentos como o Viagra.
FALTA DE DESEJO:
Já a falta de apetite sexual não parece motivar muito os brasileiros que procuram atendimento para resolver o problema no Ibrasexo: apenas 1,8% dos homens se queixaram de falta de desejo e 1,3% das mulheres reclamaram de ausência total de libido.
HETEROSSEXUALISMO:
Homens e mulheres que buscam atendimento para problemas sexuais são na maioria heterossexuais que não têm dúvidas sobre a sua identidade sexual. Na França, porém, 5% das mulheres afirmaram já terem feito sexo com outras mulheres, embora costumem se relacionar sexualmente com homens, enquanto 89% disseram que nunca tinham feito sexo com outras mulheres e 6% preferiram não responder.
POSIÇÕES SEXUAIS:
Na França, a posição sexual mais praticada por 65% das entrevistadas é a mulher deitada de costas e o homem por cima. Essa é, também, a posição preferida de 33% das mulheres. Já 39% praticam mais o sexo ficando por cima com o homem deitado de costas. Esta é, também, a posição preferida de 23%. A posição que a francesa menos gosta é a do casal de pé.
SEXO E TRABALHO:
A ginecologista Sylvain Mimoun comentou que o fato de 41% das francesas afirmarem que o cansaço é o principal impedimento ao orgasmo indica que, ao mesmo tempo que a mulher se lançou ao trabalho para conquistar a liberdade, a própria vida profissional as impede de usufruir plenamente a sexualidade.
APETITE FRANCÊS:
As brasileiras podem chegar mais rapidamente ao orgasmo, mas segundo a pesquisa francesa, as mulheres da França fazem mais sexo que as brasileiras. Enquanto no Brasil a maioria tem relações sexuais de duas a três vezes por semana, 41% das francesas fazem sexo de duas a cinco vezes por semana; 22%, uma vez por semana; 8%, todo dia; 12%, três vezes por mês; e 11% só vão para a cama com os parceiros uma vez por mês.
ÍNDICE BAIXO:
As mulheres mineiras detêm o índice mais baixo de apetite sexual do país, segundo pesquisa do sexólogo Gerson Lopes. Ele diz que 60% de suas clientes não têm vontade de fazer sexo e só vão ao consultório falar dos problemas dos maridos.
Crédito:Anna Beth
Autor:Redação
Fonte:Paraná On Line