Revolução sexual já começou
A mulher dá seu grito de liberdade, sendo cada vez maior o número de mulheres que vão à caça de homens simplesmente por transar não exigindo qualquer compromisso de seus parceiros.
Quarenta anos depois do advento da pílula anticoncepcional, as mulheres vivem uma nova etapa da revolução sexual, mostrando que elas têm um número cada vez maior de parceiros com quem se relacionam e desvinculam sexo de amor.
Nas relações amorosas sempre a mulher foi tida como aquela que lutava por um compromisso.
Mas os tempos mudaram. Agora elas se inciam no sexo cada vez mais cedo e começam a transar no início da adolescência.
Elas não têm nada contra o namoro, o casamento, o fato de morar juntos ou de ter filhos, no entanto elas só querem se relacionar sem compromisso.
E, enquanto o parceiro ideal não chega, o negócio é se divertir.
É cada vez maior o número de mulheres que estão aderindo a uma prática que já foi exclusiva dos homens: o sexo casual, do tipo "sem compromisso", "uma vez só e adeus" ou "beijinho, beijinho, tchau, tchau".
O sexo sem compromisso praticado atualmente pelas mulheres virou algo tão comum nos dias de hoje do que em qualquer época anterior.
Em outras épocas, se a mulher era divorciada, tinha um amante ou vários parceiros sexuais, ela era tida como prostituta.
Hoje, ao contrário, é tida como uma mulher "descolada", livre e independente.
O sexo casual ocorre em qualquer faixa de idade, classe social ou nível de instrução e é praticado de maneira muito mais aberta, discutido inclusive com as amigas que também fazem sem restrições.
Em todos os meios de nossa sociedade o pensamento é sempre o mesmo, ao contrário dos anos 70, em que o amor livre era restrito a grupos alternativos, como o movimento hyppie.
Hoje, a mulherada tem até hino de guerra: "Já sei namorar".
É só tocar o refrão que a mulherada pega fogo: "Eu sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo me quer bem"
Algumas mulheres concordaram em participar desta reportagem, no entanto, somente se os sobrenomes não fossem divulgados.
Cristiane, 28 anos, solteira, moradora do Leblon explica. "Já conheci pessoas que me relacionei no mesmo dia, como em uma boate quando conheci um cara e sabia que aquela seria minha única chance. Saímos e fomos direto para um motel na Barra".
A carioca diz que "sexo sem compromisso é muito bom pois voce não precisa se preocupar com seu parceiro e sim com você".
E que sabe separar atração sexual de amor.
"Quando sinto atração física, a coisa pega fogo e trato logo de resolver o problema, sempre me preocupando em usar preservativo para aproveitar todos os momentos de forma segura. O melhor de tudo é falar para o homem que ele não precisa ligar no dia seguinte e nem me procurar ... eles ficam pra morre" - garante a psicóloga Cristiane.
Carol, de 24 anos, moradora de Ipanema também não vê problema nenhum na liberdade que tem de escolher aquele que será coroado com a vontade da designer naquele momento.
"Faço o que estou a fim pois tenho consciência do problema da AIDS. No entanto, não deixo as coisas para amanhã", conta Carol.
Mês passado, estava na praia quando conheceu um italiano. "Foi tiro e queda. Fiquei alucinada pelo cara e quando soube que iria viajar de volta para Roma no dia seguinte, não pensei duas vezes. Saímos da praia e fomos logo nos conhecer melhor. Transamos a noite inteira ... foi ótimo" - garantiu Carol.
Hoje, a sociedade vê exemplos na vida de personalidades, artistas, intelectuais e pessoas comuns.
Tornou-se rotina vermos em revistas que a fulana já largou o fulano e agora está com o ciclano. Que a fulana tem um casting de parceiros, do tipo "ficantes".
Bonita e sensual, a publicitária Daniela, de corpo malhado, se considera uma pessoa normal e não vê problemas em se relacionar com alguém que acabou de conhecer e também em ter alguns amigos que a satisfazem sexualmente.
"Meu maior sonho é me casar mas por enquanto, me acho jovem para assumir qualquer compromisso" (Daniela tem 23 anos).
"Quero adquirir experiência e viver minha vida. Não vejo o menor problema em ter amigos com quem saio e me divirto. Tenho meu próprio dinheiro e escolho quem eu quero" - comenta a publicitária que mora no Recreio.
"As vezes me dá atração física por um cara na praia, como pintou comigo no Reveillon deste ano. Ele era saradão e lindo...não teve jeito. Fomos direto da praia pra cama" - declara Daniela.
"O mesmo acontece na night. A mulherada quando vê um homem dá em cima geral e como a quantidade de mulher é bem maior, tenho que tomar a iniciativa..."- brinca a publicitária.
Em pesquisas recentes sobre o tema, é observado o aumento significativo no número de mulheres que fazem sexo no primeiro encontro. A maioria delas se preocupa com segurança mas muitas delas não levam esta questão a sério, estando vulneráveis a inúmeras doenças, entre elas a AIDS.
"Mais do que estar no clima é preciso estar segura do que faz. Nunca transei sem camisinha e as vezes até surpreendo meus parceiros quando saco de minha bolsa o "kit night" (camisinhas, cremes, pomadas), como chamo "- declara Alexia, 27 anos, estilista, moradora da Barra.
Relação cresce vertiginosamente nos dias de hoje.
Segundo a psicóloga Regina Medeiros, o termo "ficar" pode significar, desde "a simples troca de beijinhos até uma relação sexual", e enfatiza que "inclusive meninos e meninas de 11 e 13 anos estão ficando, em um grau de relacionamento menor como beijos e carícias e que para gerações mais velhas como as nossas é dificil acreditar que isto aconteça com tanta naturalidade".
A psicóloga afirma ainda que "boa parte da responsabilidade por esta mudança de comportamento está na televisão principalmente nas novelas que degradam o ambiente familiar e a educação dos pais quando em suas tramas colocam artistas se relacionando com vários parceiros, como se fossem coisas normais".
"Expoentes maiores desta cultura são as atrizes da Rede Globo Vera Fischer e Luana Piovani que se divertem com quem podem e com quem querem quando bem entendem" - declara Regina.
"A mulher de hoje é trabalhadora, independente, tem opinião própria e quer viver. É comum vermos mulheres lindíssimas chegando juntas as boates, acompanhadas de duas ou tres amigas, em carro importado, saíndo, cada uma para um lado, acompanhadas por rapazes que acabaram de conhecer" - diz a psicóloga.
Para entendermos melhor a preferência das mulheres pelos "ficantes".
• ex-namorado (Principal vantagem: a confiança)
• amigo (Principal vantagem: carinho e amizade não exigindo compromisso)
• desconhecido (Principal vantagem: anonimato e certeza de não envolvimento)
• homem mais jovem (Principal vantagem: expectativa de compromisso "zero" após o relacionamento)
• homem mais velho (Principal vantagem: experiência que tem para passar)
Como acontece
1. Após uma balada, noitada em boate ou algum evento de agito e os lugares mais comuns são dentro do carro, no estacionamento, em lugares públicos, como nas escadas do prédio, na praia, ou no motel.
2. Para grandes emoções ou aventuras "free" elas preferem desconhecidos ou os homens casados com quem se relacionam apenas sexualmente.
3. O perfil físico e financeiro do candidato contam mais do que qualquer coisa.
Crédito:Fatima Nazareth
Autor:Fatima Nazareth
Fonte:Universo da Mulher