Em um casamento, o companheirismo, a solidariedade e o carinho vão aumentando na mesma medida em que o desejo sexual vai diminuindo.
A explicação mais ouvida para isso é que a rotina do dia-a-dia transforma o sexo num hábito, e como tudo o que é habitual vai perdendo a sensação de prazer, ele vai sendo feito automaticamente.
Há quem diga também, de forma conformada, que a emoção no sexo só existe mesmo no início de uma relação, e o que resta, depois de algum tempo de vida em comum, é uma grande amizade.
A única coisa que não entendo, então, é por que temos que dar satisfação, ter compromisso de horário, dormir na mesma cama todas as noites, com uma pessoa amiga.
Não seria muito melhor sermos livres e encontrarmos os amigos apenas quando sentíssemos vontade? Quem sabe, assim, a emoção do sexo poderia ressurgir, e a vida, sem tantas obrigações desnecessárias, poderia ser bem mais interessante.
Na realidade, existe uma razão ainda maior para que no casamento o sexo se transforme em algo monótono e sem graça.
É a ideologia da monogamia, que sempre foi adotada para a mulher e que de 30 anos para cá passou a atingir também os homens.
Atualmente, homens e mulheres cobram fidelidade sexual de seus parceiros. Sem dúvida, essa obrigação de um só poder se relacionar com o outro mina progressivamente a relação.
Por um lado as pessoas se sentem apaziguadas e seguras, acreditando que o parceiro nunca terá olhos para ninguém.
Por outro, a mesma certeza de posse e de exclusividade que faz as pessoas se sentirem garantidas no casamento, leva à acomodação, inibindo o desenvolvimento de uma vida sexual criativa com o parceiro.
Não existindo mais o estímulo da sedução e da conquista, o sexo vai se deteriorando.
É curioso assistir à cobrança de fidelidade feita nas relações estáveis, porque na verdade todos sabem que ela não existe.
Temos notícia o tempo todo de relações extraconjugais de gente que nos cerca ou mesmo de pessoas famosas, como os membros da família real inglesa ou o presidente do Estados Unidos.
Mas, inexplicavelmente, quase todos continuam defendendo a fidelidade como se fosse fácil e natural do amor, e a estabelecendo como condição para o casamento.
O número de homens e mulheres casados que têm relações extraconjugais ocasionais é enorme, e hoje o percentual de mulheres praticamente se nivela ao dos homens.
A diferença é que o homem divulga para se afirmar como macho e a mulher tende a guardar segredo, com medo de ser considerada galinha.
Uma relação extraconjugal pode ser apenas acidental e não rivalizar com a relação estável.
Nesse caso não afeta a pessoa nem o casamento, que em alguns casos sai até reforçado.
Desconfiar que o outro esteja também tendo um romance com alguém abala a certeza de posse e estimula a conquista, o que pode provocar o reaparecimento do desejo sexual.
É claro que, às vezes, a relação extraconjugal se torna mais intensa do que a do casamento, proporcionando mais emoção e prazer para as pessoas. Nesse caso, ou se aceita que faz parte da vida amar duas pessoas ao mesmo tempo, ou se separa.
Seja qual for a escolha, uma relação extraconjugal é sempre melhor do que o casamento sem graça de duas pessoas que desistem do sexo e ficam presas uma à outra por dependência e medo da vida.
Crédito:Alexandra Blandy
Autor:Alexandra Blandy
Fonte:www.camanarede.com.br