Muita gente ainda desconhece o assunto, mas as mulheres também têm ejaculação
"Ela ocorre depois do orgasmo, numa relação em que a mulher esteja muito excitada", diz a psicanalista e sexóloga Re gina Navarro Lins, autora do livro A cama na Varanda - Arejando nossas Idéias a Respeito de Amor e Sexo, lançado no ano passado pela Editora Rocco.
"É um líquido produzido pelas glândulas de Skene, que esguicha da uretra depois do orgasmo e não durante a relação sexual."
Segundo a sexóloga, apesar de pouco conhecida, a ejaculação feminina vem sendo estudada desde 1926, quando o médico Theodore Van Velde afirmava que algumas mulheres expeliam um líquido imediatamente após o orgasmo.
Durante anos foram feitas muitas especulações sobre o fato.
Uma delas é a constante confusão feita entre o líquido ejaculado e a urina da mulher.
"Por falta de informação, muitos homens acreditam que suas parceiras não conseguem conter a urina depois da relação", diz Regina.
"Algumas são até aconselhadas a fazer tratamento para incontinência urinária." Regina conta que já recebeu em seu consultório homens que terminaram seus relacionamentos por julgarem muito estranho este costume de suas namoradas.
O passo decisivo para a compreensão da ejaculação feminina foi dado por pesquisadores escoceses que, nos anos 80, estabeleceram as diferenças entre o líquido e a urina.
Este líquido, que é expelido pela uretra, pode ter de 15 a 200 mililitros.
Por isso, não se desespere se, depois de uma relação sexual um pouco mais fervorosa, o lençol ficar todo molhado à sua volta.
É impressionante que, às portas do século XXI, ainda se questione a existência da ejaculação feminina. Isso, graças à completa obscuridade em que se vê relegada a sexualidade da mulher.
Embora a ejaculação feminina seja uma descoberta mais revolucionária do que a do ponto G, é um fenômeno ainda desconhecido na nossa cultura.
Ela ocorre com mais freqüência quando esse ponto é estimulado, provocando orgasmos consecutivos na mulher.
O líquido límpido e transparente que esguicha da uretra, de repente e em jatos, é produzido nas glândulas de Skene e sua quantidade varia de 15 a 200 ml, podendo molhar bastante o lençol.
Não tem nada a ver com o líquido que lubrifica a vagina, permitindo a penetração, pois nesse caso seria produzido no início da relação sexual e não no auge do orgasmo.
No início da década de 80, a análise química desse líquido foi feita na Escócia, estabelecendo a diferença entre fluídos ejaculados e urina.
Entretanto, o desconhecimento da ejaculação feminina como conseqüência de um grande prazer sexual continua fazendo vítimas.
Algumas vezes ela é confundida com urina, gerando sérios constrangimentos ao casal. Em outras, é mais grave ainda. Já houve casos de mulheres que foram encaminhadas para operação porque seus médicos acreditaram tratar-se de incontinência urinária.
Para haver a ejaculação o ponto G pode ser estimulado com o dedo ou com o pênis.
Alguns autores consideram mais fácil no início que a estimulação seja feita com o dedo, num movimento para cima e para baixo. A pressão do dedo pode ir aumentando, assim como a velocidade.
Ao contrário do que os homens pensam, o clitóris não deve ser tocado para a mulher atingir o orgasmo ejaculatório.
A reação das pessoas em relação à ejaculação feminina varia da repugnância ao êxtase, da perplexidade à aceitação.
Uma mulher de 27 anos relata o que sentiu quando ejaculou pela primeira vez:
"Quando aconteceu senti uma espécie de medo por não saber o que estava acontecendo. Estava com um ex-namorado que eu não via há um ano. Foi por acaso. Ele estava com o dedo dentro da minha vagina brincando, quando explodi por completo. Comecei a ter muitos orgasmos seguidos, acho que uns dez. Ele ficou muito espantado, perplexo mesmo, mas adorou. A cama ficou encharcada. Não dá para comparar com um orgasmo comum. Acho impossível existir no mundo um prazer físico que se aproxime deste."
Crédito:Fatima Nazareth
Autor:Patrícia Villalba
Fonte:Universo da Mulher