O tempo vai passando, e os gastos aumentam.
Conversamos com economistas e consultores especializados em finanças domésticas.
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Educação pesa mais
O casal César e Regina Padovan, pais de Jessika, 15 anos, seguiram a cartilha à risca. Desde que ela soube que estava grávida, abriram uma poupança para a filha. "Passamos por maus momentos, mas nunca mexemos nesse dinheiro", diz Regina. O gasto com a educação de Jessika foi o que mais pesou no bolso do casal.
A formação escolar dos filhos pode consumir quase 40% de tudo que é gasto com eles. "Além da mensalidade escolar, entram nessa conta livros, material escolar e transporte", explica o economista Luís Carlos Ewald, consultor da Fundação Getúlio Vargas e especialista em economia doméstica.
A mensalidade numa escola de classe média em São Paulo gira em torno de R$ 300, segundo a Ipso Consultores, empresa ligada ao Grupo Associação de Escolas Particulares, que reúne 45 colégios paulistanos. A esse valor devem ser somadas as despesas com aulas de esportes e de inglês. O curso completo de idiomas, com duração de sete semestres, sai por R$ 3 094. Tudo somado, o investimento em educação beira os R$ 90 mil.
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A conta da saúde
Manter o filho saudável também exige boa dose de investimentos. A dica é ter um plano médico que cubra as visitas ao pediatra e todas as despesas médicas imprevistas que as crianças costumam dar. Um plano básico, com direito a consultas, exames e internação em enfermaria, custa perto de R$ 130 por mês. As idas semestrais ao dentista, para limpeza, aplicação de flúor e mais três restaurações - esta é a média de cáries de uma criança brasileira de 12 anos, segundo o IBGE -, custarão quase R$ 2 800. "O tratamento preventivo, além de evitar cáries, é mais econômico", aconselha a odontopediatra paulista Sílvia Migdal Cohen. Torça para que seu filho não precise de um aparelho ortodôntico, com o qual os gastos quase triplicam. O preço médio desse tipo de tratamento não fica em menos de R$ 5 mil.
Para fechar a conta de saúde, é preciso incluir o valor da vacinação. Até completar 15 anos, o jovem deverá ter sido vacinado contra tuberculose, hepatite A e B, difteria, tétano, poliomielite, sarampo, caxumba, rubéola e catapora. Nas clínicas especializadas de São Paulo, essas vacinas saem por R$ 1 032. Considere o serviço público para economizar. Note que, além de todas essas despesas, você ainda terá gastos com remédios. A conta da farmácia é impossível de prever.
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Roupa, fralda, comida
Não é fácil calcular o desembolso com alimentos. O economista Luís Carlos Ewald diz que é razoável estimar uma despesa de R$ 150 por mês, além de gastos extras, a partir dos 10 anos, com o lanche na escola - antes disso, nada como a boa lancheira para economizar. As idas ao restaurante, a partir dos 5 anos, também devem entrar no cálculo. Uma família com três pessoas gastará cerca de R$ 60 almoçando ou jantando numa casa de preços medianos, e um quarto desse valor caberá à criança. Por ano, ela consumirá R$ 360; até completar 15 anos, serão R$ 3 600.
As despesas com roupa também variam. O economista Ewald sugere reservar o equivalente a R$ 200 por mês para tudo que se refere a vestuário: de pijama a biquíni, passando por lençol, toalha, tênis, sapato, uniforme escolar, quimono de judô, roupa de balé, fantasia de São João, trajes de festa e acessórios (bolsas, cintos, brincos, piercing). Mas, antes de começar a usar tudo isso, seu filho gastará milhares de fraldas. Estimativas da Johnson & Johnson e da Procter & Gamble, dois grandes fabricantes, indicam que uma criança consome, em média, oito fraldas por dia. Feitas as contas, você terá desembolsado uns R$ 2 mil só com esse item.
Calcule você também Para saber exatamente quanto vai custar seu filho, você pode recorrer a programas financeiros existentes na internet. O site da Financenter tem uma calculadora programada para fazer essa conta. Basta preencher os campos em branco com as principais despesas mensais e discriminar o período em que ocorrem. O resultado final serão as despesas que o seu filho vai lhe dar. |
Brinquedos e lazer
No quesito lazer, esteja preparado para gastar com brinquedos e passeios, idas ao cinema, ao teatro, a parques de diversões, acampamentos de férias e viagens para a serra ou para a praia nos fins de semana.
Um gasto médio de R$ 30 por mês com carrinhos, jogos, bonecas e outros brinquedos para o seu filho se transformará, depois de dez anos, em R$ 3 960. A partir dessa idade, a criança já pode começar a receber uma mesada, e fica por conta dela administrar suas prioridades. O mais comum é começar com cerca de R$ 100 por mês, passar para R$ 150 aos 12 anos e chegar aos R$ 200 mensais, quando ele ou ela completar 14 anos.
Ainda no tópico diversão, reserve uma quantia para os gastos com viagens. Cerca de R$ 600 por ano são suficientes para os acampamentos de férias e fins de semana na serra ou na praia. A despesa maior, entretanto, será com a tão sonhada viagem à Disney. Os pacotes mais em conta custam por volta de R$ 2 500.
Para finalizar, não esqueça das festinhas de aniversário do seu filho. Não que você tenha que fazer sempre uma daquelas festanças, mas se, ano sim, ano não, você convidar os amiguinhos dele ou dela para se divertir num bufê, a estimativa é a de um gasto de R$ 7 mil. Ah!, e tem ainda os presentes de aniversário, Dia da Criança e Natal. "Para eles, é razoável calcular R$ 560 por ano", diz o economista Luís Carlos Ewald.
Tudo vale a pena
Com todas essas despesas na ponta do lápis, chegamos àqueles R$ 240 mil do início da reportagem. O valor assusta, mas tenha certeza de que compensa. O casal André e Cláudia Nersissian (ela, grávida de seis meses) não vê a hora de Gustavo nascer. O quarto já está pronto e o enxoval comprado - tudo pela "bagatela" de R$ 4 600. Precavidos, eles deixaram de trocar o carro e fizeram uma poupança extra, para os imprevistos. "Sei que não vai sair barato, mas a satisfação de ver seu primeiro sorriso, acompanhar seus primeiros passos e a alegria de quando ele passar no vestibular, tudo isso vai mostrar que nosso investimento terá valido a pena", afirma Cláudia. Ela tem toda razão.
Driblando os limites, quando o orçamento é curto Todo mundo sabe que R$ 240 mil não se acham na esquina. Se o seu orçamento é apertado, não se desespere: dá para economizar e gastar bem menos com seu filho, sem comprometer o desenvolvimento e a felicidade dele. Veja as dicas: |
Jessika, 15 anos, tem uma poupança intocável, iniciada por seus pais, César e Regina Padovan, antes de ela nascer. |
Crédito:Luiz Affonso
Autor:Ricardo Marques
Fonte:Universo da Mulher