Rio de Janeiro, 04 de Dezembro de 2024

Obesidade infantil - Por Silvana Martani

Obesidade infantil - Por Silvana Martani
A obesidade e o sobrepeso infantil sempre existiram mas, nos últimos anos, esse problema vêm se agravando pela mudança de hábito das famílias.
 
Esses hábitos não se modificaram apenas nas mesas, mas na sociedade como um todo.
 
Com o aumento da violência e a explosão dos grandes centros urbanos os hábitos sociais mudaram de acordo com a necessidade e comodidade das pessoas.
 
As crianças que, antes podiam brincar livres nas ruas ou imediações de suas casas agora, passam seu tempo livre em quartos ou quintais reduzidos e, por conta disso, os brinquedos ¨intimistas¨ se proliferaram: games, jogos, desenhos na TV, internet e os shopping.
 
Com os pais tendo que sair para trabalhar e com tempo reduzido para confeccionar os cardápios ou sem condições de estar presentes durante as refeições das crianças, o famoso: ¨come logo, meu filho...¨só é possível se for o que ele gosta.
 
Sem dúvida, o que eles gostam não tem nada a ver com legumes e verduras e agüentar uma criança reclamar da comida ou se recusar a comer não é nada fácil.
 
Mas não é nada fácil também o que a criança agüenta.
 
Basta estar acima do peso para virar: a baleia, o gordo, balofo, e fofão dos amigos da escola ou do clube.
 
Todo mundo tira uma casquinha e o apelido vira referência.
 
Com isso, a criança começa a se acanhar e passa a chamar a atenção para outros atributos que não o seu corpo,como excesso de humor, de crítica aos colegas, inteligência, fica com vergonha de ir a praia ou ao clube, pois tem que se expor e se desmotiva com todos os exercícios em grupo com medo de ser ridicularizado.
 
Neste ponto, já existe um prejuízo considerável a auto-estima e comer pode ser um grande consolo.
 
Queremos que nossos filhos sejam aceitos e respeitados por todos, mas nestas circunstâncias precisamos ajudá-los.
 
Não estamos aqui fazendo nenhuma campanha contra qualquer alimento, diversão ou estilo de vida, mas um apelo à qualidade.
 
Nessa linha, comer em frente da TV está fora , pois seu filho precisa ver o que come, alimentos coloridos e bem arrumados no prato (misturar tudo é para o bichinho de estimação), ajudam o cérebro a comer também.
 
Os sanduíches podem ser reduzidos a uma vez por semana, os sucos ou água podem substituir os refrigerantes em alguns dias.
 
Comprar menos guloseimas e distribui-las no mês não só aliviam o bolso, mas o peso.
 
Nos finais de semana convide seu filho para caminhar, andar de bicicleta. Converse com ele durante o passeio, pergunte da escola dos amigos , ocupe uma parte da manhã ou tarde e libere o resto do dia para que ele faça o que quiser.
 
Não chame seu filho de preguiçoso ou ¨mole¨ só porque ele diz não gostar de esportes.
 
Na verdade não é do esporte que ele não gosta, mas de estar exposto e ser ridicularizado.
 
Basta conversar com ele sobre essas oportunidades e tentar incentivá-lo.
 
Dependendo do que você escutar, leve-o ao médico endocrinologista, dê a ele a oportunidade de conversar com um psicólogo, pois esses profissionais são treinados para ajudar seu filho.
 
Com isso, certamente, estaremos ajudando nossas crianças a crescerem felizes e em paz com seus corpos.
 
 
 
*Silvana Martani é psicóloga da Clínica de Endocrinologia da Beneficência Portuguesa de São Paulo - CRP06/16669
 
 
 

Crédito:Eleonora Chagas

Autor:Silvana Martani

Fonte:Materia Primma