Rio de Janeiro, 04 de Dezembro de 2024

Seu filho tem mêdo de quê?

A maioria das crianças pula, brinca, aprende um universo de coisas novas e faz um montão de estripulias, mas quando o assunto é medo a coisa fica séria. Seja de fantasmas, do escuro, do bicho papão, dependendo do grau, o medo passa a ser uma preocupação para os pais, que ficam confusos e não sabem direito como lidar com a situação.

O que poucos sabem é que os pequenos começam a ter a sensação de medo bastante cedo: a partir dos sete meses de idade. Nessa fase, os bebês dão os primeiros sinais por meio de sustos. Mas isso não é motivo para alvoroço, já que podem ocorrer por, simplesmente, estranharem pessoas ou o ambiente com os quais não estão acostumados.

No entanto, qual é o real sentido do medo? Por que ele faz parte da vida desde cedo? “Todos nós temos sentimentos de medo, inclusive, é uma das emoções de base do ser humano. Como sentimento, é inato, mas, como comportamento, é aprendido. E é aqui que entra o papel dos pais”, afirma a psicóloga Juliana Morillo. Para ela, o “sentir medo” é bastante normal, mas a maneira de reagir diante desse sentimento é algo que se aprende.

O medo de atravessar a rua sozinho, de animais, de andar de bicicleta, de falar com estranhos, de altura etc, são algumas dos sentimentos que os próprios pais despertam nos filhos na tentativa de promover segurança e que, de certa forma, ajudam. Embora encontrem no incentivo ao medo a melhor forma de proteção, o excesso de cuidados pode atrapalhar. “Na verdade, muitas vezes os pais incutem seus medos nos pequenos sem perceber. Antes, as crianças brincavam tanto a ponto de se sujar bastante. Hoje, há uma super-proteção e alguns não permitem ao filho viver novas experiências. Ele precisa vivenciar e descobrir as coisas”, ressalta Juliana. O importante é incentivá-los a descobrir o universo que está a sua frente.
 
 
Fantasias X Insegurança
 
 
Não existe uma linha precisa que distingue uma reação de medo normal de uma que possa ser considerada patológica, mas se ela se tornar intensa, com reações exageradas, é preciso procurar ajuda. No entanto, muito do que as crianças sentem em relação ao medo, são fantasias, afinal, elas possuem uma imaginação fértil, pois assistem à tevê, vêem desenhos animados, e isso tudo acaba se tornando real em suas cabecinhas. Nesses casos, é preciso que a mamãe e o papai busquem entender os porquês de cada medo e trabalhá-los da melhor forma possível, sem potencializá-los.

“Se o medo é do escuro, por exemplo, é bom colocar um abajur no quarto para mostrar que a criança está protegida. Ela não deve ser levada para dormir no quarto dos pais e, sim, ficar em seu próprio cantinho. O principal objetivo é ajudá-la a encarar seus medos e  dar a ela a oportunidade de perceber que tudo não passa de uma fantasia”, incentiva Juliana.

A insegurança também pode ser um fator que desencadeia o medo. Se a mamãe, por exemplo, demonstra excesso de cuidado quando seu bebê está sendo carregado por alguém, porque acha que vai sujar, derrubar e até mesmo passar alguma doença, o filho pode ter a sensação de que está desprotegido. Assim, é preciso desenvolver habilidades e ter muito jogo de cintura para agir de maneira que o pequeno se desenvolva bem, sem medos desnecessários.

Uma boa forma de ajudar os filhos a vencerem o medo é permitir que eles próprios encontrem métodos práticos para conviver com a experiência. “Sem falar que conversar com eles é uma das saídas mais simples para aliviar esse sentimento negativo”, finaliza a psicóloga. Afinal, os medos existem e são normais.

 Juliana Morillo é formada em psicologia pela Universidade Mackenzie e pós-graduada em terapia de casais e família pela PUC-SP
 
 
 
 

Crédito:Dida Braga

Autor: Juliana Morillo

Fonte:Vila Comunicação