Um turbilhão de emoções envolve marido e mulher no momento em que descobrem que vão ser pais.
Inchaço nos seios, sonolência e outros sintomas que lembram os dias que antecedem a menstruação costumam ser os primeiros sinais. Passa a data prevista, ela não vem e aí bate a desconfiança: será que estou grávida? Antes mesmo da confirmação, o casal mergulha num turbilhão de sentimentos desencontrados - o que é muito natural. "A chegada de um filho é uma experiência transformadora que normalmente traz um impacto emocional profundo", diz a psicóloga Maria Tereza Maldonado, autora do livro Nós estamos grávidos (editora Saraiva).
Os sentimentos que afloram têm a ver com a forma como acontece a gravidez: se era esperada, se aconteceu por acaso ou se o casal já vinha tentando fazia algum tempo e finalmente conseguiu. São também reflexo do momento emocional e de vida dos dois. Do tipo de relacionamento que une o casal. Das circunstâncias financeiras da família, da repercussão da notícia entre familiares e amigos...
No momento em que são colocados diante da possibilidade concreta de ter um filho, tudo isso entra em cena. Afinal, com a chegada dele nada mais será como antes em suas vidas. Isso pode trazer tanto a alegria e a festa, quanto sensações de angústia, tristeza, apreensão. "Muitas gestantes se sentem culpadas quando têm sentimentos que acham negativos. Por isso, é importante que elas saibam que é perfeitamente normal se sentir assim", diz Maria Tereza.
Conversas que ajudam
Mesmo quando a gravidez foi planejada, junto com uma imensa alegria, é perfeitamente natural a futura mamãe sentir um friozinho na boca do estômago diante do resultado positivo e pensar: será que eu vou dar conta? Vai dar tudo certo? "Passa tanta coisa na cabeça da gente!", diz a médica Rosária Rita Sassi, grávida de cinco meses. "A responsabilidade de educar uma criança assusta", confessa ela, casada há três anos com o médico Roberto Sassi. O casal iniciou os preparos em meados do ano passado. Fizeram um plano médico, e Rosária começou a tomar ácido fólico, suplemento vitamínico importante para prevenir problemas no desenvolvimento do feto (veja boxe), e também tomou vacina contra rubéola.
Todos esses cuidados não foram suficientes para afastar turbulências. Os três primeiros meses de gestação de Rosária foram recheados de angústias. "Tinha pesadelos constantes com parto e aborto", relata. Nesse período, tentou se acalmar, falando de seus receios com o marido e com o seu obstetra. "Os paparicos de familiares e amigos também me ajudaram, mas só relaxei mesmo no final do quarto mês, quando comecei a sentir o bebê mexendo", conta Rosária. Agora, as coisas serenaram um pouco. Já dá até para brincar com a marcação cerrada do marido para que ela coma legumes e frutas, que nunca cativaram muito seu paladar.
Não há necessidade de correr para a consulta no dia seguinte à notícia da gravidez. "Se não estiverem muito ansiosas, oriento as pacientes a agendar a consulta duas semanas depois do atraso menstrual", diz o médico Daniel Klotzel. Ele solicita uma batelada inicial de exames. Sangue Verifica o tipo sanguíneo da mãe, se ela é imune a doenças que podem afetar o feto, sinais de anemia, etc. Urina Detecta a presença de infecções urinárias e o agente causador. Ultra-som Geralmente realizado na oitava semana de gestação, verifica se o embrião está bem localizado no útero e estima o tempo da gestação. |
Lidando com a surpresa
Mãe de Juliano, 5 anos, a produtora Cecília Capistrano não tinha planos de aumentar a família, mas foi surpreendida por uma nova gravidez. Ela vive sozinha com o filho e tem um namorado há quatro anos. "A menstruação atrasou. Eu tinha parado de tomar pílula, mas a gente continuava evitando com camisinha. Acho que meu namorado queria esse filho mais do que eu", afirma Cecília, que está no quarto mês de gestação. Os dois decidiram juntos ter a criança, e Cecília começou a reorganizar a vida para recebê-la. "Precisei adiar projetos de trabalho e preparar o Juliano para a novidade", conta ela. O menino adorou a idéia e torce por uma irmãzinha.
A surpresa foi ainda maior para Linda Dayan, que engravidou dois meses depois de se casar. "Não queríamos filhos tão cedo. Usava anticoncepcional e parei uma semana para trocar por outra marca", diz ela. Mas teve uma intuição. "Senti que tinha algo diferente e resolvi fazer um desses testes de farmácia", conta. Deu positivo. Ela não queria acreditar. Comprou outros três testes de marcas diferentes. Continuou dando positivo em todos. "Foi tão inesperado que meu marido e eu passamos a noite sem dormir, tentando assimilar a notícia." Dois dias depois, estavam diante do médico, informando-se sobre todos os exames que ela tinha de fazer. As primeiras semanas foram um susto atrás do outro, pois Linda vivia tendo cólicas. "Qualquer dorzinha a mais, eu ficava apavorada, pensando que algo errado podia acontecer com o bebê", relata ela, agora grávida de três meses.
Cecília Capistrano, no quarto mês: surpresa e projetos de trabalho adiados. |
Teste para confirmar
Se você ainda está naquele momento da dúvida, o primeiro passo a dar é fazer a prova dos noves. Ou seja, o teste. Existem duas alternativas: recorrer aos de farmácia ou fazer o tradicional exame de sangue em laboratório.
Os testes de farmácia medem a concentração na urina da gonadotrofina coriônica (HCG), o hormônio que começa a ser produzido logo depois da concepção e pode ser detectado até os três primeiros meses da gestação. Depois, com a placenta já formada, a produção de HCG declina e ele não pode mais ser percebido por esse método. "Só é preciso ter cuidado na hora da escolha dos testes, pois nem todas as marcas são confiáveis. Em geral, as melhores são as mais caras", diz o obstetra Daniel Klotzel, do Grupo de Apoio à Maternidade e Paternidade (Gamp). Os preços dos testes mais caros giram em torno de R$ 15 a R$ 20. Para maior segurança, procure localizar na embalagem o número de registro no Ministério da Saúde (ele vem depois da sigla MS).
O exame feito em laboratório pode detectar a presença do HCG no sangue da gestante entre 3 a 5 dias depois da relação sexual que deu origem à concepção, bem antes do atraso menstrual. Mas normalmente os médicos só recomendam sua realização depois do atraso, porque nesse período é comum acontecer de o óvulo fecundado não se fixar no útero adequadamente e a mulher ter um aborto espontâneo, que é confundido com a menstruação. "Fazendo o exame depois, evita-se um desgaste emocional", observa Abner Lobão Neto, coordenador do Pré-Natal Personalizado da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Então, gravidez confirmada? Respire fundo e prepare-se para todo esse turbilhão de emoções.
Os médicos orientam os casais que pretendem ter filhos a tomar uma série de providências que previnem riscos durante a gestação. |
Crédito:Fatima Nazareth
Autor:Redação
Fonte:Crescer