Rio de Janeiro, 20 de Abril de 2024

A importância da saúde mental no puerpério

O puerpério se caracteriza pelo intervalo de tempo que se inicia com o nascimento do bebê e vai até o 45º dia após o parto. Esse é um período de adaptação à nova realidade, marcado pelas transformações da maternidade.

Neste artigo vamos abordar a importância da saúde mental nessa fase tão delicada que é o puerpério.

As mudanças no corpo da mulher

Ocorrem mudanças fisiológicas e anatômicas que seguem a fase de expulsão da placenta e a dequitação, a saída da placenta.

Com quadros como a involução uterina, a presença de lóquios, uma perda normal de sangue e outros tecidos que ocasionam corrimento vaginal e alterações de humor.

Além de tudo isso, a puérpera precisa atender as necessidades do recém-nascido, com uma nova rotina de sono e amamentação.

Todas essas mudanças já seriam o suficiente para um atestado médico ocupacional, pois justificam as mudanças no estado mental da mulher, tais como outros fatores como:

  • Cansaço extremo;

  • Isolamento nos primeiros dias;

  • Possíveis dificuldades no aleitamento;

  • Oscilações hormonais trazidas pelas novas experiências.

Esses são fatores que podem contribuir para alguns distúrbios psiquiátricos em puérperas em todo o mundo.

Baby blues ou tristeza puerperal

Esse é conhecido como o transtorno mental mais comum durante o período puerpério, sendo muito normal entre as mulheres. Caracteriza-se por um período curto de oscilações emocionais, que costumam ocorrer entre o segundo e o quinto dia após o parto.

A tristeza puerperal ou baby blues acomete de 50 a 80% das mulheres, sendo ainda muito subnotificado.

Alguns não dão real importância, pois é uma condição que se relaciona apenas à dificuldade da puérpera em se adaptar à chegada do bebê, e não é ligado a um transtorno mental temporário associado ao pós-parto.

Estão sujeitas a essa situação mulheres que trabalham nos mais diversos segmentos, como mão de obra temporária e terceirização e qualquer outro. Estão associados a esse quadro uma série de fatores que se relacionam em diversos níveis:

  • Alterações hormonais;

  • Antecedentes psiquiátricos;

  • Eventos estressores;

  • Gravidez não planejada;

  • Bebê que chora constantemente;

  • Dificuldade na amamentação.

Além da realização de um pós parto perfeito, tudo isso pode gerar uma carga emocional muito grande que propiciam o desenvolvimento do distúrbio. Uma forma de cuidar do corpo da mulher é com o uso de uma faixa abdominal elástica com velcro.

Quando ocorre de forma mais intensa e duradoura, a tristeza puerperal aumenta as chances de depressão pós-parto, que é um quadro clínico e severo.

Também pode desencadear a psicose puerperal, um grave transtorno mental onde a mulher vivencia perturbações mentais de extrema intensidade.

É normal confundir o Baby Blues com a depressão pós-parto, mudando no sentido da intensidade dos sintomas. Se assemelha à depressão em outros momentos da vida, mas acrescidas de questões relacionadas à maternidade.

Questões como culpa por não conseguir cuidar do bebê, maior sensibilidade emocional e choro contínuo são frequentes.

Deve-se considerar que o Baby Blues não atrapalha o funcionamento da vida da mulher, conseguindo realizar suas atividades rotineiras. O que é diferente em casos de depressão pós parto e psicose puerperal, que os sintomas são mais acentuados.

O estresse da mulher nesses períodos pode melhorar com atividade física leve, como usar aparelhos para academia de pilates.

Psicose puerperal

Nesse quadro clínico ocorre um afastamento da realidade, sendo um transtorno psicótico severo que pode acometer mulheres no fim da gravidez ou no período puerperal.

São apresentados quadros de delírios e alucinações, agitação e confusão mental. Muitas vezes a mulher não é capaz de reconhecer seu bebê. Trata-se de uma emergência médica que, se não tratada, pode levar ao suícidio e/ou infanticídio.

No Brasil não temos muitos dados concretos, mas alguns estudos apontam que a incidência da psicose puerperal é de 1 caso para cada 1000 puérperas.

Pode ocorrer com qualquer mulher, principalmente quem passa por outros tipos de gatilhos, como a falta de uma eficiente estruturação financeira.

É preciso buscar apoio clínico para uma abordagem adequada dos transtornos puerperais, pois enquanto no Baby Blues ocorre uma remissão espontânea, em quadros como a psicose puerperal precisa-se de tratamento e medicamentos.

Como apoiar as puérperas?

O vínculo afetivo entre mamãe e bebê pode ter severos prejuízos devido aos distúrbios puerperais. Inseguranças nos que tangem o cuidado com a criança podem afetar significativamente a saúde da mulher.

É importante que a puérpera tenha uma rede de apoio, cercando-se de amigos e familiares queridos em quem possa confiar. Isso tende a deixar o ambiente da puérpera mais seguro e passar pelo período de forma mais serena.

Com pessoas presentes, como uma cozinheira residencial ou pessoas ajudando a lavar as roupas, já deixa que a mulher tenha mais tempo com o bebê e a criação de vínculos afetivos.

Esse grupo de pessoas deve oferecer amparo diário, compreendendo que essa mulher está passando por um período de adaptação desafiador.

Deve criar um ambiente acolhedor, com escuta ativa, sem comparações ou cobranças, de forma que a mulher sinta liberdade para partilhar suas emoções.

É importante ter ajuda nos cuidados com o bebê, estando sempre na companhia de alguém que pode assumir o posto se necessário. Ações educacionais no pré-natal podem ajudar a mulher a se preparar para o período pós-parto.

Estar ciente de condições como o Baby Blues, a depressão pós-parto e psicose puerperal podem pevenir o suicídio e trazer mais visão da sociedade sobre os transtornos psicológicos.

Isso pode ser realizado em eventos pontuais em que a mulher ganha uma camisas de silicone amarelas. As mulheres que sofrem de transtornos puerperais precisam manter a calma e procurar ajuda.

Busque um ambiente seguro conversando com outras mulheres que enfrentaram ou enfrentam esse tipo de problema.

É possível superar essa fase desafiadora com ajuda de bons profissionais de saúde, a presença de amigos e familiares amorosos e talvez a terapia medicamentosa.

A importância do diagnóstico

Na hora do diagnóstico, é importante diferenciar se se trata de uma depressão unipolar ou bipolar. A depressão unipolar causa apenas o estado depressivo, já a bipolar tem uma oscilação de humor, variando entre estados depressivos e a mania/hipomania.

A depressão bipolar é mais grave, pois além dos sintomas depressivos ocorrem também casos como:

  • Aceleração dos pensamentos;

  • Irritabilidade;

  • Distratibilidade;

  • Redução na necessidade de sono;

  • Agitação psicomotora.

Nesse estado, a mãe pode oferecer risco ao bebê, por isso ao perceber algum dos sintomas listados acima, busque um profissional de saúde com competências em transtorno de humor.

Prevenção

É muito importante que os profissionais estejam preparados para reconhecer os sintomas previamente, prevenindo o aparecimento de gatilhos para essas doenças. Quadros como privação do sono, mudança alimentar e redução da interação social podem ser indicativos.

É indicada uma rotina com a prática de exercícios físicos e boa alimentação, mantendo uma rotina que protejam a mulher e a criança.

Ações que podem ajudar é organizar a refeição das puérperas, realizar os afazeres domésticos, incentivar a mulher a descansar, reforçar positivamente a maternidade e oferecer apoio prático e ajuda quando houver necessidade.

Os bons momentos desse período podem ser gravados por uma boa produtora de vídeo comercial para recordação.

Considerações finais

Neste artigo trouxemos como e por que cuidar da saúde mental das mulheres após o parto é tão importante. Desde a gravidez até o puerpério, tanto o corpo quanto a mente da mulher passam por muitas transformações.

Esse ciclo pode vir acompanhado de oscilações de humor, uma situação que os profissionais de saúde e a rede de apoio precisam estar atentos.

O Baby Blues se caracteriza por um um humor deprimido que pode ser revertido espontaneamente em até 2 semanas. Nessa situação, após o nascimento do bebê pode ocorrer situações como a falta de ânimo, de energia e de prazer na realização da rotina.

Pode ocorrer também aceleração do pensamento, falta de concentração e irritabilidade, mas isso deve regredir em um período de 2 semanas.

O Baby Blues tem em seu desenvolvimento o pano de fundo das adaptações da maternidade, que incluem as mudanças hormonais e a privação de sono.

Em casos em que os sintomas persistem por mais de duas semanas, pode ser que a mulher esteja enfrentando um quadro depressivo. Isso pode acometer de 15% a 20% das puérperas, e trata-se de um diagnóstico complexo que envolve alguns sintomas.

Humor deprimido na maior parte do dia, diminuição do prazer ou interesse em quase todas as atividades, perda ou ganho de peso, insônia ou hipersonia, fadiga ou perda de energia, agitação ou retardo psicomotor e pensamentos recorrentes de morte estão entre eles.

Um dado importante é que mulheres com histórico de depressão têm 50% mais chances de desenvolver uma doença no período pós parto.

Também existem as predisposições genéticas, problemas conjugais, violência doméstica e falta de interação social que funcionam como um gatilho.

Esse texto foi originalmente desenvolvido pela equipe do blog Guia de Investimento, onde você pode encontrar centenas de conteúdos informativos sobre diversos segmentos.

 

 

Crédito:Luiz Affonso

Autor:Jennifer Khauffman

Fonte:Guia de Investimento