Rio de Janeiro, 29 de Março de 2024

As cinco maiores dores de uma mulher ao planejar uma gestação

De acordo com um estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), 50% das mulheres saem do mercado de trabalho em até dois anos após sua licença-maternidade.

Já a pesquisa realizada pelo Google demonstrou que 88% dos homens brasileiros declararam que ser um bom pai significa participar ativamente da rotina dos filhos, porém, apenas 37% assumem que, de fato, são participativos.

Apesar do crescente aumento da discussão sobre equidade de gênero, essa conscientização ainda está longe de refletir a realidade.

Grande parte das famílias ainda funciona, hoje, tendo a mulher como principal responsável pelo cuidado da casa e dos filhos, assumindo duplas ou triplas jornadas de trabalho.

Na prática, o dilema da mulher moderna entre carreira, família e filhos está além de estatísticas e dados analíticos. Os números, na verdade, são apenas a ponta do iceberg para a mulher que pretende realizar o sonho de se tornar mãe. Enquanto, em casa, a família e os amigos cobram pela chegada dos filhos, no trabalho é quase que consenso que conciliar carreira e maternidade é impossível. Num piscar de olhos, o que era pra ser um momento único de alegria e realização se torna um mar de incertezas, dúvidas e insegurança.

Como tentante e ao longo dos últimos dois anos acompanhando outras mulheres no Carreira & Mamadeira, consigo identificar os maiores medos e inseguranças que o público feminino enfrenta durante essa jornada. São eles:
 

1 - Será que ainda vou ter tempo para continuar sendo eu?

É claro que a rotina da mulher irá mudar! A chegada de um bebê impacta o cotidiano de várias maneiras e não há como negar. O que já era corrido ficará ainda mais. E nesse cenário, os extremos nunca ajudam. É muito comum encontrar discursos em que a maternidade é romantizada ou demonizada, mas quase ninguém fala das possibilidades que existem entre esses dois pontos.

Óbvio que dormir até mais tarde em um sábado vai ser raro, chegar em casa e se jogar no sofá com o parceiro pode não mais fazer parte da rotina, assim como viagens-surpresa de fim de semana terão que ser melhor planejadas, confraternizar com os amigos vai demandar uma rede de apoio. A questão é que a vida é feita de fases, e é muito importante saber aproveitar cada uma delas, com seus ônus e bônus. Quando a decisão é tomada de forma consciente, então, fica muito mais fácil lidar com os perrengues e as renúncias.

Isso não quer dizer, de forma alguma, que é preciso se acostumar com o caos, por mais que ele tome conta um dia ou outro. Nesse momento, vale investir tempo no planejamento, construir uma rede de apoio e ter combinados muito claros com o parceiro. Lembre-se: ele é o maior aliado nessa jornada, não como ajudante, mas como pai e igualmente responsável pela nova rotina. Somente mulheres realizadas podem ser mães felizes para criar filhos emocionalmente saudáveis.

2 - Filho segura ou destrói o casamento?

Nem um, nem outro, se o casal estiver em sintonia. Quem planeja engravidar precisa, além de estar bem consigo mesma, desenvolver maturidade no relacionamento a dois. E, nesse processo, o diálogo é sempre o melhor caminho. Alinhar sobre expectativas, vontades e limites é essencial para evitar aborrecimentos lá na frente.

3 - E os pitacos das famílias?

Eles já existem muito antes dos filhos chegarem, mas fato é que aumentarão proporcionalmente ao aumento da família. Isso não necessariamente precisa ser ruim e cada casal deve entender em que nível a interferência é bem-vinda.

É preciso ter em mente que quanto maior for a dependência, maior será a interferência. Por isso, ainda durante o planejamento, é importante que o casal entenda que situação deixa ambos mais confortáveis para que possam se programar. Se a ideia é que a rede de apoio sejam os avós, é necessário ter essa conversa. Se o melhor é uma escolinha, creche ou babá, vale fazer um pé de meia.

No geral, o período logo após o nascimento do bebê é o que mais deixa as mulheres inseguras e preocupadas. Infelizmente, muitas mulheres já passaram por experiências traumáticas com conselhos não requisitados, visitas não agendadas e falta de bom senso, o que acaba disseminando essa sensação de que todo pós-parto precisa ser terrível.

De fato, a mulher passa por oscilações hormonais bastante intensas, a ponto de não precisar de nenhum estresse extra nessa equação. Nesse momento, o mais importante é entender que a prioridade é o bem-estar do casal e do bebê recém chegado e que para isso, em determinados momentos, talvez seja necessário frustrar algum familiar.

Não que exista uma regra, mas se cada um ficar responsável por alinhar expectativas e limites com sua família, esse momento pode ser muito mais tranquilo e leve para todos. Para que o bebê fique bem, basta a mãe estar bem. O homem, nesse contexto, tem o papel inegociável de colocar o bem-estar da mulher acima de qualquer outra coisa.
 

4 - De que jeito eu adiciono um bebê nessa rotina caótica?
 

Trânsito, trabalho, trânsito. Se em home-office, é reunião atrás de reunião. A rotina já é complexa e extremamente corrida. Como encaixar, nessa complexidade, uma nova vida?

Como ser uma boa mãe sem precisar abrir mão de todo o resto?

Calma!

Ser uma mãe participativa não é sinônimo de não desgrudar do filho, o equilíbrio é a chave. É preciso saber priorizar o tempo. No trabalho se dedique a sua função.

Quando chegar em casa, feche o notebook, desligue o celular e se entregue àquele momento.

E o mais importante: se libertar da culpa. A mulher que escolhe ou precisa trabalhar após a maternidade é tão mãe quanto a que se dedica 100% aos filhos. Construa uma boa rede de apoio, faça acordos com seu parceiro, tente conseguir flexibilização de horários ou modelo de trabalho e aproveite a jornada.

5 - E a grana, será que vai dar?

Por fim, a situação financeira completa os 5 medos mais enfrentados durante o processo de planejamento de uma gravidez. Ter as finanças da casa organizadas, um orçamento familiar saudável e indivíduos conscientes da realidade é indispensável para quem quer aumentar a família.

Ao lidarem com uma nova vida, gastos serão necessários e imprevistos poderão ocorrer de forma recorrente, por este motivo, a maneira como esse dinheiro será gasto deve ser pensada.

Se esses mecanismos ainda não existem, é hora de implementar (inclusive, temos uma planilha financeira incrível que foi pensada especialmente para ajudar nesse desafio e está disponível lá na nossa bio do @carreiraemamadeira). Evitar se comprometer com gastos a longo prazo, quitar dívidas e construir uma reserva de emergência são alguns primeiros passos importantíssimos.

Sim, os medos existem e sempre vão existir. Antes mesmo de a possibilidade de me tornar mãe existir, outras inseguranças tomavam conta de mim.

Mas, o que o Carreira & Mamadeira mais me ensinou, e o que tentamos dia após dia passar como mensagem é que é possível sim ser uma mulher realizada em todos os âmbitos da vida. Para isso, no entanto, é preciso coragem: de fazer escolhas, de se posicionar, de assumir responsabilidades, de lidar com as consequências e, enfim, viver a sua vida perfeitamente imperfeita, e não de mais ninguém.

 

Mayara Prieto, Head de Marketing da Movidaria, marca empreendedora que investe no Carreira & Mamadeira 

 

 

Crédito:Luiz Affonso

Autor:Mayara Prieto

Fonte:Carreira e Mamadeira