Órgãos de saúde e pediatras reforçam a necessidade do aleitamento materno mesmo diante da pandemia. O alimento ainda é o mais indicado para os recém-nascidos e não transmite o vírus
Do dia 1 ao dia 7 de agosto é celebrada a semana da amamentação, que este ano chega em um cenário emblemático com a pandemia do novo coronavírus, a qual traz uma nova rotina também para as mães e seus recém-nascidos.
Os estudos recentes não comprovam a transmissão do vírus através leite materno, por isso, essa ainda é a forma mais segura de amamentar os bebês com até seis meses de idade.
Um estudo publicado no último mês pelo portal especializado em saúde, The Lancet, avaliou 1481 partos entre 22 de março e 17 de maio de 2020 no Presbyterian de Nova York. Deles, 116 (8%) das mães apresentaram resultado positivo para Covid-19. Todos os 120 bebês que nasceram foram testados nas primeiras 24 horas de vida e nenhum foi positivo. Desses, 82 ficaram acompanhados das mães que foram autorizadas a amamentar, seguindo orientações de higiene e de uso máscara. Eles repetiram o exame entre o 5º e o 7º dia de vida e depois no 14º dia. Nenhum deles apresentou sintomas e todos testaram negativo para a doença.
Os resultados animaram pediatras que enxergam no aleitamento a maior fonte de anticorpos para o bebê, além de proporcionar grande vínculo entre mães e filhos. Os dados sugerem que a transmissão perinatal de Covid-19 é improvável que ocorra se forem tomadas as devidas precauções. É também no que acredita a médica pediatra da Clínica Bela Infância, localizada no Órion Complex, Evelyn da Cunha Rabelo (CRM 18696 / RQE 11535). “O leite materno é, sem dúvida, a melhor forma de garantir o fortalecimento do sistema imunológico do bebê e não há razão para evitar a amamentação, até mesmo se a mãe testar positivo para a Covid-19 e estiver tomando medicação para tratamento da doença”, pontua.
O site do Ministério da Saúde, inclusive, traz uma página especial que tira dúvidas a respeito desse momento tão importante. O texto diz: "parece improvável, portanto, que a doença seja transmitida por intermédio do leite materno, seja através da amamentação ou pela oferta do leite extraído por uma mãe que é confirmada/suspeita de ter Covid-19”. E diz ainda que a comunidade médica segue testando o leite materno de mães que tenham a doença.
Entretanto, o bebê não está blindado de contrair o vírus, seja durante o parto ou através do contato com pessoas infectadas. Por isso, famílias que têm recém-nascidos em casa precisam redobrar seus cuidados. De acordo com o Painel de Monitoramento de Nascidos Vivos, disponibilizados pelo MS, apenas no estado de Goiás, nasceram 17.113 bebês entre março e maio de 2020.
Para garantir a saúde dessas novas vidas, algumas medidas já estão sendo tomadas pelas maternidades para diminuir o tempo que mães e recém-nascidos passam no hospital após o nascimento. “Em casa, as mães precisam usar máscara e higienizar sempre as mãos para pegar o bebê. Visitas também devem ser proibidas nos primeiros três meses”.
Evelyn explica ainda que os pais que saem para trabalhar devem ter a rotina de ao chegar em casa, tomar banho e escovar os dentes antes de pegar o bebê. A médica orienta também às famílias a "manter uma área suja, onde ficam roupas e sapatos que vieram da rua”.
Crédito:Luiz Affonso
Autor:Raquel Pinho
Fonte:Sem Fronteiras