"Motivando nossos filhos para o estudo"
Existe uma preocupação natural dos pais com as avaliações escolares dos filhos, não só porque estas dimensionam sua capacidade e aproveitamento pedagógico que lhes permite a promoção de série ao final de cada ano, mas também porque o sucesso acadêmico das crianças significa socialmente que os pais estão cuidando bem de sua educação.
Ninguém duvida da dificuldade que representa fazer com que as crianças, principalmente as que ficam sozinhas em casa, realmente se apliquem nas lições de casa, no estudo para as provas e que cumpram como deveriam a agenda de trabalhos escolares.
Existem muitas oportunidades de distração, desde a TV, o computador, as brincadeiras com os irmãos, as aulas extra curriculares, quando não a própria falta de interesse e de estímulo frente à dedicação que o aprender exige no preparo adequado para as avaliações acadêmicas.
Hoje é freqüente também que os pais apenas olhem as lições de casa, sem tempo ou sem oportunidade de verificar mais a fundo o que o filho realmente estudou, pois os horários em que a família está junto é cada vez mais reduzido, não só pela jornada de trabalho como pelo transito, além das eventuais brigas que acabam desgastando a todos e fazem com que se evitem tais verificações.
Por conta dessa dinâmica intrincada, surgiu em algumas família, o hábito de fazer barganhas com as notas, seja com presentes, seja com dinheiro.
Pais e mães, prometem aos filhos vantagens em troca de notas consideradas boas, como meio de conseguir que estes estudem sozinhos.
A princípio, pode parecer aos pais que as crianças por conta disso passam a se interessar mais nos estudos, mas não são precisos muitos meses para que esse método acabe em fracasso e traga mais problemas do que soluções.
Se, por exemplo, apesar de seus esforços a criança fracassa e obtém notas baixas, o que fazer com o presente prometido?
E como agir frente à sensação de tristeza de fracasso nesse caso?
E como contentar a exigência por presentes cada vez mais sofisticados e caros que invariavelmente se sucede?
Além do mais, as crianças vão se tornando cada vez mais insatisfeitas e a partir de um certo momento perdem o interesse pelo “jogo”, pois sempre haverá Natal, Páscoa, aniversário e várias oportunidades de receber presentes sem se esforçar e isso acaba por fazer a estratégia dos pais deixar de ser interessante.
Quando se educa, é fundamental lembrar das características do Ser Humano e dentre essas, o desejo imenso que todos nós temos, de obter sucesso no nosso grupo social, ser o melhor de todos, o mais elogiado e respeitado.
Essa força interior que nos impulsiona a lutar, a trabalhar, a ser e fazer o melhor de nós, chama-se motivação e é ela que os pais devem estimular desde cedo.
Substituir essa genuína necessidade humana por um bem material ou uma situação agradável, é uma estratégia educacional contra indicada, que ao contrário da motivação interna, rapidamente perde o poder estimulante e gera ainda maior insatisfação e desinteresse pelo estudo.
Por outro lado, se a família festeja carinhosamente as boas notas obtidas pela criança, ou sua melhora nos estudos e avaliações, esta se sentirá recompensada e instigada novamente a agradar aos pais e a si mesma.
Valorizada verdadeiramente pela família por seus esforços, a criança até poderá eventualmente ganhar um presente inesperado pelo sucesso alcançado, quando então se sentirá ainda mais recompensada por seu empenho.
O presente passa a ser um detalhe na comemoração do êxito escolar, da aprendizagem e este último é que passa a ser o verdadeiro objetivo da criança, como é desejo de seus familiares.
Maria Irene Maluf
Especialista em Psicopedagogia e Educação Especial
Site: www.irenemaluf.com.br
Especialista em Psicopedagogia e Educação Especial
Site: www.irenemaluf.com.br
Crédito:Luiz Affonso
Autor:Maria Irene Maluf
Fonte:Universo da Mulher