Rio de Janeiro, 28 de Março de 2024

A visão depois dos 40 anos


O oftalmologista Alberto Gallo Neto, do Instituto Penido Burnier, de Campinas, centro oftalmológico de projeção internacional, faz uma análise da visão das pessoas após os 40 anos e comenta as principais técnicas disponíveis para o tratamento da presbiopia, conhecida popularmente como "vista cansada".
 
MINHA VISÃO DEPOIS DOS 40 ANOS
 
 
Você é aquela pessoa que sempre enxergou bem, tem quarenta e poucos anos, e aos poucos ou de repente, sua visão para perto piorou e você começou a esticar os braços?
 
Ou já usava óculos e percebeu que na leitura ou no computador sua visão embaçou?
 
Pois isso é absolutamente natural.
 
Nosso olho funciona como uma máquina fotográfica.
 
Quando apertamos o botão das máquinas modernas, automaticamente, vemos no visor o ajuste perfeito da imagem.
É o ajuste do Foco.
 
Nossos olhos possuem lentes naturais e músculos capazes de promover o foco da imagem em frações de segundo. Este processo é chamado acomodação.
 
Ao redor dos 40 anos começamos a perder gradual e naturalmente nosso potencial de acomodação, portanto a visão para perto começa a piorar.
 
Mas porque a visão para longe se mantém estável?
 
Porque para a visão de longe, a musculatura do olho e o cristalino (nossa lente natural), estão na posição de repouso.
 
Ao focar os objetos próximos, a musculatura interna do olho se contrai, o cristalino muda de forma e focamos corretamente.
 
Ao perdermos esta capacidade, popularmente, ficaremos com a vista cansada, na oftalmologia conhecida como presbiopia.
 
E o que fazer para compensar a presbiopia?
 
 
Em primeiro lugar, usar óculos.
 
Se a sua visão é boa para longe, usar somente os óculos para leitura, computador e trabalhos manuais é a opção mais simples.
 
Outra opção mais sofisticada são os óculos multifocais, adequados também para aquela pessoa que já usava óculos antes dos 40 anos.
 
Estes óculos ajustam a visão para todas as distâncias.
 
Mas as pessoas tendem a resistir quando o oftalmologista prescreve os multifocais, dizendo que não vão se acostumar, que já escutaram de outras pessoas relatos desagradáveis ou que são lentes "feias".
 
Puro preconceito.
 
As lentes multifocais são transparentes, esteticamente normais, ao contrário das bifocais, que mostram a divisão na lente. A tecnologia envolvida nestas lentes multifocais, proporciona uma qualidade visual excelente, e uma adaptação bem tranqüila.
 
Claro que é necessário algum tempo e motivação para se acostumar com estes novos óculos, como tudo na vida.
 
A movimentação da cabeça e dos olhos devem se adequar a arquitetura da lente. Fazendo uma analogia, lembre-se que ninguém nasceu sabendo dirigir ou andar de bicicleta.
 
Mas como oftalmologista afirmo: 80% ou mais das pessoas odeiam os óculos, preferindo sacrificar sua nitidez visual a usá-lo.
 
Digo que após os 45 anos ninguém enxerga bem sem óculos.
 
Acostuma-se a enxergar mal.
 
Se você está bem para longe, está ruim para perto ou vice-versa no caso dos míopes( estes podem tirar os óculos para perto).
 
Mas como enfrentar este desafio de corrigir a visão das pessoas que tem pavor dos óculos? Lentes de contato e cirurgia são as opções.
 
Vamos começar com as lentes de contato.
 
Se a pessoa enxerga bem para longe, podemos adaptar uma lente de contato, somente em 1 olho, para perto.
 
Fazemos assim um bifocal natural.
Um olho para longe, outro para perto.
Muitas pessoas se dão bem assim, nem que seja para uso social.
 
Uma opção simples e barata.
 
Mas aí vem a pergunta: este olho com a lente para perto, vai piorar para longe?
Sim.
 
Com testes simples podemos avaliar o comportamento visual com a lente.
 
Para aquelas pessoas que já tem grau para longe, a estratégia é semelhante, colocando-se uma lente de contato para longe e outra para perto.
 
Ainda em lentes de contato, as bifocais ou multifocais, também podem proporcionar uma visão bestante nítida para longe e perto, simultaneamente, havendo a necessidade de um teste prévio mais detalhado, mesmo por se tratar de lentes de contato mais caras. Também pode haver comprometimento da visão de longe com estas lentes.
 
Por último, a opção cirúrgica.
 
Primeiro a cirurgia com raio laser, chamado Excimer Laser. Uma cirurgia rápida, muito segura e de altíssima precisão.
 
Duas técnicas são feitas com o laser, o P.R.K. (laser na superfície do olho, com recuperação visual mais lenta) e o L.A.S.I.K. (laser abaixo da superfície do olho, com recuperação mais rápida).
 
A melhor técnica para o seu olho vai depender do seu grau, dos seus exames pré-operatórios e do seu oftalmologista.
 
Mas, novamente, caímos na mesma situação: um olho vai melhorar para perto e outro vai ficar para longe. 95% dos pacientes operados desta maneira ficam muito satisfeitos e dispensam os óculos de perto e longe para praticamente todas as situações.
 
A aplicação do laser de forma multifocal já é realidade e está chegando no Brasil. Esta forma de laser proporcionará visão para longe e perto, para os dois olhos, com mínimo efeito colateral.
 
A segunda opção cirúrgica são as lentes intraoculares.
 
A cirurgia consiste em substituir o cristalino natural, por uma lente nova, com o grau apropriado de cada pessoa. Uma cirurgia rápida e muito segura também. Geralmente é realizada em pessoas acima dos 50 anos de idade, para graus mais altos de longe e perto, ou pessoas que possuem contra indicação para o Excimer Laser.
 
As lentes intraoculares são apresentadas em vários modelos, e a estratégia de um olho para longe e outro para perto também pode ser seguida.
 
Porém existem pacientes que são candidatos às lentes intraoculares multifocais, a mais nova tecnologia em implantes oculares.
 
Essas lentes podem ser programadas para ajustar a visão para longe e perto, nos dois olhos, com ótimos resultados.
 
Uma avaliação pré-operatória detalhada é necessária para este tipo de cirurgia e o oftalmologista deve orientar os prós e contras do implante.
 
A pessoa que realiza esta cirurgia, não terá mais catarata (cristalino opaco), pois se trata da mesma cirurgia com a intenção de corrigir o grau.
 
Portanto, vemos que mesmo com a visão começando a falhar após os 40 anos, a tecnologia vem a galope para compensar estas perdas.
 
A cada ano as lentes de óculos e de contato ficam melhores, e as cirurgias a Laser e de implantes mais seguras e previsíveis.
 
Mas não desanime, isso é só uma parte das nossas mudanças oculares.
 
É após os 40 anos que devemos intensificar o diagnóstico e prevenção do glaucoma, da retinopatia diabética, da degeneração macular e da catarata.
 
Consulte um oftalmologista pelo menos em intervalos de 2 anos.
 
 
 
 
 

 

Crédito:Luiz Affonso

Autor:Vera Graça

Fonte:Instituto Penido Burnier