Com avanço da flexibilização, psiquiatra do CEJAM alerta à importância de respeitar frequência e duração de consultas e terapias
De todos os temas relacionados à saúde, talvez uma das questões mais abordadas durante os últimos meses, em decorrência do isolamento social imposto pela pandemia de Covid-19, tenha sido a mental. Não à toa, diversos sentimentos vieram à tona durante o período, como medo, preocupação e ansiedade, por exemplo.
No Dia Mundial da Saúde Mental, lembrado em 10 de outubro, o psiquiatra Rodrigo Lancelotti, que atua no Centro de Atenção Integrada à Saúde Mental de Franco Rocha, gerenciado pelo CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas "Dr. João Amorim", faz um alerta à importância de manter a frequência e duração total do tratamento.
Desde o início da década de 1990, o assunto é abordado em campanhas, visando incentivar a população acerca da importância dos cuidados com a mente. No entanto, desde o ano passado, as ações ganharam uma força ainda maior por conta dos impactos da pandemia.
Conforme o psiquiatra, nos últimos meses, a procura por tratamentos em saúde mental e o conteúdo das queixas dos pacientes estão diretamente conectados ao tema Covid, pandemia e isolamento social.
"O rompimento abrupto da rotina, a divulgação dos altos índices de contaminados e mortos, os impactos financeiros e sociais e a falta de contato direto com parentes e amigos são algumas das questões levantadas durante as sessões", destaca o Dr. Rodrigo.
Uma pesquisa do Instituto Ipsos, encomendada pelo Fórum Econômico Mundial, indica que 53% dos brasileiros declararam que seu bem-estar mental piorou um pouco ou muito no último ano. Esse porcentual só é maior em quatro países: Itália (54%), Hungria (56%), Chile (56%) e Turquia (61%).
Prejuízos físicos e psíquicos
Segundo o especialista, o tratamento psiquiátrico é dividido em três fases - aguda, continuidade e manutenção. Por esse motivo, uma interrupção brusca pode causar sérios danos à saúde mental.
"Interromper o tratamento de forma abrupta ou antecipada, além da retirada de alguns tipos de medicamentos, pode trazer prejuízos físicos e psíquicos, além do retorno precoce dos sintomas e, por consequência, uma recaída ou recorrência da doença."
O médico afirma que cada caso requer um seguimento de consultas para ajustes e avaliações clínicas, até que se alcance o objetivo, que é a cura, ou, pelo menos, alívio do sofrimento e melhora na qualidade de vida.
Sintomas
Nem tudo o que sentimos pode acusar desordem mental. Segundo o especialista, as múltiplas reações às situações cotidianas fazem parte do ciclo de vida de todas as pessoas.
"Os momentos bons e ruins se alternam continuamente e a repercussão deles em cada pessoa é particular, dependendo da singularidade da personalidade de cada indivíduo", explica.
Entretanto, o médico ressalta que muitas reações são adaptativas, como a ansiedade, onde a fisiologia do corpo e das funções mentais se adequam a uma situação de possível perigo ou de perigo real, assumindo uma função adaptativa de proteção.
A tristeza, por sua vez, pode aparecer como resposta a situações desagradáveis, que se manifestam por choro e falta de energia para as atividades, por exemplo.
De modo geral, o que pode caracterizar um sentimento natural de algo patológico é o fator desencadeante, a intensidade e a duração dos sintomas e, por consequência, a repercussão negativa que eles causam nas atividades diárias.
A redução de desempenho, desadaptação e sofrimento são alguns dos sinais. "O papel da família e de pessoas próximas é fundamental, pois, em muitos casos, o esforço contínuo e desmedido da pessoa em manter sua rotina é tão grande que não se percebe a privação e os prejuízos em sua qualidade de vida", alerta o médico.
Tratamentos
O tratamento dos transtornos psiquiátricos tem como objetivo a melhoria dos sintomas e a qualidade de vida do paciente. Para isso, a terapia é fundamental e o uso de medicamentos pode ser indicado em sinergia, para um melhor resultado.
"A individualização do tratamento faz com que este objetivo possa ser alcançado de forma mais rápida, adequada e consistente. Portanto, não devemos nos automedicar jamais ou tomar remédios que conhecidos e familiares digam que foi bom para o seu caso."
Segundo o psiquiatra, a terapia sempre deve ser realizada por um profissional habilitado, pois vai muito além de uma simples conversa ou bate-papo, respeitando a frequência de retornos e sua duração.
Por fim, o especialista chama atenção para a necessidade da manutenção também das rotinas diárias, como alimentação saudável, tempo para atividades de lazer e exercícios físicos, além de evitar excessos de informações, reservar horas de sono suficientes e não usar drogas.
"Essas recomendações são importantes e de grande valia para todas as pessoas", finaliza o médico.
Sobre o CEJAM
O CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas "Dr. João Amorim" é uma entidade filantrópica e sem fins lucrativos. Fundada em 1991, a Instituição atua em parceria com prefeituras locais, nas regiões onde atua, ou com o Governo do Estado, no gerenciamento de serviços e programas de saúde nos municípios de São Paulo, Rio de Janeiro, Mogi das Cruzes, Itu, Osasco, Cajamar, Campinas, Carapicuíba, Franco da Rocha, Guarulhos, Santos, Francisco Morato, Ferraz de Vasconcelos e Peruíbe.
Com a missão de ser instrumento transformador da vida das pessoas por meio de ações de promoção, prevenção e assistência à saúde, o CEJAM é considerado uma Instituição de excelência no apoio ao Sistema Único de Saúde (SUS). O seu nome é uma homenagem ao Dr. João Amorim, médico obstetra e um dos fundadores da Instituição.
Crédito:Luiz Affonso
Autor:Diego Silva
Fonte:Máquina CW